domingo, setembro 09, 2012

Eleições: a importância da vitória de Serra para o PSDB

O candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSDB, José Serra, em um escritório do partido no primeiro dia de sua campanha eleitoral em São Paulo

Ex-governador é o único tucano com chances num grande colégio eleitoral

Fabio Leite


As alianças municipais que sacrificaram candidaturas próprias e o baixo desempenho de tucanos nos principais colégios eleitorais do país jogaram um peso extra sobre a eleição de José Serra à prefeitura de São Paulo para o PSDB. Das cinco maiores capitais, o ex-governador é o único nome do partido com chances de vitória. Não à toa, um revés nas urnas paulistanas em outubro representaria um grave dano para a maior legenda de oposição ao governo federal. 
Após aceitar disputar pela terceira vez a prefeitura da capital paulista, Serra virou a principal aposta da sigla nas eleições municipais. “Se ganharmos em São Paulo, seremos reconhecidos como grandes vitoriosos. Se não ganharmos, é provável que digam que somos os grandes derrotados desta eleição”, afirma o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE).
O cenário nas capitais contrasta com os triunfos regionais dos tucanos em 2010. O partido foi o maior vitorioso das eleições estaduais naquele ano, conquistando oito estados. Mas essa hegemonia não se reverteu em cacife político para melhorar o desempenho tucano nos centros urbanos. Dos estados administrados pela sigla, São Paulo e Maceió são as únicas capitais com candidaturas próprias.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na última sexta-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) afirmou que há "um pouco de cansaço do eleitorado com a predominância do PSDB por longo tempo no poder".
Capital - Em 2008, o partido venceu em quatro capitais: Cuiabá, Curitiba, Teresina e São Luís. Dois anos depois, contudo, os prefeitos das três primeiras cidades se candidataram a governador em seus respectivos estados, mas apenas Beto Richa venceu no Paraná. Resultado: o PSDB administra hoje apenas a capital do Maranhão, o 12º colégio eleitoral entre as capitais, com 678.070 eleitores, menor do que as cidades paulistas de Campinas e Guarulhos. 
Segundo Sérgio Guerra, o partido projeta aumentar o número de prefeitos eleitos de 780 para 900, apostando em seis capitais. Mas, dos dez maiores colégios, os tucanos só seguem fortes com Serra em São Paulo e com o ex-senador Arthur Virgílio em Manaus. 
Segundo o Datafolha, entre o fim de julho e o início deste mês, Serra caiu nove pontos, de 30% para 21%, e perdeu a liderança para Celso Russomanno (PRB), com 35%. Fernando Haddad (PT) tem 16%. "Nós já precificamos os equívocos com esses 20% do Serra. Daqui pra frente, tudo que vier é lucro", minimizou Guerra.
No Rio de Janeiro, o segundo maior colégio, o deputado federal Otávio Leite é apenas o quarto na corrida que pode ser vencida pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB) já no primeiro turno. 
Alianças - Já em Salvador e Belo Horizonte, terceiro e quarto colégios eleitorais, respectivamente, o PSDB optou por abrir mão de candidaturas próprias em favor de alianças. Na capital baiana, tucanos se coligaram com o DEM na chapa de ACM Neto (DEM), líder nas pesquisas. Em Minas, o senador Aécio Neves e o governador Antônio Anastasia fecharam apoio à reeleição do prefeito Márcio Lacerda (PSB), que disputa contra o petista Patrus Ananias. Nas duas capitais, entretanto, os vices são do PV. 
Para o historiador Marco Antonio Villa, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos, o cenário atual é reflexo de um erro de estratégia eleitoral do PSDB, que agora ficou refém da eleição de Serra em São Paulo. “A estratégia foi totalmente equivocada. O PSDB despolitizou a política, deixou de fazer oposição e abriu espaço para aventureiros, como em São Paulo. O eleitor, inclusive o paulistano, não identifica mais nada no PSDB”, explicou. 
Para Villa, uma possível derrota de Serra na capital paulista seria como um castigo à falta de combatividade do PSDB como oposição ao governo Dilma Rousseff. “A derrota em São Paulo seria muito simbólica, um tapa na cara do PSDB, que evitou o confronto com o governo Dilma”, afirmou. “Essa eleição está muito pulverizada, com inúmeros partidos liderando nas principais cidades. Isso tem comprometido não só o PSDB como o PT. Será um grande desafio interpretar o cenário pós-eleitoral”, completou. 
O simbolismo da eleição paulistana para o PSDB pode ser traduzido em números. Ao mesmo tempo em que ostentam uma hegemonia na capital nas eleições nacional e estadual – de 1994 a 2010, os tucanos perderam na cidade apenas para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 – nas disputas à prefeitura, só houve uma vitória, com Serra em 2004, desde 1985. 
"Se algum partido disser que a prefeitura de São Paulo não é importante, estará mentindo. Essa é a terceira eleição mais importante do país, só fica atrás da presidencial e para governador. Todo o PSDB está trabalhando para que o Serra ganhe", afirmou o presidente estadual do partido, Pedro Tobias.

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