terça-feira, agosto 14, 2012

STJ abre inquérito para investigar as relações de Cachoeira com Marconi Perillo



Ministro Humberto Martins autorizou investigação por causa de relatório da PF revelado por ÉPOCA

MURILO RAMOS E MARCELO ROCHA
Carlinhos Cachoeira e Marconi Perillo (Foto: Lia de Paula/Agência Senado / André Coelho/Ag. O Globo)
O ministro do Superior Tribunal de Justiça Humberto Martins autorizou a abertura de inquérito para investigar as relações do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Por meio de nota, Martins explicou a ÉPOCA o motivo da decisão, tomada na quarta-feira: “A decisão que deferiu a abertura de inquérito foi proferida com base no pedido formulado pelo procurador-geral da República, o qual, por sua vez, fundou-se em elementos indiciários encaminhados pela Polícia Federal”. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pedira abertura de inquérito contra Perillo no dia 13 de junho. Como a investigação correrá sob sigilo, Martins não disse quais tipos de diligências foram autorizadas.

Esquadrinhando esses telefonemas, os investigadores da PF concluíram que saíra da Delta o dinheiro para comprar a casa onde Perillo morava. Cachoeira intermediara o pagamento de R$ 1,4 milhão — e repassara um bônus de R$ 500 mil a Perillo, em razão de um “compromisso” do governador com a Delta.
 Outra reportagem de ÉPOCA revelou em seguida que Perillo agira, sozinho e por intermédio do ex-senador Demóstenes Torres, para que a empresa de tecnologia Politec obtivesse favores junto ao governo de Goiás. Logo depois, a Politec conseguiu, sem licitação, contrato com o governo de Perillo. (Perillo nega ter feito negócios com Cachoeira ou ter favorecido seu grupo.)Os indícios de envolvimento do governador Perillo com a quadrilha de Cachoeira surgiram nas investigações da Operação Monte Carlo, na qual a Polícia Federal descobriu como o grupo do bicheiro infiltrara-se na cúpula do governo de Goiás — e fora beneficiado por atos de Perillo como governador do estado. As principais provas da relação entre as duas partes vieram a público no mês passado, quando ÉPOCA revelou as investigações da PF citadas pelo ministro Martins. Nelas, a PF analisara o conteúdo de 169 ligações telefônicas trocadas entre integrantes da quadrilha especificamente sobre negociatas envolvendo a trinca Perillo, Cachoeira e Delta (construtora que se tornara sócia do bicheiro na Região Centro-Oeste).
A decisão do ministro Martins de abrir inquérito contra Perillo mostra a independência do magistrado. Os dois se conhecem. Em 18 de novembro do ano passado, Martins recebeu das mãos do governador a condecoração “Ordem do Mérito Anhanguera”, comenda mais alta oferecida pelo estado de Goiás, em solenidade no Palácio das Esmeraldas, sede do governo. Questionado por ÉPOCA se seria adequado, portanto, relatar o processo do governador, Martins afirmou não ter relação de amizade com Perillo. Disse, ainda, que as razões que ensejam impedimento e suspeição do magistrado não se aplicam a essa situação. “Não me considero suspeito nem impedido”, afirmou. Martins afirmou que o papel do ministro relator no inquérito é supervisionar as investigações feitas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal, “apreciando os pedidos de diligências por eles formulados”. Martins assumiu a relatoria do processo após a ministra Laurita Vaz (ela é de Goiás) se considerar impedida. 

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