terça-feira, junho 18, 2013

Governo e oposição trocam acusações sobre vaias a Dilma na Copa das Confederações


GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA

Líderes do governo e da oposição trocaram acusações nesta segunda-feira (17) sobre as vaias à presidente Dilma Rousseff na abertura da Copa das Confederações e as manifestações políticas que ocorrem em vários Estados do país.

Os governistas atribuem as vaias e as manifestações a "organizações políticas", enquanto a oposição diz que os dois movimentos representam a insatisfação dos brasileiros com o governo federal.


Da tribuna do Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que o Brasil resolveu dar um "basta contra a corrupção" e o sistema político do país, por isso se mobiliza contra o governo. "A mola propulsora dessas manifestações, que alavancou também a vaia à presidente Dilma, é esse sentimento de indignação diante dos escândalos de corrupção que ocorrem no Brasil", disse.

O tucano rebateu o argumento de que o público presente no estádio era da "elite" do país ao afirmar que a classe média "trabalhadora" fez ecoar sua "manifestação de indignação".

"A elite estava ao lado da presidente, nos camarotes luxuosos, com ingressos oferecidos como cortesia. O povo estava do outro lado e quem estava pode fazer a leitura correta: foi uma vaia espontânea, não preparada, repentina. Uma manifestação de indignação que explodiu, e explodiu inesperadamente", afirmou.

Líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM) atribuiu as vaias e as manifestações a "movimentos organizados" que têm o objetivo de desestabilizar o governo.
"Há momentos e momentos para se manifestar. Num jogo de futebol, é trazer oportunismo para um evento internacional. Há partidos políticos que não estão escondidos. Manifestações são legítimas, mas há momentos em que não são bem-vindas", reagiu.

Aliados de Dilma, os senadores Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Ivo Cassol (PP-RO) minimizaram as vaias ao afirmarem que o público tradicionalmente presente em estádios tem como prática hostilizar políticos e que o alvo do protesto era o governador Agnelo Queiroz (PT-DF).

"O estádio é sempre um lugar de muita irreverência. As pessoas que estão ali para ver o jogo não estão ali não são muito simpáticas aos políticos. Mas as vaias tinham uma direção: o governo Agnelo. Não se admite que o dinheiro dos nossos impostos seja gasto de forma faraônica, como nesse estádio de futebol", disse Rollemberg.

Para o presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), as mais de 65 mil pessoas presentes no estádio manifestaram a insatisfação da classe média com o governo. "Espero que a presidente entenda o recado. A classe média está farta de ver as coisas serem anunciadas e não serem cumpridas."

Mais cedo, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) havia minimizado a reação dos torcedores na abertura da Copa das Confederações à presença de Dilma.

"Eu acho que política e futebol nunca combinaram e eu debito fundamentalmente [essa atitude] a essa reflexão profunda do Nelson Rodrigues", disse o ministro, citando o jornalista e escritor. "Ele dizia que em dia de jogo o Maracanã vaia até minuto de silêncio", afirmou Mercadante, um dos ministros mais próximos do Palácio do Planalto.

POLÍCIA

Vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC) defendeu maior atuação do Ministério da Justiça para evitar que a polícia use balas de borracha para dispersas as manifestações políticas que se multiplicam pelo país.

"Eu nunca vi tantos policiais neste País usando armas letais contra manifestantes. Não é aceitável. Tem que haver um posicionamento mais claro do ministro da Justiça, senhor José Eduardo Cardozo. E não se trata de buscar culpados, de terceirizar o problema."

Viana disse que, para que o Brasil garanta a segurança dos grandes eventos 
que vão ocorrer no país, o governo deve intervir na atuação dos policiais.

"Não dá para deixar a decisão na mão, com todo o respeito, dos policiais. Tem que haver uma mediação civil, que estabeleça protocolos e ponha, definitivamente, essas armas letais que são as balas de borracha fora desse conflito na rua."

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