segunda-feira, março 31, 2014

Brasil

Quem tem medo da CPI da Petrobrás?

Diego EscosteguyMurilo Ramos e Leandro Loyola, com Marcelo Rocha, Época
No começo de 2004, os deputados José Janene e Pedro Corrêa, líderes do PP, estavam no saguão de embarque do aeroporto Santos Dumont, no Rio, quando esbarraram com o engenheiro Paulo Roberto Costa, funcionário de carreira da Petrobras e diretor do gasoduto entre Brasil e Bolívia.
Corrêa o conhecia desde o governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. A dupla do PP, que comandava o partido, estava em busca de um nome de confiança para indicar à cobiçada Diretoria de Abastecimento da Petrobras, conforme fora acordado com outra dupla, aquela dupla mais poderosa da República do Brasil naqueles tempos: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Casa Civil, José Dirceu. Os três conversaram rapidamente no aeroporto.
Num átimo, Costa topou. Foi uma decisão que mudou sua vida. E que, dez anos depois, no momento em que a corrupção da Petrobras no passado alcança a fragilidade do governo Dilma Rousseff no presente, pode mudar o futuro político do país. Esse entrechoque entre passado, presente e futuro se dará na CPI da Petrobras – com o avanço do noticiário policial envolvendo a estatal, ela se tornou inevitável.
A soma do passado com o presente da Petrobras ameaça o futuro de Dilma graças à sintonia entre os interesses do blocão, aquele grupo de deputados descontentes com o governo dela, e os presidenciáveis Aécio Neves e Eduardo Campos.
Os dois lados querem derrotar Dilma, cada um por suas razões. Os deputados do blocão trabalham para diminuir os votos que o PT terá nas próximas eleições, nas campanhas para deputado e senador. Temem ser obliterados pela hegemonia do PT e voltar para um Congresso cada vez mais dominado por petistas. Ou pior: nem sequer voltar para Brasília, ao perder seus mandatos para petistas.
Desgastar Dilma é uma das maneiras de diminuir as chances de que eles levem uma sova eleitoral do PT. Aécio e Campos se aproveitam disso para antecipar o desgaste que tentariam aplicar a Dilma somente no segundo semestre. O início da CPI no Congresso é, portanto, o início das eleições.


Riocentro: documentos revelam que Figueiredo encobriu atentado

José Casado, O Globo
Eles sabiam: o presidente João Batista Figueiredo e o general Danilo Venturini, chefe do Gabinete Militar da Presidência, foram informados com mais de um mês de antecedência que o Destacamento de Operações de Informações (DOI) do 1º Exército, no Rio, preparava um atentado terrorista no Riocentro, em 1981.  O chefe do Serviço Nacional de Informações, Otávio Medeiros, chegou a indicar até a fonte — Newton Cruz, o chefe da Agência Central do SNI.
Eles nada fizeram: um mês depois, na noite de quinta-feira 30 de abril de 1981, duas bombas explodiram em torno do pavilhão, enquanto Elba Ramalho cantava “Banquete de Signos” para milhares de pessoas. O show pelo Dia do Trabalho, com participação de 30 artistas, era promovido pelo Centro Brasil Democrático (Cebrade), vinculado a partidos de oposição ao regime militar.
Uma bomba detonou no colo do sargento paraquedista Guilherme Rosário, dentro do Puma conduzido pelo capitão de infantaria Wilson Chaves Machado (foto abaixo). O carro estava em movimento, o que impede determinar o local escolhido para a explosão. No estacionamento, seria um ato intimidador. Na porta ou dentro do show, um massacre. 




Para debelar crise e diminuir desgaste, Dilma recorre a Lula

Fernanda KrakovicsLuiza Damé e Catarina Alencastro, O Globo
A atual crise na Petrobras opõe, de forma direta, os governos Dilma e Lula. Ao tentar se livrar do desgaste de ter aprovado a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, quando era ministra da Casa Civil e presidia o conselho de administração da estatal, a presidente Dilma Rousseff acabou levantando suspeitas sobre a gestão de José Sergio Gabrielli, indicado para a presidência da empresa por Lula. Ao ser eleita, Dilma indicou para o cargo a atual presidente Graça Foster.
Ainda assim, a presidente se vê diante de uma situação inusitada: para enfrentar a crise provocada pelas denúncias contra a empresa, a presidente leva em conta os conselhos das pessoas de seu entorno, principalmente do ex-presidente Lula. A queda de sete pontos percentuais na popularidade do governo, de acordo com pesquisa CNI/Ibope divulgada na última quinta-feira, também fez com que a equipe do Planalto entrasse em alerta e buscasse no ex-presidente combustível para lidar com o momento político.
Lula acaba então fazendo o papel de bombeiro, trabalhando para tentar melhorar o ambiente, tanto com empresários quanto no próprio PT. Antes mesmo de estourar a crise que envolve os diretores da Petrobras durante o governo Lula, o ex-presidente dava mostras de impaciência e vinha criticando reiteradamente o estilo de Dilma. O ex-presidente costumar dizer que ela tem que conversar mais, mediar, fazer mais política, ouvir. Para o petista, ela conversou pouco com o setor produtivo - que tem reclamado muito do governo - e os com movimentos sociais.



                                 Dilma recorre a Lula - Foto: Ailton de Freitas


Campos diz que Bolsa Família é um ‘direito de cidadania’

Letícia Lins, O Globo
Pré-candidato do PSB à sucessão presidencial, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (foto abaixo), defendeu a universalização do Bolsa Família, e disse que o programa representa uma conquista social, "um direito da cidadania" tão grande quanto foi a criação do salário mínimo, no governo do ex-presidente Getúlio Vargas.
Afirmou, no entanto, que aquele que é hoje o programa mais popular das gestões do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, na realidade, é uma versão melhorada das iniciativas implantadas no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
— O Bolsa Família é uma conquista importante da democracia. Foi uma evolução de programas criados por Fernando Henrique Cardoso, que Lula melhorou. No tempo do (ex-presidente) Fernando Henrique tinha Bolsa Gás, Bolsa Escola, e Lula ajudou a ampliar, assim como uma casa, que você reforça o alicerce, aumenta o telhado, e faz um imóvel ainda maior — disse. 


Foto: Hans von Manteuffel / O Globo 


Por que os doleiros sempre escapam?

Veja
Alberto Youssef é um nome conhecido das autoridades brasileiras. O doleiro agora investigado por participar de um esquema de lavagem de 10 bilhões de reais, preso pela Polícia Federal na operação Lava Jato, deixou suas digitais em outros escândalos, como na movimentação de cerca de 1 bilhão de dólares no caso Banestado, entre outras façanhas.
Como é possível que uma figura sabidamente adepta de práticas ilegais e reincidente em crimes mantenha-se em atividade, apesar do avanço dos métodos de rastreamento de transações financeiras? Um facilitador para a ação de doleiros, destaca o juiz federal José Paulo Baltazar Júnior, especializado em lavagem de dinheiro, é a dificuldade de se atacar o patrimônio dos criminosos.
Para o magistrado, os envolvidos em crimes do ‘colarinho branco’ apoiam-se na manutenção de seu poder econômico para perpetuar a montagem de esquemas de movimentação clandestina de divisas.


PF faz mais prisões e acha meia tonelada de droga na Maré

O Globo
Pela primeira vez no processo de pacificação, a Polícia Federal trabalhou ativamente no planejamento da operação para ocupar o Complexo da Maré, em parceria com as polícias Civil e Militar, e, só na manhã deste domingo, os agentes do órgão prenderam seis pessoas ligadas a uma das facções que controlam a venda de drogas na região. Entre os presos, estava a ex-namorada de Menor P, chefe do tráfico da Maré.
O traficante já tinha sido preso pela PF na última quarta-feira, depois de ter sua rotina acompanhada por um ano e monitorada por um veículo aéreo não-tripulado (Vant). Todos os presos ontem eram investigados pela Operação Maioridade e estavam com a prisão preventiva decretada pela Justiça estadual.


Foto: Sérgio Moraes / Reuters 


SP: marcha que festeja 50 anos do golpe reúne 150 pessoas

Tatiana Farah, O Globo
Com bolo e “Parabéns a você”, cerca de 150 pessoas festejaram neste domingo, na avenida Paulista, os 50 anos do golpe militar. Chamada de segundo ato da “Marcha da Família”, a manifestação reuniu grupos conservadores que se organizam geralmente pelas redes sociais.
Os manifestantes se revezavam ao microfone com declarações de apoio a uma intervenção militar e de crítica pesada ao PT e à presidente Dilma Rousseff, que, segundo eles, teriam implantado o comunismo no Brasil.
Pessoas que passavam pela avenida paravam por poucos minutos para assistir ao protesto, que ocorreu debaixo de chuva, e seguiam seus caminhos. Em carros, alguns motoristas e passageiros chegaram a vaiar os manifestantes.
Portando cartazes, participantes pediam que os motoristas buzinassem caso quisessem o fim do governo ou a até a prisão da presidente. Poucos automóveis aderiam. Os motoristas que vaiavam eram logo repreendidos com afirmações como “Vão morar em Cuba!”. 


Governo mantém segredo sobre recursos do fundo de pobreza

Thiago Herdy, O Globo
O governo brasileiro trata como sendo secretos detalhes sobre a aplicação de recursos públicos no Fundo IBAS de Alívio a Pobreza, que desde 2004 recebe um investimento anual de US$ 1 milhão. A gestão do fundo é compartilhada com Índia e África do Sul, que todos os anos investem o mesmo valor.
A ONG Conectas Direitos Humanos solicitou acesso a relatórios de avaliação de impacto dos projetos apoiados pelo fundo e também o detalhamento financeiro das despesas de cada projeto, mas teve o pedido recusado em todas as instâncias previstas pela Lei de Acesso à Informação. Agora a organização planeja acionar o governo na Justiça.
Órgão estatal, a Controladoria-Geral da República (CGU) chegou a produzir um parecer de 17 páginas em defesa da disponibilização dos dados, mas o ouvidor-geral da União, José Eduardo Romão, optou por negar a recomendação de acesso. Ele alega ter sido informado por uma oficial do Ministério das Relações Exteriores de que o governo brasileiro não detinha as informações solicitadas pela organização. 


Bolsa em fase otimista, apesar de rebaixamento do Brasil

João Sorima Neto, O Globo
Apesar do rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, a Bolsa brasileira parece estar recuperando fôlego. Nos últimos dez pregões, o Ibovespa, índice de referência do mercado, subiu em nove deles, acumulando ganho de 10,6% nesse período.
Para o pequeno investidor, que no ano passado se livrou de sua carteira de ações, fugindo de uma perda de 15,5% no Ibovespa, pode ser o momento de começar a olhar a Bolsa com mais atenção. Especialistas dizem que pode estar se abrindo uma janela de oportunidade para voltar a investir em renda variável, apesar da flutuação do mercado em ano de eleição. O risco, alertam, é a Bolsa cair tão rápido quanto subiu.





Reunião não põe fim a impasse entre EUA e Rússia quanto à Ucrânia

BBC Brasil
Estados Unidos e Rússia não entraram em acordo quanto à crise ucraniana, após quatro horas de reunião bilateral em Paris, informou neste domingo o secretário de Estado americano, John Kerry (foto abaixo). 
Kerry afirmou que os EUA ainda veem a intervenção russa na Crimeia como "ilegal e ilegítima".
Mais cedo, o chanceler russo Sergei Lavrov havia dito que a prioridade russa é garantir a neutralidade e a federalização da Ucrânia - de forma que haja representação política de todos os grupos de interesse do país, incluindo populações étnicas russas no leste e sul.  Também disse que a Rússia "concordou em trabalhar com o povo ucraniano em busca de prosperidade" e em um processo de reforma constitucional.





Extrema-direita vence em 11 cidades, mas socialistas mantêm Paris

O Globo
O presidente François Hollande deverá considerar uma possível reforma ministerial nesta segunda-feira, depois da "goleada" sofrida pelos socialistas nas eleições municipais deste domingo, nas quais o partido de extrema-direita Frente Nacional (FN) obteve vitória em um número recorde de cidades.
Resultados iniciais mostram que o partido protecionista e anti-União Europeia, liderado por Marine Le Pen, vai assumir o controle de pelo menos 11 cidades do país, ultrapassado com folga o recorde dos anos 1990, quando conquistou quatro.
Pelo menos outras 140 cidades seguiram uma mudança de direção política, indo da esquerda para a oposição conservadora, em um movimento que pode ser traduzido como um golpe a Hollande, por causa de sua tentativa considerada fracassada de alavancar a segunda maior economia da Zona do Euro e, sobretudo, de enfrentar a alta taxa de desemprego, que se mantém em 10%.

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