sábado, junho 07, 2014

Agricultores Familiares movimentam Crateús

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A programação do evento também contou com apresentações culturais que mobilizaram moradores de municípios da região
FOTOS: LUANNA LEITÃO
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Nas barracas, os agricultores comercializaram produtos alimentícios e também artesanato feitos pelas famílias. Público consumidor aprovou a ideia
Crateús. Foi encerrada ontem, neste município, X Feira da Agricultura Familiar e Economia Popular Solidária. O evento aconteceu na Praça Gentil Cardoso, numa promoção de parceria entre a Cáritas Regional, Secretaria Municipal de Agricultura e Fetraece. Segundo a coordenadora da Cáritas Diocesana de Crateús, irmã Erbênia Sousa, a feira surgiu com a necessidade de viabilizar as vendas do excedente da produção da agricultura familiar na região.
Ela também destacou que o evento objetivou potencializar as atividades dos pequenos produtores. Atualmente, são cerca de 20 organizações que promovem o evento.
A feira buscou mobilizar representantes dos Sertões dos Inhamuns e Crateús, compreendendo 20 municípios. Mas também participaram representantes de cidades como Fortaleza, Tianguá, Limoeiro, Itapipoca, Sobral e Crato.
Segundo os organizadores, a ampliação dos participantes decorre da importância que a feira tomou no Estado. Eles afirmam que o evento permite o intercâmbio entre os produtores, além da exposição e comercialização dos produtos regionais.
Foram 190 empreendimentos representados, por meio de 400 agricultores. Cada projeto possui cerca de quatro pequenos produtores. A feira é organizada com base em quatro pilares: dar visibilidade, comercializar, articular e qualificar a produção da agricultura familiar. 50% dos itens à venda são alimentos e produtos medicinais; e os outros 50% são artesanatos como crochê e bordados.
De acordo com irmã Erbênia, a feira permite um resgate cultural, dando visibilidade aos talentos, valores e vocações locais. O evento fortalece a comercialização, mas de forma justa, solidária, inclusiva e não apenas ao mercado lucrativo. Durante o evento, aconteceram oficinas de capacitação nas áreas de interesse do público participante.
Cada organização ficou responsável por um setor. As capacitações foram voltadas, prioritariamente, para os agricultores, mas aberta para toda a população. As áreas abordadas foram medicina alternativa, economia popular solidária, políticas públicas e cultura.
Preço justo
Os valores dos produtos cobrados aos consumidores foram estabelecidos por uma assembleia geral, que é feita no início do evento. A meta é determinar preços justos, de modo a não encontrar valores diversificados em cada barraca.
Segundo a organização, o objetivo não é estabelecer uma competição entre os participantes, mas possibilitar uma economia justa e solidária. A referencia de valores é estabelecida pela Conab, através da tabela dada pelo Estado sobre os valores dos produtos agrícolas.
Segundo a coordenação de comunicação, a feira ocorre na semana do meio ambiente para disseminar a ideia da sustentabilidade na natureza e na sociedade. Todos os produtos vendidos na feira resultam de manejos 100% orgânicos, ou seja, sem uso de agrotóxicos.
Dentro da proposta da feira, tem-se ainda a ideia de trabalhar com a seca para não ser uma ameaça, Irmã Erbênia afirma ser a seca uma realidade local. Essa realidade é trabalhada através da tecnologia a fim de não causar prejuízos na produção. "Mesmo em tempo de seca há produção, não em mesma quantidade, mas numa quantidade necessária. Há uma política de acompanhamento para inserir a tecnologia a fim de não causar prejuízos, como forma de garantir a sustentabilidade de produção",afirma a coordenadora.
"A feira é fundamental para convocar a população a refletir sobre a importância da produção agrícola de uma forma correta, sem uso de agrotóxicos. Dizer que a agricultura familiar é sustentável e tem potencial capaz de ofertar ao mercado cotidiano da cidade, além do intercambio entre os feirantes", disse ela.
"O evento permite que entidades governamentais e não governamentais trabalhem juntos, respeitando o papel e a missão de cada um. Pois juntos podemos buscar uma sociedade mais alternativa, justa, participativa. Provamos que um outro mundo é possível com as nossas ações", completou.
O incentivo à agricultura familiar permite o fortalecimento do trabalho no campo e evita o êxodo rural. Também dissemina o conhecimento dos manejos no semiárido, com a utilização de tecnologias de convivência com este ambiente típico da região Nordeste. Os agricultores passam a conhecer as formas sustentáveis de produção e consumo.

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