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Deoclides Machado


Identidade obscura
Deoclides Beserra Machado


Por conta dos últimos acontecimentos em Crateús, quando vivenciamos a greve dos 
professores da rede pública municipal, a invasão de terras no setor urbano pelo MST, o fechamento do ponto de apoio por parte da empresa Princesa dos Inhamuns e, por último, a greve de alguns agentes de endemias, foi possível perceber que a população está desguarnecida dos pilares que dão sustentação a uma convivência harmoniosa entre a sociedade, autoridades e meios de comunicação.
Enquanto, de um lado, alguns têm ao seu alcance todos os meios possíveis e imagináveis de impor seu ponto de vista, o outro e principal interlocutor, que é o município, se vê à mercê de radialistas, politiqueiros e do Ministério Público que, juntos, toldam a água, obrigando a sociedade a prover-se de uma cacimba poluída.
Neste mesmo espaço, em artigo anterior, mencionei que todas estas ações, a princípio, são motivadas por justas causas, mas perdem o rumo quando são absorvidas e dominadas pela politicagem do baixo clero dos políticos de nossa cidade. Em todos estes casos, as partes reivindicantes sempre recorrem ao Ministério Público e se protegem sob seu manto, obtendo ali ressonância aos itens da negociação não atendidos pelo município, por serem abusivos.
Nas greves de professores da rede pública municipal, sempre em busca de melhoria salarial, alunos ficaram meses sem aulas, passeatas foram realizadas com a distribuição de panfletos altamente depreciativos à imagem e honra de autoridades municipais, invasão à Câmara Municipal, com cenas dantescas realizadas em cima das mesas de trabalho dos vereadores, invasão à Secretaria de Educação, paralisando suas atividades, contando com a presença de intrusos, como é o caso do MST que, por sua vez, foi auxiliado pelo comando de greve dos professores na invasão a terras urbanas no bairro Cidade 2000.
Os agentes de endemias, em greve também, contam com a ativa participação do comando de greve dos professores, do Sindicato dos Servidores, do PSOL e do MST. Todos estes movimentos tiveram e têm ampla cobertura de politiqueiros de plantão e de uma emissora de rádio oposicionista à administração municipal, se é que um meio de comunicação pode ser tendencioso e ter partido político. Radialistas amestrados não deixam jamais o braseiro esfriar, sempre arranjam recursos, quer sejam verídicos ou não, para manter a intriga e as desavenças, e chegam ao êxtase quando há iminência de algum confronto e derramamento de sangue.
No início deste mês, conhecido ex-deputado, criticou o poder público municipal por não conceder aumento aos agentes de endemias, mesmo sabendo que é ilegal, pois o aumento só pode ser concedido no limite da recomposição de perdas do poder aquisitivo ao longo do ano da eleição, conforme parecer do procurador regional eleitoral, mostrando a todos que a citada emissora de rádio é política e segue seus ditames como sempre o fez.
No caso do fechamento do ponto de apoio, a ordem era a de exaltar a utilidade do local, a falta que ele iria fazer, e culpar diretamente o prefeito pelo seu fechamento. O Ministério Público se faz presente ou se encontra mediando em todos esses casos, hora compactuando com opiniões de grevistas e invasores, realizando palestras até mesmo no local da invasão, hora emitindo pareceres imprecisos que atendem ânsias individuais e garantem mais tempo de conturbação à ordem pública. O Ministério Público, em vez de trabalhar pelo cumprimento da lei, de zelar pelo cumprimento de determinações emanadas do Judiciário, como por exemplo, a que determinava a desocupação da Secretaria de Educação ou a desocupação de propriedade invadida na Cidade 2000, pelo MST, decide bancar meios termos, que são de imediato, aceitos por grevistas e invasores que têm por único objetivo prolongar e concretizar ações abusivas que agora começam a afetar até mesmo patrimônios particulares.
Crateús ainda vai sofrer muito por conta destas ações que, tendo guardião, se multiplicarão, e só quem perde são aqueles que labutam pelo pão nosso de cada dia.

Deoclides Machado
deomachado@hotmail.com