segunda-feira, outubro 07, 2013

Estrangeiras atuam em Quiterianópolis

Quiterianópolis. Este é o único município desta região, dos Sertões de Crateús, a receber médicos da primeira etapa do Programa Mais médicos. Duas médicas cubanas, Irma Collazo e Isabel Dolores, já estão atendendo a população desde a última terça-feira, atuando em unidades de saúde, uma na localidade de Santa Rita e a outra na sede. A população se diz satisfeita com o atendimento atencioso e as condutas médicas. De início, porém, a dificuldade tem sido a língua.

A cubana Irma Colazo é a primeira médica da nova equipe, já prestando atendimento na casa dos pacientes residentes nas áreas mais afastadas, tal como a localidade de Santa Rita. A população se diz satisfeita com o trabalho FOTO: SILVÂNIA CLAUDINO

Cinco equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) atendem atualmente a uma população de quase 20 mil habitantes, na sede e zona rural. A meta é estender para oito equipes, número que possibilitará a completa cobertura na atenção básica do município.

A localidade de Santa Rita, inclusive é a mais nova ESF de Quiterianópolis, criada e composta graças ao Programa, já que o município nunca conseguia compor a equipe, devido à falta do profissional médico. A cubana Irma Collazo é a primeira médica da nova equipe, cujos demais profissionais esperam que seja uma longa experiência de três anos, tempo previsto pelo Programa.

"A nossa expectativa é que com o Programa agora haja a criação de vínculo da equipe e continuidade dos tratamentos junto à comunidade. Devido a dificuldade de fixação e a rotatividade de profissionais médicos aqui no município, isso não era alcançado", analisa a enfermeira da equipe de Santa Rita, Lurdes Soares.

Obstáculos
Para ela, os obstáculos com a compreensão da língua das médicas estão menores do que ela esperava e as duas têm o cuidado de falar de forma pausada a fim de serem melhor compreendidas. "Procuro estar sempre perto dela e do paciente para auxiliar na comunicação e considero que está ocorrendo direitinho, sem muitas dificuldades", frisa a enfermeira.

Os pacientes, porém, não são da mesma opinião com relação à língua. Enfatizam logo, de pronto, que não entendem bem o que a médica está falando ou recomendando. Quanto ao atendimento são unânimes em destacar a consulta demorada, a atenção, paciência e os exames corporais (toque, apalpar e escuta). "A consulta foi boa, me examinou, apalpou aqui na minha barriga que é onde me queixo de dor; me examinou todo, muito bem e só com isso já me senti melhor", observa alegre o idoso Francisco Pereira, de 80 anos, residente na localidade de São Miguel, que se consultou pela primeira vez com a cubana Irma, médica com 25 anos de experiência.

"Gostei muito do atendimento, ela é muito atenciosa, mas não entendi bem o que disse. Então perguntei várias vezes para poder entender", dia a dona de casa Luísa Gonçalves, que foi atendida na unidade de saúde.

Ajuda

O dia para as duas médicas é bem atarefado. Trabalham oito horas e uma delas chegou a atender 40 pessoas em um dia. Os atendimentos se dividem em consultas na unidade e visitas domiciliares aos pacientes acamados. Segundo as médicas, nada muito diferente do que faziam em seu país. O clima, a cultura, os costumes também não estão sendo obstáculos para elas, que expressam com naturalidade que vieram para ajudar o povo brasileiro.

"Vim para atender o povo que estava precisando de médicos. No nosso país, é tradição ajudar aos outros povos. Já passei dois anos e meio na África e agora vim para cá com prazer", diz Isabel, que tem 25 anos de experiência em medicina e deixou dois filhos em seu país. "O difícil está sendo a saudade dos filhos, que é muito forte e o esforço para falar o português e ser compreendida, mas as pessoas são muito acolhedoras aqui", acrescenta.

SILVÂNIA CLAUDINOREPÓRTER

ENQUETE

Como avalia a atuação dos profissionais?

"Gostei demais da consulta, porque o doutor Ivan perguntou sobre muitas coisas e insistiu várias vezes se eu estava compreendendo o que ele falava e deu para entender tudo. Foi uma consulta demorada e boa"

Nara Raquel MacedoDona de casa

"Quando estive no consultório do posto não entendi quase nada do que ele falou porque estava um pouco nervosa, mas depois ele veio aqui em casa e já achei melhor. É muito bom ter um médico aqui"

Francisca Moreira de Carvalho
Aposentada 

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