segunda-feira, setembro 30, 2013

Lula diz estar pronto para a campanha de Dilma em 2014

20130928141913631581oQuase três anos fora do Planalto, o ex-presidente revela em detalhes ao Correio Brasiliense a dificuldade de “desencarnar” do cargo e, pela primeira vez, fala sobre a investigação envolvendo a ex-chefe do gabinete da Presidência em São Paulo.
A casa discreta no tradicional bairro do Ipiranga em nada lembra os palácios de Brasília mas seu principal inquilino ali trabalha cerca de 10 horas por dia, com a mesma disposição que, nos oito anos em que governou o Brasil, extenuava auxiliares – hoje reduzidos a uma pequena equipe.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva levanta-se em São Bernardo do Campo às seis horas da manhã, faz duas horas de exercícios físicos, toma café e chega ao instituto que leva seu nome por volta das 9h, raramente saindo antes das 20h. Ali recebe políticos, empresários, sindicalistas, intelectuais, agentes sociais e personalidades em busca de seu apoio a uma causa ou projeto. Quase três anos após deixar a Presidência e depois da vitória contra o câncer, Lula declara-se completamente “desencarnado” do cargo e com a saúde restaurada, o que a voz, agora limpa das sequelas do tratamento, confirma.
Por telefone, ele é alcançado também por interlocutores de diferentes países, por convites para viagens e palestras no Brasil e no exterior. No ano que vem, o ritmo vai cair, pois ele vai ajudar, “como puder”, na campanha da sucessora Dilma pela reeleição. “Se ela não puder ir para o comício num determinado dia, eu vou no lugar dela. Se ela for para o Sul, eu vou para o Norte. Se ela for para o Nordeste, eu vou para o Sudeste”, disse o ex-presidente.
Nas instalações simples da casa no Ipiranga, o que denuncia o inquilino são as fotografias nas paredes, de momentos especiais da Presidência, selecionadas pelo fotógrafo Ricardo Stuckert, que continua a seu lado, assim como os assessores Clara Ant, Luiz Dulci e Paulo Okamoto. Na sala de trabalho, em vez das cigarrilhas, chicletes sabor canela. Foi lá que, na quinta, 26, Lula recebeu o Correio para uma entrevista de duas horas em que não parou de falar. Da vida no poder e fora dele, da disputa eleitoral do ano que vem, passando por espionagem, Mais Médicos, mensalão e novos partidos.
Lula também falou, pela primeira vez, sobre a Operação Porto Seguro, a investigação da Polícia Federal, que revelou um esquema de favorecimentos em altos cargos do governo federal e provocou a demissão de Rosemary Noronha, a ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo. E disse ter saudades de Brasília: “O nascer e o pôr do sol no Alvorada são inesquecíveis”.
Considerado um eleitor de 58 milhões de votos por conta do total de apoios conquistados na última eleição que disputou, em 2006, Lula confessou, sem dissimulação, que deixar o poder foi “como se me tivessem desligado da tomada”. E que não foi fácil aprender a ser ex-presidente. Para evitar a tentação de dar palpites sobre o novo governo, disse que decidiu visitar 32 países nos primeiros 10 primeiros meses de 2011, até que o câncer foi descoberto, no dia de seu aniversário, 27 de outubro.
Vencido o calvário do tratamento, ele voltou à rotina no Instituto, vacinou-se contra o “Volta Lula”, antecipando o lançamento da candidatura Dilma, e agora se prepara para mais uma campanha eleitoral. Ele acha que a presidente será reeleita, lamenta o desenlace da aliança com Eduardo Campos, embora reconheça as qualidades do governador para a disputa, evita especular sobre o destino dos votos de Marina Silva, caso ela saia da corrida, e parece revelar preferência por José Serra como adversário tucano, ao dizer que o PSDB terá mais trabalho para tornar Aécio Neves conhecido. Uma contradição com o que ele mesmo fez, ao lançar uma também desconhecida Dilma como candidata em 2010. Uma coisa é certa. “Desencarnado” e em plena forma, Lula será um “grande eleitor” em 2014.
20130928143918648538eDeixar de ser presidente trouxe alívio ou pesar?
Não é fácil falar sobre isso. Eu achava que seria simples deixar a Presidência. O (João) Figueiredo, que saiu pela porta dos fundos, até pediu para ser esquecido. Quando a pessoa não sai bem, quer esquecer mesmo. Mas eu saí no momento mais auspicioso da vida de um governante. Eu brincava com o Franklin (Martins): se eu ficar mais alguns meses, vou ultrapassar os 100% de aprovação. Foi como se me desligassem de uma tomada. Num dia você é rei, no outro dia não é nada. Depois de entregar o cargo, cheguei a São Bernardo e havia um comício, organizado por amigos e pessoas do sindicato. O Sarney me acompanhou. Antes, visitei o Zé Alencar, choramos juntos. Eu fiquei danado da vida porque achava que ele devia ter ido à posse e subido a rampa de maca, mas os médicos não deixaram. Participei do comício e quando deu 11 horas da noite eu subi para o apartamento. Ao me despedir dos que trabalharam comigo na segurança e voltariam a Brasília, o general me disse: “Olha presidente, daqui a três dias os celulares da Presidência serão desligados e os carros serão recolhidos”. Mas levaram apenas três minutos para me desconectarem. Este é o lado hilário da coisa. Mas ser ex-presidente é um aprendizado sobre como se comportar, evitando interferir no novo governo. Quem sai precisa limpar a cabeça, assimilar que não é mais presidente. Mas é difícil sair de um dia a dia alucinante, acordar de manhã e perguntar: e agora?
Mas como conseguiu resolver o “desligamento”?
Entre março de 2011 e a descoberta do meu câncer, em outubro, eu fiz 36 viagens internacionais, visitei dezenas de países africanos e latino-americanos. Eu queria ficar fora do Brasil para vencer a tentação de ficar dando palpites. Decidi voltar para o Instituto, que eu já tinha, e comecei a trabalhar aqui. No dia do meu aniversario fui levar a Marisa para fazer um exame mas acabaram descobrindo o câncer em mim. E aí foi um ano de tortura. Nunca pensei que fosse tão difícil fazer quimioterapia e radioterapia. A doença, a internação, o fato de não poder falar ajudaram no desligamento. Fui desencarnando e hoje isso está bem resolvido na minha cabeça. Este ano, no evento dos 10 anos de governos do PT, quando eu disse que a Dilma era minha candidata, eu queria tirar de vez da minha cabeça a história de voltar a ser candidato. Antes que os outros insistissem, antes que o PT viesse com gracinhas, antes que os adversários da Dilma viessem para o meu lado, eu resolvi dar um basta e fim de papo.
Mesmo com eventuais “Volta Lula”, com manifestações, crises?
Mesmo. Hoje há pessoas defendendo o fim da reeleição. Eu sempre fui contra a reeleição mas hoje posso dizer que ela é um beneficio, uma das poucas coisas boas que copiamos dos americanos. Em quatro anos, você não consegue realizar uma única obra estruturante no pais. Depois, o eleitor pode julgar o governante no meio do período. Bush pai não se reelegeu, Carter não se reelegeu. Mas foi bom para os Estados Unidos o Clinton ter governado oito anos.
O senhor não ficou tentado a buscar o terceiro mandato, quando o deputado Devanir apresentou aquela emenda?
Eu fui contra. Chamei o partido e disse: não quero brincar com a democracia. Se eu conseguir o terceiro, amanhã virá alguém querendo o quarto, o quinto. Sou amplamente favorável à alternância no poder, de pessoas e de segmentos sociais. Comigo, pela primeira vez um operário chegou à presidência. Com a Dilma, a primeira mulher. Quer mais mudança do que isso? Quero que o povo continue mudando. Para errar ou acertar, não importa.
Deixar o poder traz mais liberdade?
Eu nunca tive liberdade, nem antes nem depois. Fiquei oito anos em Brasília sem ir a um restaurante, a um aniversario, a um casamento, porque tinha medo daquele mundo futriqueiro de Brasília. Mesmo hoje, prefiro passar o final de semana em casa, de bermudas.
Mas afora os problemas do poder, alguma saudade de Brasília?
Olha, o nascer e o pôr do sol no Alvorada são para mim inesquecíveis. Todos os domingos de manhã, eu e Marisa pescávamos. Há um lago no Torto, outro no Alvorada, e há o Lago Paranoá. Houve um dia em que a Marisa pegou 26 tucunarés, ali no píer onde fica o barco da Presidência. Disso eu tenho saudade. Não pude conviver, por precaução minha. Mas o céu de Brasília é muito bonito. O clima é extraordinário, o padrão de vida do Plano Piloto é invejável. Não é mais aquela cidade criticada porque não tinha esquinas. O povo soube fazer suas esquinas.
O que considera como mudanças importantes deixadas por seu governo?
As coisas que foram feitas, se em algum momento foram negadas, a verdade foi mais forte que a versão. A ONU acaba de reconhecer, com dados irrefutáveis, que o Brasil foi o pais que mais combateu e reduziu a pobreza nos últimos 10 anos. Eu queria provar que quando o Estado assume a responsabilidade de cuidar dos pobres, isso tem efeitos. Tenho muito orgulho de ter sido um presidente que, sem ter diploma universitário, foi o que mais criou universidades no Brasil, o que mais fez escolas técnicas, o que colocou mais pobres na universidade… Já houve presidentes da República que tinham diplomas e mais diplomas, fizeram muito pouco pela educação. Nós provamos que era possível fazer porque decidimos que educação não era gasto, era investimento. A outra coisa de que muito orgulho é de ter sido o primeiro presidente que fez com que o povo se sentisse na Presidência.
E o quê o senhor considera o maior erro de seu governo?
Certamente cometi muitos erros. Os adversários devem se lembrar mais deles do que eu. Mas fiz as coisas que achava que poderia fazer. Há quem me pergunte se não me arrependo de ter indicado tais pessoas para a Suprema Corte. Eu não me arrependo de nada. Se eu tivesse que indicar hoje, com as informações que eu tinha na época, indicaria novamente.
E com as informações atuais?
Eu teria mais critério. Um presidente recebe listas e mais listas com nomes, indicados por governadores, deputados, senadores, advogados, ministros de tribunais. E é preciso ter quem ajude a pesquisar e avaliar as pessoas indicadas. Eu tinha o Márcio Tomas Bastos no Ministério da Justiça, o (Dias) Toffoli na Casa Civil… Uma coisa que lamento é não ter aprovado a reforma tributaria, e tentei duas vezes. Hoje estou convencido de que não poderá ser feita como pacote, mas fatiada, tema por tema. Eu mandava um projeto com apoio de todo mundo mas as forças ocultas de que falava o Jânio se apresentavam nas comissões do Congresso e paravam tudo. Eu receava também que segundo mandato fosse repetitivo, com ministros não querendo trabalhar. Foi aí que tivemos a ideia do PAC. Mas acho que poucos conseguirão repetir o que fizemos entre 2007 e 2010. Era o time do Barcelona jogando. Tudo fluiu bem. Posso ter errado mas não tenho arrependimentos. Tenho frustração de não ter feito mais.
Voltando à indicação dos ministros do STF. Hoje, se o senhor pudesse voltar no tempo…
Nem podemos pensar nisso. Eu não sou mais presidente, eles já estão indicados e irão se aposentar lá.
O senhor continua fazendo palestras?
Tenho feito mas vou reduzir. No ano que vem vou me dedicar um pouco à campanha. Vocês sabem que um ex-presidente da Republica não tem aposentadoria. Não tendo aposentadoria de outra origem, terá que ser mantido pelo partido dele ou terá que se virar. Mas você só é convidado para fazer palestras se tiver sido exitoso no governo. O Fernando Henrique inovou e passou a fazer palestras. O PT ofereceu-me um salário e eu agradeci. Eu mesmo ia tratar da minha sobrevivência.
O que acha das criticas de que existiria conflito de interesses quando as empresas têm contratos com o governo?
Acho uma cretinice. Primeiro porque não faço nada além do que eu fazia como presidente. Eu tinha orgulho de chegar a qualquer pais e falar da soja, do etanol, da carne, da fruta, da engenharia, dos aviões da Embraer… Eu vendia isso com o maior prazer do mundo. Com orgulho. Eu achava que isso era papel do presidente da Republica. Quando Bush veio aqui, fomos a um posto que vendia etanol. E havia lá um carro da Ford e outro da GM. Chamei o Bush para tirarmos uma foto e ele disse que não podia fazer merchandising de carro americano. Só que ele estava com um capacete da Petrobras na cabeça. Eu falei: “Então fica você aqui que eu vou lá”. Se eu puder vender as empresas brasileiras na Nigéria, no Catar, na Líbia, no Iraque, na África, eu vou vender. Estas críticas também refletem o complexo de vira-lata. É não compreender o sentido disso. Tenho orgulho de saber que quando cheguei à Presidência não havia uma só fabrica brasileira na Colômbia e hoje existem 44. Havia duas no Peru e hoje são 66. De termos ampliado nossa presença na Argentina ou na África. Se não formos nós, serão os chineses, os ingleses, os franceses. E não são apenas empresas de engenharia. Hoje temos fábrica de retro virais em Moçambique, SENAI e escolinhas de futebol do Corinthians em mais de 13 países africanos. Agora mesmo me pediram para tentar levar o vôlei para a África, onde o esporte não existe. E vou ajudar com o maior prazer. Só não vou jogar porque tenho bursite. Mas veja a malandragem. Todas as empresas, inclusive as de jornais e de televisão, têm lobistas em Brasília. Mas são chamados de diretor corporativo ou institucional. Agora, se alguém faz pelo pais, é lobista. Faz parte da pequenez brasileira. Veja o caso da Copa do Mundo. Todo país quer sediar uma Copa do Mundo. O Brasil não pode. Ah, porque temos problemas de saúde e moradia! Todos os países têm problemas, e por não pode ter Copa do Mundo e Olimpíada? E o quanto uma nação ganha com isso, do ponto de vista cultural, do ponto de vista do desenvolvimento? Qual é a denúncia contra as obras?
Nos protestos, a crítica era ao custo das obras…
Ora, se em 1960 o Brasil pôde fazer um estádio para a Copa do Mundo, em 2013 não podemos fazer outros? Pergunto qual é a denuncia? Eu deixei dois decretos, um sobre a Copa outro sobre a Olimpíada, que estão no site da CGU. Perguntem ao Jorge Hage onde tem corrupção na Copa. O TCU designou um ministro, o Valmir Campelo, encarregado de fiscalizar especificamente os gastos com a Copa. Perguntem a ele onde há corrupção. A Copa está marcada e tem que ser feita com a maior grandeza. Se alguém praticar corrupção, que seja posto na cadeia. Já conversei com os patrocinadores sobre a necessidade de uma narrativa diferente para a Copa do Mundo. Vi na TV pessoas chorando no Japão, que vai sediar uma Olimpíada. E vi um jornalista dizer que tudo bem, o Japão está retomando o crescimento, diferentemente do Brasil, que ainda é pobre. Então Olimpíada é só para países doG-8? E ainda que fosse, o Brasil está no G-6. Não me conformo com o complexo de vira lata e com o denuncismo infundado. Precisamos de uma lei que puna também o autor de denúncia falsa.
Falando nas manifestações, o que mudou com elas no Brasil?
Eu acho que fizeram muito bem ao Brasil. Com exceção dos mascarados. Todas as reivindicações que apresentaram, um dia nós também pedimos. Veja o discurso de (Fernando) Haddad na campanha de São Paulo: “Da porta da casa para dentro a vida melhorou, mas da porta para fora ainda precisa melhorar.” Hoje muito mais gente anda de carro mas o transporte público não melhorou. Eu andava de ônibus lotados como latas de sardinha em 1959, e continua a mesma coisa. O Haddad agora me disse: “Precisando de tanto dinheiro, conseguimos reduzir em 50 minutos o tempo de viagem só com latas de tinta”. As faixas exclusivas para ô ônibus tiveram uma aprovação de 93% das pessoas. O povo nos disse o seguinte: “Já conquistamos algumas coisas e queremos mais”. As pessoas querem mais, mais salário, mais transporte, melhorarias na rua, e isso é extraordinário. Nem dá mais para ficar dividindo tarefa: isso é com o prefeito, isso com o governador, aquilo com o presidente. Agora é tudo junto.
Haddad não errou, quando demorou a recuar na tarifa?
Houve muita gente ponderando para o Haddad que era preciso recuar. Se ele tivesse dado o aumento em janeiro, não tinha acontecido o que aconteceu. Ele e o prefeito do Rio foram convencidos de que, adiando o aumento, ajudariam no controle da inflação. Eles concordaram e tudo caiu nas costas deles. Meu primeiro movimento foi mostrar ao Haddad que aquilo não era contra ele, que ainda estava muito novo no cargo: “Haddad, levante a cabeça, tira proveito disso, que bom que o povo esta se manifestando”. Acho que ele demorou uns dois ou três dias mas foi correto. E o transporte é caro mesmo… Enfim, as manifestações nos ensinaram que o desejo do povo de mudar as coisas é infinito. Nós todos queremos sempre mais. Quem consegue um aumento de 10% nos salários e logo depois quer outro. Quem consegue comprar carne de segunda passa a querer carne de primeira. Tínhamos 48 milhões de pessoas que andavam de avião em 2007. Em 2012, eram 103 milhões. Hoje tem gente que entra no avião e não sabe nem guardar a mala. Alguns acham isso ruim. Eu acho ótimo. Tem mais gente indo a restaurantes, a museus, a institutos de beleza, e isso é um bom sinal. A única coisa que eu critico é a negação da política. Ela sempre resulta em algo pior, como o fascismo, o nazismo. Tenho dito ao PT para enfrentar o debate. Vamos perguntar aos tucanos por que eles derrotaram a CPMF, tirando 40 bilhões da saúde por ano em meu governo, achando que iam me prejudicar. E eu disse: quem vai pagar é o povo.
E o programa Mais médicos, é uma boa solução?
É uma coisa fantástica mas vai fazer com que o povo fique ainda mais exigente com a saúde. O sujeito vai subir o primeiro degrau. Vai ter um médico que vai lhe pedir os primeiros exames, e a saúde vai ser problema outra vez. Discutir saúde sem discutir dinheiro, não acredito. E não adianta dizer, como fazem os hipócritas, que o problema é só de gestão. Chamem os 10 melhores gestores do planeta e perguntem como oferecer tomografia, ressonância, tratamento de câncer, sem dinheiro. O hipócrita diz: “Eu pago caro por um plano de saúde, porque o SUS ao me entende”. Mas quando ele vai fazer a declaração de renda, desconta tudo do imposto a pagar. Então quem paga a alta complexidade para ele é o povo brasileiro. E aí vem a FIESP fazer campanha para acabar com a CPF. Não foi para reduzir custos mas para tirar do governo o instrumento de combate à sonegação.
O Mais Médicos é uma marca de governo para Dilma?
Os médicos brasileiros que protestaram sabem que cometeram um erro gravíssimo. O (Alexandre) Padilha tem dito, corretamente: “Não queremos tirar o emprego de médico brasileiro. Queremos trazer médicos para atender nos locais onde faltam médicos brasileiros”. Em vez de protestar, eles deveriam ter feito um comitê de recepção aos colegas estrangeiros. E Deus queira que um dia o Brasil forme tantos médicos que possa mandar médicos os para um pais africano. É admirável que um pais pequeno como Cuba, que sofre um embargo comercial há 60 anos, tenha médicos para nos ceder. Hoje há maquinas que descobrem o câncer com menos de um milímetro. Mas quantos têm acesso a isso? Saúde boa e barata e não existe, alguém tem que pagar a conta. Num país em construção, como o nosso, sempre haverá protestos. Temos de consolidar a democracia, sabendo que ela não pode ser exercitada fora da política. Tem gente que diz “eu não sou político” e começa a dar palpite na política. Esse é o pior político. Como eu fui ignorante, dou meu exemplo. Em 1978, no auge das greves do ABC, eu achava o máximo dizer: “Não gosto de política nem de quem gosta de política”. A imprensa paulista me tratava como herói. Eu era “o metalúrgico”. Dois meses depois, eu estava fazendo campanha para Fernando Henrique, que disputava o Senado por uma sublegenda do MDB. Dois anos depois, eu estava criando um partido político. Ninguém deve ser como o analfabeto político do Bertolt Brecht. Não se muda o país sem política.
Sua participação na campanha da Dilma agora será diferente da que teve em 2010?
Tem de ser diferente. Em 2010 a Dilma não era conhecida. Fizemos uma campanha para que ela se tornasse conhecida, e para mostrar ao eleitor o grau de confiança que eu tinha nela. Obviamente que depois de quatro anos de governo a Dilma passou a ser muito conhecida e conseguiu construir a sua própria personalidade. Então já tem muita gente que vai votar na Dilma independentemente do Lula pedir. Naquilo que eu tiver influência, nas pessoas que eu tiver influência, eu vou pedir para votar na Dilma. O que eu vou fazer na campanha depende dela. Eu não quero estar na coordenação, eu quero ser a metamorfose ambulante da Dilma. Estou disposto. Se ela não puder ir para o comício num determinado dia, eu vou no lugar dela. Se ela for para o Sul, eu vou para o Norte. Se ela for para o Nordeste, eu vou para o Sudeste. Isso quem vai determinar é ela. Eu tenho vontade de falar, a garganta está boa. Eu estou com mais disposição, mais jovem. Apesar da idade, eu estou fisicamente mais preparado. Estou com muita saudade de falar. Faz tempo que eu não pego um microfone na rua para falar. Conversar um pouco com o povo brasileiro. Vou ajudar. Se for importante ficar quieto, eu vou ficar quieto. A única que coisa que eu não vou fazer é cantar, porque eu sou desafinado, mas no resto, ela pode contar comigo.
Do Correio Brasiliense.

Presidente do PROS confirma filiação dos aliados de Cid

O presidente nacional do PROS veio ao Ceará, sábado, acompanhado de outros dirigentes do partido e parlamentares

O governador Cid Gomes e aliados mais próximos se reuniram, no último sábado, por quase quatro horas, em Fortaleza, com o presidente nacional do Partido Republicano da Ordem Social (PROS), Eurípedes Júnior. Após o encontro, o dirigente confirmou ao Diário do Nordeste a filiação dos principais aliados do chefe do Executivo Estadual à sigla. O presidente comentou que já deixou, inclusive, o modelo da ficha de filiação. Cid, contudo, só deve fazer amanhã o anúncio oficial do novo partido.

Governador Cid Gomes, dirigindo o próprio carro, leva Eurípedes Júnior para o almoço, depois de algumas horas de conversa na residência oficial, no fim da manhã de sábado, quando ficaram acertados os detalhes das filiações dos cidistas ao PROS

A reunião ocorreu na Residência Oficial do Governo. Do grupo de Cid, participaram o presidente da Assembleia Legislativa, José Albuquerque; o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio; o vice-governador, Domingos Filho; o ex-secretário da Fazenda, deputado estadual Mauro Filho; o ministro dos Portos, Leônidas Cristino; e o secretário do Turismo, Bismarck Maia. Já Eurípedes estava acompanhado do vice-presidente do PROS, Júlio Urnau; dos tesoureiros Gilson Lima e Niomar Calazans; dos deputados federais Givaldo Carimbão (PSB-AL) e Hugo Leal (PSC-RJ); e do senador Ataíde Rodrigues (PSDB-TO).

O grupo de Eurípedes chegou a Fortaleza, no fim da manhã do sábado, em um avião particular, e seguiu direto para a Residência Oficial. A reunião começou por volta das 11h30 e acabou por volta das 15h. Segundo o governador, Ciro Gomes só chegou ao local no final da reunião. Após o encontro, todos almoçaram em uma churrascaria no bairro Meireles, de onde a comitiva do PROS seguiu para o aeroporto.

No almoço, a conversa já não foi mais a questão das filiações, embora praticamente estivessem no restaurante os mesmos participantes da reunião em que a adesão dos cearenses ao novo partido ficou acertada Fotos: Fabiane de Paula


Confirmadas

Em entrevista ao Diário do Nordeste, o presidente nacional do PROS afirmou que já estão confirmadas as filiações dos principais aliados do governador, como as do prefeito Roberto Cláudio, do presidente da Assembleia, José Albuquerque, dos deputados federais e estaduais e de outros ex-filiados ao PSB. Eurípedes Júnior comentou que já deixou, inclusive, o modelo da ficha de filiação com o chefe do Executivo Estadual. De acordo com o dirigente, ele está aguardando apenas a confirmação das filiações de Cid e Ciro Gomes. 

“Eles não colocaram dificuldade nenhuma. Somos independentes, mas temos tendência de caminhar com o Governo Federal, que é o que o governador defende. Ele apenas quer ouvir o grupo dele”, contou. Eurípedes comentou que, independentemente da filiação de Cid e Ciro, na reunião de sábado foi acertado que o governador terá o controle do PROS no Ceará. O presidente lembrou que, no Estado, o partido também conta com a ajuda do ex-vereador João Batista e do atual vereador Leonelzinho Alencar (PTdoB), o qual, segundo ele, também poderá se filiar ao PROS nos próximos dias. 

Coletiva

O governador Cid Gomes, por sua vez, não confirmou ao Diário do Nordeste sua ida ao PROS. Em entrevista após o almoço com Eurípedes, o chefe do Executivo Estadual confirmou apenas que o PROS e o PDT são os partidos com mais chances de o grupo se filiar, mas que só vai fazer o anúncio oficial amanhã, após nova reunião com aliados. Segundo ele, a decisão será coletiva. “Uma decisão está tomada: o pessoal que estava no PSB deve ir, todo junto, para o mesmo lugar. Os outros (aliados de outros partidos) a gente pode estudar outras alternativas”, disse.

Cid explicou que, na reunião de amanhã, Roberto Cláudio vai relatar para todos os outros aliados como foi o encontro com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, na última sexta-feira, para que os militantes possam opinar na decisão. Ao contrário do que se especulou no meio político, o governador afirmou que o encontro com o PDT foi “muito bom, foi ratificado o convite”. Ele lembrou que, para que o grupo não ficasse limitado a mudar somente para partidos novos, ele “se submeteu” a pedir a Eduardo Campos o documento que garante que o PSB não vai questionar mandatos. 

“Já estamos com esse documento que nos abre horizontes”, informou. O documento foi entregue pelo presidente nacional do PSB a José Albuquerque, na última sexta-feira, no Recife. O presidente da Assembleia foi à Capital pernambucana entregar as fichas de desfiliação do grupo. Cid Gomes afirmou que os outros três partidos cujos presidentes nacionais também o convidaram a se filiar (PSD, PP e PCdoB) já foram descartados pelo grupo. Ele lembrou, contudo, que alguns deles deverão acomodar aliados de outros partidos que querem mudar de sigla.

Aliança

O governador comentou que essa acomodação será sua “segunda tarefa”, juntamente com a de tentar manter a aliança com partidos como PMDB, PT, PCdoB, PDT, PP e PTB. Conforme Cid, só do PRB, pelo menos 14 prefeitos, um deputado (Manoel Duca) e dois suplentes (Ana Paula e Mailson Cruz) devem sair. “O PRB era um partido que consegui com o (ex-vice-presidente da República) José Alencar. Ele morreu, mudou a presidência nacional, e mudaram aqui a Executiva. Muitos amigos meus não devem mais ficar. Tenho que pensar para onde essas pessoas vão”, explicou. 

O chefe do Executivo Estadual fez questão ainda de ressaltar que está mudando de partido porque foi obrigado e não porque quis. Prova disso, alegou, é que deve “doar”, na próxima semana, entre R$ 200 mil e R$ 250 mil que sobraram do PSB Ceará à direção nacional da sigla. 

IGOR GADELHA
REPÓRTER
 

domingo, setembro 29, 2013

A “Loura” é de Lula: PT disputará eleição majoritária no Ceará com Luizianne Lins

Desprezada no PT, a ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins chegou a ameaçar vestir a camisa do PSB e se candidatar por esse partido ao governo do Ceará. Só desistiu porque o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que ela ficasse. O prêmio veio agora. O presidente do PT, Rui Falcão, avisou seus aliados cearenses que Luizianne terá a vaga majoritária que couber ao partido no estado. Ela quer disputar o Senado ou o governo estadual. 

Cid discute detalhes com ´dono´ do PROS

Governador conversou ou mandou falar com líderes de partidos que abriram a porta apenas por educação

O governador Cid Gomes, agora sem partido, adiou o anúncio de sua nova filiação partidária para a próxima terça-feira, para ser educado com os dirigentes partidários interessados em seu ingresso, com o irmão, hoje secretário de Saúde do Estado, Ciro Gomes, e todos os demais liderados, inclusive o vice-governador Domingos Filho, recém-saído do PMDB, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio e o presidente da Assembleia, deputado José Albuquerque.

Governador Cid Gomes falando para correligionários, na última quinta-feira, quando confirmou o seu desligamento do PSB FOTO: BRUNO GOMES
A decisão já está tomada, desde a última terça-feira, embora a conversa marcada para ontem, com o presidente nacional do PROS (Partido Republicano da Ordem Social), Eurípedes Júnior, e outros dois fundadores dessa nova agremiação, fosse importante para o estabelecimento de alguns compromissos.

Cid defende umas poucas alterações no estatuto do partido, aproximando-o dos grêmios atuais considerados progressistas, questão já discutida antes da reunião de ontem em Fortaleza, de importante relevância para fundar o discurso nos palanques da próxima campanha eleitoral.

O ingresso no PROS tem o aceite da totalidade dos prováveis candidatos em 2014, hoje detentores de mandato. E a preferência se dá pela única razão de ser a nova sigla o porto seguro para a incolumidade de suas permanências nas diversas instâncias do Legislativo e também do Executivo. Filiação a uma nova legenda não constitui infidelidade partidária, no entendimento dos nossos tribunais.

O deputado José Albuquerque foi a Recife, na última sexta-feira, levando o pedido de desfiliação do governador e de todos os seus aliados com mandato eletivo para, além de cumprir dispositivo legal relacionado aos partidos políticos, conseguir um documento, anteriormente acordado, rezando sobre o divórcio consensual, e isentando todos os ex-pessebistas da prática da infidelidade partidária, peça importante para a defesa dos mandatos de quem precisar fazê-la junto aos tribunais, no caso da possibilidade de ações intentadas pelo Ministério Público ou por suplentes.

Descartado

Educadamente, na conversa do prefeito Roberto Cláudio com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, na última sexta-feira à tarde, ficou claro não ser aquela agremiação a preferência dos aliados de Cid. As disputas internas no PDT não garantem a tranquilidade perseguida pelo núcleo central de articulações políticas do grupo governista do Ceará, ressabiado após as dificuldades de relacionamento no PSB.

Ademais, a série de escândalos envolvendo integrantes do partido fundado por Leonel Brizola, especificamente no Ministério do Trabalho, recomenda cautela a tantos quantos têm o discurso de defesa da moralidade e precisam de uma legenda para garantia de seus projetos de eleição.

O Partido Progressista (PP), como o novato Solidariedade estão muito próximos da candidatura presidencial de Aécio Neves (PSDB), portanto descartado de plano, posto ter sido a defesa arraigada da reeleição da presidente Dilma, o motivo principal da saída dos governistas do PSB. O PSD não é mais considerado um partido novo, portanto, o vereador, prefeito, deputado, senador ou governador que nele se filiar, agora, corre o risco da perda do mandato e, por fim, o PCdoB muito à esquerda do que pensam hoje Cid, Ciro e os demais, daí restar apenas o PROS.

Hoje, Cid, Ciro e os mais próximos estão convencidos da necessidade de eles se prepararem para ter um espaço maior num partido nacional onde possam dividir o comando partidário e ficarem menos dependentes de humores e decisões abruptas aos seus interesses, como a do PSB de romper administrativamente com o Governo Federal.

O PROS, evidentemente, não parece ser o caminho natural para a consecução do objetivo, mas a partir dele, respaldado como chegam pela força política representada numericamente pelo vice-governador, quatro deputados federais, mais de uma dezena de deputados estaduais (contando os do PSB e de outros partidos), vários prefeitos e vereadores do Interior cearense, ainda têm a recomendação da cúpula do Governo Federal.

Acompanhando

A presidente Dilma Rousseff, ainda nos Estados Unidos, na semana passada, conversou com o governador Cid Gomes sobre a situação política local. Na quinta-feira à noite ela voltou a telefonar para ele, querendo saber sobre sua decisão. Antes, Cid havia atendido ligações do governador da Bahia, Jackson Wagner e do ministro Aloizio Mercadante. As testemunhas das conversas, emprestam um significado importante a essa preocupação da presidente e do pessoal à sua volta no Planalto.

Cid, nas entrevistas concedidas na quinta-feira, falou de conversas com a presidente relacionadas à posição política do seu grupo e até do interesse dela em deixar o ministro Leônidas Cristino na Secretaria de Portos. Não foi além disso. E nem poderia ir. Mas em meio ao emaranhado de coisas, os detalhes e a frequência dos contatos motivaram grande expectativa junto ao grupo, sobretudo em relação a mais apoio da presidente para as pretensões políticas e administrativa do próprio governador cearense.

EDISON SILVA
EDITOR DE POLÍTICA

sábado, setembro 28, 2013

Sindicatos definem pauta de luta contra mudança de regime

Reunidos em assembleia, neste sábado (28), servidores públicos municipais de Crateús definiram a estratégia na luta contra a aprovação do projeto de lei que altera o regime jurídico de contratação vigente no município, de celetista para estatutário. A assembleia foi convocada pelo Sindicato dos Servidores e Sindicato dos Professores.

Ficou decidido que, na próxima quinta-feira (3), data da votação do projeto na Câmara Municipal, haverá paralisação geral com realização de manifestações ao longo do dia. O ponto alto do movimento ocorrerá ás 17h30, quando haverá concentração defronte a Câmara Municipal.

Os servidores consideram a alteração do regime trabalhista lesiva à categoria, em virtude da perda do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e da maior vulnerabilidade dos trabalhadores nos embates com a administração municipal. Tem ainda a que a mudança de regime trabalhista seja apenas o primeiro passo para a implantação de Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) no município.

sexta-feira, setembro 27, 2013

Projeto da mudança de regime trabalhista é retirado de pauta

Diante de uma Câmara lotada de servidores, o vereador Cleber Bonfim, líder do prefeito, pediu que a matéria que trata da mudança de regime trabalhista dos servidores fosse retirada de pauta.

Nesta quinta-feira (26), a Câmara Municipal deveria apreciar a Mensagem de Lei Complementar 01/2013, que dispõe sobre o Estatuto do Servidores Municipais de Crateús. Assinada pelo vice-prefeito, prefeito em exercício, Mauro Soares, o projeto foi protocolado na terça-feira (24).

O Sindicato dos Servidores e Sindicato dos Professores utilizaram as redes sociais e emissoras de rádio locais para esclarecer e mobilizar os servidores contra a aprovação da matéria.

Os trabalhadores atenderam ao chamado das entidades e lotaram a Casa para protestar contra a tramitação da proposta. A Mesa Diretora tentou restringir o acesso dos servidores ao interior da Câmara, limitando a 100 o total de espectadores, sendo 50 senhas para os sindicatos e 50 para a administração municipal. Houve protestos de inúmeros servidores, que temiam não conseguir assistir à sessão. A presidente do Sindicato dos Professores, Socorro Pires, criticou veementemente a decisão e reivindicou que o acesso fosse liberado. O impasse só foi resolvido quando, finalmente, permitiram  a entrada dos servidores, que lotaram a plateia. Um telão também foi instalado do lado de fora da Câmara para que aqueles que não conseguiram entrar pudessem acompanhar a sessão.

Portando cartazes e faixas com dizeres contra a mudança de regime, os servidores protestaram contra a proposta. Gritando palavras de ordem, também pediram aos vereadores Toré (PV) e Eva (PSL) para "fazer a diferença". Diante da mobilização, o líder do prefeito na Câmara, vereador Cleber Bonfim (PT), solicitou ao presidente Aldairton (PR) que retirasse o projeto de pauta, para ser apreciado na próxima sessão. 

Brasil tem poucas razões para reeleger Dilma, diz The Economist

Em especial de 14 páginas, revista britânica aponta os erros cometidos pela administração da presidente que fizeram o Brasil desapontar o mercado e perder credibilidade

Presidente Dilma Rousseff
Presidente Dilma Rousseff: para The Economist, ainda há tempo de fazer reformas (Fernando Bizerra Jr./EFE)
Revista ironiza chamando a presidente de 'Dilma Fernández', que é o sobrenome de Cristina Kirchner
De um foguete, representado pelo Cristo Redentor, que apontava para o alto, imponente, para uma aeronave desgovernada nos céus, perto de colidir com o Corcovado. Essa é a comparação feita pela revista britânica The Economist ao tratar da evolução do Brasil nos últimos quatro anos. A edição distribuída na América Latina questiona se o Brasil, de fato, "estragou tudo", depois de ter sido, por um breve período, a estrela dos emergentes. Segundo a reportagem, a presidente Dilma Rousseff tem sido incapaz de enfrentar problemas estruturais do país e interfere mais que o antecessor na economia, o que tem assustado investidores estrangeiros para longe de projetos de infraestrutura e minado a reputação conquistada a duras penas pela retidão macroeconômica. A The Economist é categórica ao afirmar: "até agora, eleitores brasileiros têm poucas razões para dar a Dilma um segundo mandato".
O especial de quatorze páginas sobre o Brasil é assinado pela jornalista Helen Joyce, correspondente da revista no país. "Na década de 2000, o Brasil decolou e, mesmo com a crise econômica mundial, o país cresceu 7,5% em 2010. No entanto, tem parado recentemente. Desde 2011, o Brasil conseguiu apenas um crescimento anual de 2%. Seus cidadãos estão descontentes - em julho, eles foram às ruas para protestar contra o alto custo de vida, serviços públicos deficientes e a corrupção dos políticos", informa a revista, que já chegou a pedir, com certa ironia, a saída de Guido Mantega do ministério da Fazenda.

​Em 2009, em meio à crise econômica mundial, a revista fez também um especial de quatorze páginas para ressaltar os anos de bonança do país, reproduzindo a imagem do Cristo decolando como se fosse um foguete. À época, a economia brasileira patinava, ainda sofrendo o impacto da turbulência nos Estados Unidos. Contudo, indicadores macroeconômicos estáveis acabaram contando mais, para a Economist, do que a retração econômica de 2009, de 0,2%.
Para a revista, a falta de ação do governo Dilma é a principal razão para o chamado "voo de galinha" do país, jargão usado para denominar situações em que países ou empresas têm um crescimento disparado, mas que não se sustenta. "A economia estagnada, um estado inchado e protestos em massa significam que Dilma Rousseff deve mudar de rumo", informa a publicação.
O texto reconhece que outros emergentes também desaceleraram após o boom que teve o auge em 2010 para o Brasil. "Mas o Brasil fez muito pouco para reformar seu governo durante os anos de boom", diz a revista. Um dos problemas apontados pela reportagem é o setor público, que "impõe um fardo particularmente pesado para o setor privado". Um dos exemplos é a carga tributária que chega a adicionar 58% em tributos e impostos sobre os salários. Esses impostos são destinados a prioridades questionadas pela Economist. "Apesar de ser um país jovem, o Brasil gasta tanto com pensões como países do sul da Europa, onde a proporção de idosos é três vezes maior", diz o texto que também lembra que o Brasil investe menos da metade da média mundial em infraestrutura.
Problemas antigos - A publicação reconhece que muitos desses problemas são antigos, mas Dilma Rousseff tem sido "relutante ou incapaz" de resolvê-los e criou novos "interferindo muito mais que o pragmático Lula"."Ela tem afastado investidores estrangeiros para longe dos projetos de infraestrutura e minou a reputação conquistada a duras penas pela retidão macroeconômica, induzindo publicamente o presidente do Banco Central a cortar a taxa de juros. Como resultado, as taxas estão subindo, atualmente, mais para conter a inflação persistente", diz o texto. "A dívida bruta subiu para 60% ou 70% do PIB - dependendo da definição - e os mercados não confiam na senhora Rousseff", completa o texto. A Economistchega a ironizar, chamando a presidente de "Dilma Fernández", que é o sobrenome de Cristina Kirchner, presidente da Argentina.
Apesar das críticas, a revista demonstra otimismo com o futuro a longo prazo do Brasil. "Felizmente, o Brasil tem grandes vantagens. Graças aos seus agricultores e empresários eficientes, o país é o terceiro maior exportador de alimentos do mundo", diz o texto, que menciona também o petróleo da camada pré-sal. A publicação elogia ainda a pesquisa em biotecnologia, ciência genética e tecnologia de óleo e gás em águas profundas. Além disso, lembra que, apesar dos protestos populares, o Brasil "não tem divisões sociais ou étnicas que mancham outras economias emergentes, como a Índia e a Turquia".
Economist afirma que a presidente Dilma ainda tem tempo para começar reformas necessárias, fundindo ministérios e cortando gastos públicos, caso esteja disposta a colocar a "mão na massa". Mas, diante do atual cenário, a revista afirma que, ainda que a presidente esteja com foco no possível segundo mandato, os "eleitores brasileiros têm poucas razões para dar a ela a vitória".

Cid deixa PSB e leva 500 filiados

Após ser isolado no partido, o governador Cid Gomes oficializou a saída do PSB, mas não definiu a nova sigla
Apesar de dada como certa por aliados e por notícias que circulavam nos bastidores há alguns dias, a saída do governador Cid Gomes do Partido Socialista Brasileiro (PSB) só foi confirmada ontem à noite, após reunião com os diretórios municipais da legenda. Juntamente com o chefe do Executivo estadual, saem aproximadamente 500 filiados da sigla no Ceará, dentre os quais o secretário da Saúde, Ciro Gomes, o prefeito Roberto Cláudio, dez deputados estaduais, quatro federais, além de prefeitos e vereadores cearenses.

O governador Cid Gomes reuniu, na noite de ontem, prefeitos, deputados e filiados ao PSB para discutir a situação dos aliados no Ceará Fotos: BRUNO GOMES

A expectativa é de que o grupo que deixa o PSB, acompanhando a decisão do governador Cid, migre para o recém-criado Partido Republicano da Ordem Social (PROS). Por se tratar de uma legenda nova, os riscos de questionamento dos mandatos - sob alegação de infidelidade partidária - não existirão. O futuro da caravana comandada por Cid Gomes só será definido na terça-feira à noite, após outro encontro convocado com todos os diretórios municipais.

Convites
De acordo com o governador cearense, além do PROS, também formalizaram convites para o chefe do Executivo estadual o PP, PCdoB, PDT e PSD. O prefeito Roberto Cláudio conversa hoje com o presidente nacional do PDT, ex-ministro Carlos Luppi, sobre a possibilidade de filiação do governador Cid Gomes e todos os seus liderados. No sábado, Cid conversará com o presidente do PROS, Eurípedes Júnior. Representantes dos demais partidos que apresentaram propostas também serão ouvidos.

Mesmo evitando definir o rumo dos dissidentes do PSB, os parlamentares presentes fizeram questão de frisar a segurança jurídica como um dos pontos determinantes para a escolha do novo destino. Seguindo essa lógica, o PROS é o rumo mais viável, embora o governador Cid Gomes tenha afirmado que o secretário de Educação de Fortaleza, Ivo Gomes, irmão dele, chegou a comentar que a melhor opção seria o PDT. O mesmo comentário chegou a ser repetido por outros deputados.

Questionado pelo Diário do Nordeste se as possibilidade reais de filiação seriam o PDT e o PROS, Cid desconversou: "é você quem está dizendo". Após a entrevista, ele chegou a ressaltar algumas dificuldades encontradas nos municípios, dentre as quais o total desconhecimento do PROS ou a apropriação da legenda por pessoas que faziam oposição ao grupo do PSB naquelas cidades. "Nós queremos atenuar os riscos de perda de mandato. O próprio presidente do partido sinalizou que a saída coletiva não é um ato de infidelidade partidária, mas sim de mudança de visão do partido que nós não concordamos", justificou.

Ciro Gomes também foi econômico nas palavras e evitou falar de sua predileção por uma das siglas. "Delegou-se ao governador Cid Gomes a faculdade de abrir as portas, tabular os entendimentos que restarem prudentes juridicamente, corretos politicamente e coerentes programaticamente o máximo possível, porque nós temos que chegar com humildade". E complementou: "Eu não tenho nenhuma preferência. Quero caminhar solidário ao governador Cid em qualquer que seja o seu caminho".

Na ocasião, o atual secretário da Saúde também alfinetou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que é presidente nacional do PSB. "Na minha mente, é tão imprudente o projeto pessoal que orienta o Eduardo Campos que o partido, o PSB, vai definhar", criticou.

Cid anuncia saída




Interferência
Sobre a interferência da presidente Dilma Rousseff na troca partidária, Cid Gomes justificou que tem atualizado a chefe do Executivo nacional dos encaminhamentos tomados pelo grupo vinculado a ele no Ceará, mas alegou que ela não chegou a sugerir qualquer filiação ao PT nem a outros partidos. No entanto, o governador cearense garantiu que Dilma sinalizou que quer manter o ex-ministro Leônidas Cristino à frente da Secretaria Nacional dos Portos.

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Albuquerque, viaja hoje a Recife para entregar as fichas de desfiliação do partido, que podem ultrapassar os 500 filiados. Conforme lembrou Cid Gomes, o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, assegurou que assinaria um termo de anuência a todos os vereadores, prefeitos e deputados para evitar quaisquer questionamentos da Justiça. "Quem pode alegar infidelidade partidária se o próprio partido está negando?", questionou.

Segundo Cid, tanto ele como Ciro Gomes devem marchar juntos para o mesmo partido que os deputados e prefeitos, independentemente da sigla. "O que nós pactuamos aqui é que caminharemos juntos. Existem algumas alternativas com as quais estamos conversando. É fundamental que a gente mantenha esse partido unido", garantiu. As mudanças partidárias devem ser feitas até 5 de outubro. Cid Gomes afirmou que a filiação à nova legenda será feita na próxima quarta-feira.

Expectativa dos atuais aliados
Os primeiros a chegarem ao Hotel Vila Galé, na Praia do Futuro, em Fortaleza, foram prefeitos e vereadores do Interior do Estado, os quais foram seguidos por deputados estaduais e federais e por outras lideranças do PSB. Além dos filiados ao partido ligados ao governador Cid Gomes, a reunião contou com a presença de ex-secretários estaduais e de parlamentares de outras legendas aliadas ao chefe do Executivo Estadual que demonstram interessem em se filiar ao novo partido indicado por Cid.

O prefeito Roberto Cláudio vai conversar hoje de manhã com o presidente nacional do PDT, o ex-ministro Carlos Lupi, sobre o convite feito pelo partido ao governador Cid Gomes e o grupo de aliados que está deixando o PSB

Apesar de a reunião estar marcada para 19h, o governador só chegou ao local por volta das 20h15. Ele estava acompanhado do presidente da Assembleia , José Albuquerque; do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio; do ministro dos Portos, Leônidas Cristino; do ex-secretário da Fazenda, deputado estadual Mauro Filho; e do secretário estadual da Saúde, Ciro Gomes. Cid justificou o atraso, alegando que estava no enterro do tio dele, o ex-deputado Vicente Antenor Ferreira Gomes, em Itapipoca.

Durante o caminho do carro ao salão onde o encontro aconteceu, Cid, Ciro, Roberto Cláudio e Mauro Filho foram os mais assediados pela imprensa, que perguntava principalmente qual o destino do grupo. Apenas Cid deu poucas declarações, mas nada adiantou. Já Ciro evitou falar com os repórteres, alegando que nada ainda estava decidido. No caminho, alguns parlamentares, como o deputado estadual Osmar Baquit (PSD), e filiados abordaram integrantes da comitiva para cumprimentá-los.

Precipitado
Pouco antes da chegada de Cid, por volta das 20h, o vice-governador, Domingos Filho (atualmente sem partido, após deixar o PMDB), chegou ao evento sozinho e foi recebido pelo seu filho, Domingos Neto, e por outros políticos que esperavam a chegada do governador. À imprensa, ele afirmou que vai seguir junto com Cid para o partido que ele indicar. Indagado se irá concorrer ao Governo do Estado em 2014, disse que tem vontade, mas julga ser "precipitado" discutir se a candidatura é viável ou não no momento.

Com a chegada do governador, o Domingos Filho seguiu na comitiva até a sala do encontro. O espaço, contudo, era muito pequeno, o que fez com que muitos filiados tivessem que ficar do lado de fora da sala. Muitos só conseguiram entrar após a saída da imprensa, a pedido do governador e de alguns filiados, os quais alegaram que a reunião era interna. Cid pediu que os repórteres deixassem o local após responder algumas perguntas dos repórteres.

O encontro começou por volta das 20h30. Após cerca de 10 minutos do início, o deputado Mauro Filho deixou a reunião, alegando que iria a um casamento de um familiar apenas "se desculpar por não poder ser padrinho" e que retornaria em 30 minutos. O ex-secretário retornou ao evento antes do fim.

Ciro rebate declarações




Filiação
Muito antes de o governador e o vice chegarem ao hotel, o ex-secretário da Segurança Pública, coronel Francisco Bezerra,chegou discretamente à reunião. Ao Diário do Nordeste, ele afirmou que foi para o encontro, pois vai se filiar ao novo partido indicado por Cid. De acordo com ele, o governador o teria convidado, na época em que deixou a secretaria, a se filiar ao PSB para concorrer a uma vaga de deputado estadual em 2014. "Já me sinto parte da política, mesmo sem ser filiado", comentou.

Outro ex-secretário de Cid que também esteve no evento foi o ex-titular do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), Paulo Henrique Lustosa, o qual está como suplente de deputado federal, na vaga deixada por Domingos Neto. Ao Diário do Nordeste, Lustosa confirmou que vai sair do PMDB nos próximos dias e se filiar ao novo partido indicado por Cid. Segundo ele, o principal motivo é falta de "espaço partidário" dentro do PMDB.

Lustosa comentou que tomou a decisão após conversar, na semana passada, com o senador Eunício Oliveira, presidente estadual da legenda; com Cid e com Domingos Filho. Ele lembrou que, como é apenas suplente, não corre o risco de ter o mandato questionado pelo PMDB. O ex-gestor fez questão de ressaltar que não tem restrições a candidatura de Eunício, mas que defende a ideia de manter a unidade. "Ele por até ser candidato, mas desde que seja com o aval do governador", frisou.

Outros partidos
O deputado estadual Hermínio Resende (PSL) e o suplente de deputado estadual Mailson Cruz (PRB) também estiveram no hotel e comentaram que vão trocar seus respectivos partidos pela nova legenda indicada por Cid. Também presentes no evento, os deputados Osmar Baquit e o vice-líder do Governo na Assembleia, Júlio César Filho, afirmaram que não pretendem mudar de partido e que estavam no local "apenas para apoiar".

Incerteza
Antes do início da reunião, o clima entre parlamentares, prefeitos e outros aliados era de incerteza em relação ao novo partido que o grupo deve se filiar. A maioria dos ouvidos pelo Diário do Nordeste disse não saber de nenhuma informação privilegiada, mas apostou na filiação ao PROS, sobretudo, aqueles que pretendem disputar algum cargo nas próximas eleições, já que a mudança para o novo partido dá a segurança de que não terão o mandato questionado.

Mesmo o governador tendo declarado que Eduardo Campos teria assumido compromisso de não questionar os mandatos, a maioria dos parlamentares se mostrou preocupada com a possibilidade de o Ministério Público ou dos suplentes reivindicarem. Apesar das apostas na filiação ao PROS, quase todos os aliados confessaram não conhecer a nova legenda, deixando claro que a saída do PSB se trata apenas de uma "acomodação política", diante das divergências entre as direções estadual e nacional do partido. 

CRATEÚS Servidores contra regime trabalhista ( Diário do Nordeste)

Crateús. Os servidores públicos municipais desta cidade protestam contra mudança de regime trabalhista. O Sindicato dos Servidores Municipais mobiliza a categoria para pressionar o Legislativo municipal de não aprovar o projeto de lei que trata de mudança de regime trabalhista no município.

A proposta apresentada pela gestão municipal prevê a mudança de regime de celetista para estatutário. O Sindicato considera o projeto um golpe contra os servidores.

Alega que a mudança trará retrocessos para os trabalhadores municipais. Segundo o presidente da entidade, Ricardo Cosmo Júnior, a aprovação do novo regime implica em grandes prejuízos para a categoria.

Dois principais pontos são levantados pelo Sindicato como inaceitáveis. "Se mudar o regime perdemos o FGTS, benefício que nos garante um depósito de 96% ao ano. Outro ponto é que passando para o estatutário, a gestão fica autorizada a criar um fundo de previdência próprio, que pode vir a quebrar".

Segundo ele, no Brasil em cerca de dois mil municípios com o regime estatutário, os fundos de previdência estão quebrados, e que no Ceará dos 54 municípios que os servidores são regidos pelo sistema, em 51 os fundos de previdência estão na mesma situação. "Isso pode ocorrer em Crateús com a aprovação do regime", disse.

A Prefeitura da cidade declarou ontem, por meio de nota, que "o Estatuto é o conjunto de leis e regras referentes aos direitos e deveres dos servidores e a sua implementação possibilitará a adoção de uma política de maior valorização dos servidores públicos, e que não haverá qualquer perda para os servidores de Crateús".

quinta-feira, setembro 26, 2013

Pesquisa Ibope aponta Dilma com 38% e Marina Silva com 16%

Diferença entre atual presidente e ex-senadora foi de 8 para 22 pontos.
Informação é do site de 'O Estado de S. Paulo', que encomendou pesquisa


Pesquisa Ibope divulgada nesta quinta-feira (26) pelo site do jornal "O Estado de S. Paulo" informa que Dilma Rousseff (PT) tem 38% das intenções de voto para presidente em 2014, seguida por Marina Silva (sem partido), com 16%.
Em relação a pesquisa de julho, a diferença entre a atual presidente e a ex-senadora aumentou de 8 para 22 pontos percentuais. Na ocasião, Dilma registrava 30% e Marina, 22%.
O Ibope entrevistou 2.002 eleitores entre os últimos dias 12 e 16 em todas as regiões do país, informou o site. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.Aécio Neves (PSDB) aparece com 11% (13% na pesquisa anterior) e Eduardo Campos (PSB), com 4% (antes, 5%). De acordo com o site, 15% afirmaram que votarão em branco ou nulo e 16% disseram que não sabem em quem votar.
O instituto também simulou um cenário em que o candidato do PSDB é José Serra, em vez de Aécio Neves. Nesse caso, Dilma tem 37%; Marina, 16%; Serra, 12%; e Campos, 4% – 14% dizem que votarão branco ou nulo e 16% não sabem.
Na simulação de segundo turno, Dilma superaria Marina por 43% a 26% (35% a 34% na pesquisa de julho). Contra um candidato do PSDB (seja Aécio ou Serra), Dilva venceria por 45% a 21% e contra Eduardo Campos, por 46% a 14%.

Manifestação por trânsito seguro em Crateús nesta quinta-feira

Foto de Mehssias Gomes.
Acontecerá nesta quinta-feira (26) em Crateús movimento popular pedindo um trânsito mais seguro na cidade.
Encabeçado por Mehssias e Thiago Rodrigues, o movimento com o título “Por um trânsito mais seguro” mobiliza a população por meio das redes sociais.
Criaram uma página no Facebook e fazem o convite à população para participar da manifestação que acontecerá às 17 horas na Rua Gustavo Barroso, no local em que ocorreu o acidente com o garoto Daniel de Sousa Rodrigues, de 7 anos, semana passada.

Toré e Eva: votos decisivos na mudança de regime

Vereadores que se intitulam "independentes" são a esperança dos servidores para a derrota de projeto que pretende instituir o Regime Estatutário no município.

Vereadores Eva e Toré
Os vereadores Eva (PSL) e Toré (PV) são os votos decisivos na votação da proposta de mudança de regime trabalhista dos servidores públicos municipais de Crateús. Ambos se intitulam "independentes" e, apesar de integrarem a base governista, já se posicionaram contra projetos de interesse da gestão municipal.

Em reunião com servidores, Eva chegou a comprometer-se a não votar a favor da proposta, quando as discussões acerca da mudança de regime tiveram início, no início do ano. O posicionamento da vereadora foi determinante para evitar, naquele momento, a tramitação da matéria. Na oportunidade, Eva afirmou na tribuna "que não queria prejudicar ninguém". Foi duramente criticada pelos colegas situacionistas, que cobravam da vereadora mais comprometimento na votação de propostas de interesse da gestão municipal.

Toré também já entrou em atrito com a base aliada. O comportamento do parlamentar "verde"chegou a irritar profundamente o vereador João de Deus (PCdoB), então líder do governo, que teria afirmado que "Toré tinha mais do que ele", referindo-se à quantidade de cargos ocupados por correligionários e apoiadores na administração.

Se Toré ou Eva votar contra a matéria, é provável que o projeto da mudança de regime seja derrotado. Por outro lado, se ambos votarem favoravelmente, em tese, haverá empate, cabendo ao presidente Aldairton (PR) o voto de minerva, provavelmente, a favor da proposta.

Oposição

Os parlamentares oposicionistas já se manifestaram em diversas vezes contra o projeto da mudança de regime. É muito pouco provável que Congundes Soares, Arnaldo Minelvino e Antônio Luiz Jr. os três do DEM, Alesson Coelho e Cabo Bonfim, do PSDB, e Bibi Apolônio (PMDB) mudem seu posicionamento. Zé Humberto (PCdoB), apesar de integrar a base aliada, também já expressou sua opinião contrária ao projeto e deve manter o voto desfavorável à proposta.

Especulações à parte, o resultado da votação só será conhecido logo mais à noite, a partir das 19h, numa sessão histórica da Câmara Municipal de Crateús. 

TCU manda suspender supersalários do Senado

Tribunal também determinou 464 servidores devolvam os valores pagos acima do limite determinado por lei

Plenário do Senado durante sessão deliberativa
Auditoria do TCU apontou 464 servidores do Senado com supersalários (Arthur Monteiro/Agência Senado)
O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou, nesta quarta-feira, que o Senado interrompa o pagamento de salários acima do teto constitucional (28 059,29 reais) e que servidores devolvam as quantias recebidas a mais nos últimos cinco anos – cerca de 200 milhões de reais, no total. Segundo a Agência Brasil, os servidores podem recorrer da decisão ao próprio TCU. Caso o recurso seja negado, eles ainda podem apelar ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Uma auditoria realizada pelo TCU identificou que 464 servidores do Senado recebem salários acima do teto, que é estabelecido de acordo com os vencimentos dos ministros do STF.
“O Brasil precisava fazer isso há muito tempo. Não podemos continuar com salários diferenciados, pessoas ganhando salários de marajás e pessoas recebendo salário mínimo”, disse o presidente do TCU, ministro Augusto Nardes, acrescentando que levará a decisão para o presidente do Senado, Renan Calheiros, na manhã desta quinta-feira.
O relator da matéria, ministro Raimundo Carreiro, chegou a defender que os valores a mais foram recebidos de boa-fé e, portanto, não precisariam ser devolvidos pelos servidores. No entanto, a maioria dos ministros acompanhou o posicionamento do ministro Walton Alencar, que argumentou que os pagamentos eram irregulares e, por isso, teriam de ser devolvidos aos cofres públicos.
Câmara – A mesma decisão foi tomada pelo TCU no dia 14 de agosto com relação aos servidores da Câmara dos Deputados. A diferença é que não houve determinação para que os valores pagos a mais fossem devolvidos. Uma auditoria identificou na folha de pagamentos da Casa 1 100 funcionários recebendo salários acima do teto do funcionalismo.
Segundo Nardes, a estimativa de economia com os salários que deixarão de ser pagos na Câmara e no Senado é 3,3 bilhões de reais em cinco anos.