terça-feira, setembro 03, 2013

Cresce venda de ração para o gado

Com a falta de pasto devido à seca e a instabilidade do milho na Conab, produtores recorrem ao varejo
Crateús O comércio de venda de rações e derivados tem crescido nos últimos meses neste município. O fato se deve à falta de pasto para os animais em decorrência da seca e à instabilidade na venda do milho pelo Programa de Venda em Balcão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os empresários estimam um aumento em torno de 40% nas vendas nos últimos três meses e acreditam que a tendência é que o setor cresça mais, tendo em vista a expectativa de ainda restar em torno de seis meses para a chegada da próxima quadra invernosa.
Nos armazéns de venda de alimento bovino, os comerciantes dizem que a procura pelo produto está crescente e vai aumentar ainda mais FOTO: SILVANIA CLAUDINO

O empresário Manoel Biel, da Biel Rações, que comercializa em torno de oito carretas carregadas de milho vindo dos Estados do Piauí e Maranhão, mensalmente, mostra satisfação com as vendas do produto. Ele diz que, desde 2012, a venda é crescente, como consequência da seca que afeta todo o Nordeste.

Neste ano, inclusive, Biel diz que a previsão era que as vendas elevassem ainda mais, fato que não se concretizou porque muitos produtores não aguentaram manter o rebanho e venderam, reduzindo as suas compras de milho e derivados para comprar a ração animal. Ele comercializa a saca (60kg) de milho a R$ 37. Mas no mercado, há quem cobre bem mais pelo produto.

"Estamos vendendo bem e aumentando as nossas vendas de milho e ração. Este ano, as vendas se elevaram, pois o produtor se esforça para comprar e manter o seu rebanho. Mas com a seca, a gente esperava vender mais, só que este ano muitos produtores já não conseguiram mais manter e alimentar o rebanho, então venderam. Por isso, as vendas não aumentaram ainda mais. Mas nesses últimos meses do ano creio que continuaram elevadas", destaca o experiente empresário, que há 25 anos atua no comércio de Crateús, sendo que há três no segmento de ração animal.

Para o empresário Genival Soares, da loja Irmãos Lima Rações, localizada também no centro deste município, as vendas estão elevadas em função da falta de forragem e de milho no armazém da Conab. A sua meta é estocar o produto.

"Aqui aumentou em 30 a 40% nos últimos três meses e a tendência é de aumentar mais. Estou estocando o produto para o fim do ano", destaca Soares, que está no ramo há quatro anos e traz o milho dos Estados do Piauí e Maranhão.

A saca custa R$ 38 em seu comércio. Vende também farelo, resíduo, soja, suplementos, sal e ração em geral. O produtor compra o milho e os suplementos para compor o farelo.

Para manter o rebanho, o produtor rural se obriga a recorrer às empresas revendedoras do produto na cidade. O produtor amarga prejuízo porque compra o produto mais que o dobro do milho da Conab. Muitos já venderam boa parte do rebanho e "tiram" de seu sustento para alimentar os animais. É o caso do agricultor Luís Rodrigues, da localidade de Grota Verde. Hoje ele possui apenas 20 cabeças de gado e gasta, em média, R$ 500 mensais com a ração.

"No ano passado, nem conto o quanto gastei, bem mais que isso por mês. Então não suportei mais e vendi várias cabeças de gado. Tenho hoje somente 20 e vou me virando para manter, revezando a ração. Tem dia que alimento as vacas paridas, em outro dia, os outros e assim vou levando. Não posso é deixar morrer os bichinhos", ressalta ele.

Distribuição
No escritório regional da Conab, o armazém está lotado de milho. A distribuição, segundo informações dos responsáveis, é realizada nos municípios em forma de revezamento. Na semana passada terminou a entrega aos produtores de Independência, que durou um mês. Ontem, começou a entrega aos quase oito mil produtores de Crateús. É comercializado a R$ 18,10 (saca) para os agricultores familiares e para os demais produtores a R$ 21,00.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, essa é a primeira vez que o milho é distribuído na cidade neste ano, pela Conab. Dessa forma, os produtores se obrigam a comprar o produto no mercado.

Para Francisco Edvar, secretário do Sindicato, o governo deveria encontrar um mecanismo de distribuição permanente, "que garantisse o produto o ano inteiro aos produtores porque dessa forma é muito complicado manter o rebanho".

Mais informaçõesBiel Rações - Rua Moreira da Rocha, 900 - (88) 3691.0938
Irmãos Lima Rações - Rua Gentil Linhares, 91 - (88) 3691.2382 Município de Crateús


SILVANIA CLAUDINOREPÓRTER 

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