terça-feira, dezembro 23, 2014

Graça Foster reafirma que ex-gerente não foi clara em relação a denúncias

Ao JN, presidente da Petrobras disse que Venina nunca falou em corrupção.

No domingo (21), ex-gerente da estatal concedeu entrevista ao Fantástico.

Do G1, em Brasília










A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse nesta segunda-feira (22), em entrevista exclusiva ao Jornal Nacional, que recebeu mensagens e conversou pessoalmente com a ex-gerente da estatal Venina Velosa da Fonseca antes de ser deflagrada, em março, a Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na empresa. Graça, no entanto, reafirmou que a ex-gerente não foi clara em relação às denúncias de irregularidades e que em um e-mail longo enviado em outubro de 2011 não mencionou em "nenhum momento" em corrupção, fraude, cartel ou conluio.
"Os e-mails que eu recebi da Venina foram e-mais de feliz aniversário, e-mail relativo quando eu tomei posse na Petrobras. Um primeiro e-mail, que foi o primeiro que ela cita, que fala de abril de 2009, simples compreensão. E este quarto e-mail, de outubro de 2011. Ele é um e-mail longo, bastante emocionado, cheio de preocupações dela e, em quatro linhas, ela faz alguns comentários que me pareceram assim bastante cifrados, quando ela fala em licitações ineficientes. Ontem [domingo], ela explicou o que que é o projeto esquartejados e tal. Em nenhum momento, nenhum momento, ela fala em corrupção, fraude conluio, cartel. São palavras muito simples de serem entendidas", ressaltou Graça Foster.
Em nenhum momento, nenhum momento, ela fala em corrupção, fraude conluio, cartel. São palavras muito simples de serem entendidas"
Graça Foster, presidente da Petrobras
A dirigente chamou atenção para o fato de a ex-gerente da empresa alegar ter enviado os alertas em e-mails, mas nunca ter se preocupado em confirmar o recebimento das mensagens.
"Eu acho também que quando a gente manda um e-mail para alguém tão importante, telefona, manda uns anexos, chama o chefe de gabinete. Também não houve isso, então, logo depois, em fevereiro, ela pediu para falar comigo e a gente conversou sobre diversos assuntos", destacou Graça.
A presidente da Petrobras disse que recebeu Venina em seu gabinete pouco depois de assumir o comando da estatal, em fevereiro de 2012, e que, no encontro, não ouviu acusações de corrupção. “Nenhuma denúncia. Conversamos sobre custos de projetos, prazos de projetos mais longos que os previstos e atitudes que eu deveria tomar”, relatou.
Além de negar ter sido advertida nos e-mail enviados por Venina sobre desvios na petroleira, a presidente da Petrobras afirmou que a ex-gerente "jamais" tratou do assunto nas reuniões de diretoria de sua gestão e inclusive nas do ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli.
"Jamais, nas reuniões de diretoria que eu participei, e olha que eu para faltar uma reunião de diretoria é dificil, não houve denúncias em nenhuma das reuniões de diretoria da Petrobras", observou Graça.
 A versão de Venina
Depois de ouvir Graça Foster, o Jornal Nacional conversou por telefone com a ex-gerente da Petrobras. Ao JN, Venina disse que nunca usou a palavra "corrupção" nas mensagens enviadas por e-mail à presidente da estatal, porém, reafirmou que fez alertas a Graça Foster sobre a existência de irregularidades na área de comunicação e nos processos de licitação.
Ainda segundo a ex-gerente, as licitações e os projetos eram feito de forma ineficiente para dificultar o acompanhamento. Venina ressaltou que, "como qualquer gestor", a presidente da Petrobras deveria tê-la chamado para novas conversas diantes desses alertas que ela fez.
A ex-gerente também enfatizou ao JN que nunca pediu para ir para Cingapura. Segundo Venina, ela foi mandada para o país asiático por falta de opção no Brasil.
Fantástico
Neste domingo (21), Venina disse em entrevista ao Fantástico que informou pessoalmente à presidente da Petrobras sobre desvios em contratos de diversos setores da companhia, quando a executiva era diretora de Gás e Energia. A ex-gerente contou que “percebeu que havia irregularidades” em 2008 e que, desde então, reportou problemas aos superiores, entre eles o gerente-executivo, diretores e a atual presidente.
Em café da manhã com jornalistas na manhã desta segunda, a presidente Dilma Rousseff saiu em defesa de Graça Foster. A petista disse aos repórteres que confia na executiva e que não vê necessidade de tirá-la do comando da estatal.
“Ela [Graça Foster] disse que, diante de toda essa exposição, se a Petrobras for prejudicada de alguma forma – ou o governo – ela, então, coloca o cargo à disposição sem o menor constrangimento. Eu falei para ela que, do meu ponto de vista, isso não é necessário”, contou Dilma.

Na primeira fase da operação, deflagrada em março deste ano, foram presos, entre outras pessoas, o doleiro Alberto Youssef, apontado como chefe do esquema, e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Entenda a Lava Jato

A operação Lava Jato começou investigando um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. A investigação acabou resultando na descoberta de um esquema de desvio de recursos da Petrobras, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
A sétima fase da operação policial, no mês passado, teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras em um valor total de R$ 59 bilhões.
Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF e da Polícia Federal. Ao todo, foram expedidos na sétima etapa da operação 85 mandados em municípios do Paraná, de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Pernambuco e do Distrito Federal.
Conforme balanço divulgado pela PF, além das 25 prisões, foram cumpridos 49 mandados de busca e apreensão. Também foram expedidos nove mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a ir à polícia prestar depoimento), mas os policiais conseguiram cumprir seis
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