segunda-feira, janeiro 07, 2013

Seca é o desafio apontado por prefeitos dos Inhamuns

Além da saúde, educação, gestores dos municípios do semiárido cearense querem combater a seca
Crateús. O clima semiárido, caracterizado pelas baixas precipitações pluviométricas, que ocasiona longos e difíceis períodos de estiagem, especialmente nessa região do Estado, é um dos maiores - senão o maior - desafio das gestões municipais. Grande parte dos municípios dos Sertões de Crateús e Inhamuns estão localizados na área mais árida do Ceará. E a lembrança próxima do difícil ano de 2012 é o que está mais latente na memória dos gestores. E isso é nominado por eles como a raiz dos desafios que serão enfrentados nos próximos quatro anos.

A Seca é um grande problema na região para os próximos prefeitos FOTO: SILVANIA CLAUDINO

Nos discursos de posse, a quase unanimidade dos gestores citou a instabilidade climática como o grande desafio. A ausência de chuvas provoca insegurança nesses municípios cuja vocação maior é a agricultura e pecuária. A falta de água, a baixa reserva hídrica dos reservatórios ocasiona baixa produção no campo com grandiosos reflexos negativos na economia.

Para o prefeito de Quiterianópolis, a falta de água é o grande problema a ser enfrentado por ele e equipe. A população, composta por 19 mil habitantes, sofre desde o início do ano com a falta de água. O reservatório Colina está sem reserva hídrica há vários meses e muitas pessoas estão adquirindo água nos carros-pipas que transportam água do município de Novo Oriente e de Assunção, no vizinho Estado do Piauí.

A solução, segundo o novo gestor, José Barreto Couto Neto, natural de Jardim, com atuação como médico no município, é a construção de um novo reservatório, adequado às necessidades local. "O grande problema hoje em Quiterianópolis é a falta de água. O município necessita com urgência da construção de um reservatório e essa será a nossa maior luta", destaca ele.

Ramiro Júnior, que assumiu o comando de Tamboril, também destacou em seu primeiro pronunciamento as dificuldades com a estiagem. O tema foi elencado em primeiro plano, na sua fala como gestor. "A seca que assola o Nordeste é um grande desafio, por acarretar falta de água e escassez de alimentos".

Nos dois maiores municípios desta região, Crateús e Tauá, a seca também é a grande preocupação. O prefeito Carlos Felipe lamentou as dificuldades do ano de 2012 provocadas pela falta de inverno. Pediu, inclusive, à população oração por um bom inverno neste ano. Patrícia Aguiar aposta em um venturoso inverno. A seca é responsável também, segundo a análise dos gestores, pela baixa densidade demográfica na região. Dos dez municípios cearenses com menor número de habitante por quilômetro quadrado, conforme dados do Ipece, cinco estão nessa região. Um deles é Independência, com 7,95 hab/km2. Aiuaba, Arneiroz, Poranga e Catunda também compõem a lista.

Para o prefeito municipal, Luiz Valterlin, a seca acarreta o êxodo rural e diminui cada vez mais a população. "Assim temos problemas com a diminuição de recursos e a solução seria a geração de empregos na cidade, que é uma das nossas metas para fixar a população aqui", analisa.

Recursos
A queda nas receitas dos municípios cearenses é apontada como desafio pelos novos gestores. 2012 foi o pior ano no crescimento dos repasses do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O Fundo atende toda a educação básica, da creche ao ensino médio, financiando todas as etapas da educação básica e proporciona a reserva de recursos para os programas direcionados a jovens e adultos, especialmente na valorização do magistério, transporte e merenda escolar.

No Ceará, esse baixo desempenho representou numa queda de receitas superior a R$ 220 milhões, penalizando ainda mais as Prefeituras que tiveram diminuídos os repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Nesse contexto, o prefeito de Crateús, Carlos Felipe, começa o seu segundo mandato tendo como maior ação a austeridade, com vistas a equilibrar as finanças. "Os problemas em todos os municípios são muito grandes, pois têm muitas responsabilidades que ficam a cargo dos municípios e as receitas são poucas para tantas necessidades. Defendo uma relação de cooperação com o Estado".

Ramiro Júnior, prefeito de Tamboril, que ficou nessa lista também destacou as dificuldades de gerir o Município com as leis de economia no país.

Saúde
Atender à população de forma resolutiva na área da saúde é outro grande desafio para os novos gestores. Em Quiterianópolis a precariedade do sistema local é a mais evidente na região, dado o histórico baixo número de médicos (0,35 por mil habitantes). Junto com Ipueiras - também nessa região - está entre as dez cidades cearenses com menos profissionais da medicina. Segundo o novo gestor, José Barreto Couto Neto, que é médico, a baixa remuneração e a precariedade do sistema explicam a falta de médicos. Garante que por isso mesmo a saúde será prioridade na sua gestão.

"Por ser médico vejo essa situação como prioridade. Aqui há precariedade nesta área. A unidade de saúde é precária, não há como fazer exames, não faz partos, tudo é transferido para Crateús. E essa precariedade também dificulta a vinda de médicos. Creio que melhorando a saúde e pagando melhor atrairemos profissionais".

SILVANIA CLAUDINOREPÓRTER

0 comentários:

Postar um comentário