sábado, janeiro 31, 2015

Cúpulas do PT e do PSDB tentam vencer resistência

Os nomes de Arlindo Chinaglia (PT) e de Júlio Delgado (PSB) têm, respectivamente, apoio oficial do PT e do PSDB


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O PSDB forma a terceira maior bancada, com 54 deputados. Apesar da pressão do partido, o PSB não deve ter 100% dos votos tucanos
FOTO: AGÊNCIA CÂMARA
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O catarinense corre por fora com quatro votos no próprio partido e com adesões da oposição. Renan tem o apoio de 15 dos 19 senadores do partido
FOTOS: AG.SENADO
Brasília. As cúpulas do PT e do PSDB enfrentam resistências dentro de suas bancadas no Congresso Nacional quanto à orientação dada por elas para as eleições das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado que ocorrem amanhã. A eleição pela presidência da Câmara ameaça abrir um "racha" na base aliada da presidente Dilma Rousseff (PT).
E em meio a este cenário, os dois principais candidatos usam a mesma tática: prometem abrir mão de espaços aos quais têm direito na Mesa Diretora e nas comissões temáticas para tentar seduzir partidos indecisos.
Tanto o líder do PMDB Eduardo Cunha (RJ), considerado favorito, quanto o atual vice-presidente Arlindo Chinaglia (PT-SP) indicaram que suas legendas vão abdicar de vagas na estrutura de comando da Casa.
Até agora, Cunha conta oficialmente com o apoio do PMDB, PTB, DEM, SD, PSC, PHS e PRB - este, no entanto, está sob forte pressão do Planalto e ameaça rever sua posição. Chinaglia, por sua vez, tem consigo o PT, PSD, PDT, PROS, PCdoB e o PEN. Júlio Delgado, do PSB, tem apoio oficial do PSDB, PPS e PV. Correndo por fora está Chico Alencar, cuja legenda, o PSol, tem cinco deputados.
Não é dado como certo que todos os deputados do PT sigam a orientação partidária de votar no correligionário Chinaglia. Isso porque há a avaliação de que sua vitória enfraqueceria ainda mais a corrente majoritária petista Construindo Um Novo Brasil, que perdeu espaço para correntes minoritárias na nova divisão de poder promovida pela presidente Dilma Rousseff no segundo mandato.
Os interlocutores prometem concessões. "O PT vai abrir mão de parte dos seus espaços. Vai fazer esse esforço, esse sacrifício", disse ontem o líder do governo na Casa, deputado Henrique Fontana (PT-RS).
Sem revoada
A sinalização de parte dos deputados tucanos em abandonar a candidatura à presidência da Câmara de Júlio Delgado (PSB-MG), levou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG) entrar em campo ontem para tentar diminuir a debandada dos correligionários.
O palco para um posicionamento mais firme em prol da candidatura do PSB foi o encontro promovido em Brasília pela bancada da Câmara. Aécio foi enfático e defendeu veementemente a candidatura do PSB. O gesto foi feito numa tentativa de demonstrar gratidão ao apoio concedido pela legenda no segundo turno presidencial.
Até ontem, alguns setores do PSDB, em especial o de São Paulo, sinalizavam o desejo de apoiar a candidatura de Cunha. Nas negociações estavam em jogo a disputa por espaços estratégicos dentro da Casa como a vice-presidência das Casas e principais comissões. "Isso não é o mais relevante. Não acho que é mais importante para o PSDB ter um espaço na Mesa, mas sim manter a coerência política", ressaltou Aécio.
O PSDB tem a terceira maior bancada, com 54 deputados. Apesar da pressão de cúpula do partido, dificilmente o PSB terá 100% dos votos tucanos amanhã. "Acredito que se recuperou substancialmente os votos, mas nunca se terá todos eles", disse o vice-presidente do PSDB, deputado Bruno Araújo (PE).
Os socialistas deixaram o governo Dilma um ano antes da eleição quando lançaram candidato à disputa do Palácio do Planalto. Após a reeleição de Dilma, alguns setores do PSB pressionam para retomar a aliança.
PMDB oficializa nome de Renan

Brasília. O PMDB oficializou ontem o nome do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), como candidato oficial da legenda na eleição de domingo que elegerá a nova Mesa Diretora da Casa. Renan teve 15 votos contra 4 do senador Luiz Henrique (SC), que também lançou sua candidatura. A bancada tem 19 senadores.

Agora, com sua candidatura oficializada, ele afirmou que terá mais liberdade para pedir apoio dos outros partidos. O PT está dividido. Apesar da pressão feita pelo Palácio do Planalto para que os petistas votem em Renan, a bancada da sigla ainda não fechou posição - alguns petistas, nos bastidores, admitem ter simpatia pela candidatura de Luiz Henrique.

O catarinense tem só quatro dos 19 votos do próprio partido - o dele mesmo, de Ricardo Ferraço (ES), de Waldemir Moka (MS) e de Dario Berger (SC). Mas, ontem, anunciou ter o apoio das bancadas de PSDB, DEM, PSB, PDT, PP, PSOL e PPS, que, juntos, têm 35 senadores.

Seus aliados admitem, porém, que o peemedebista não terá os votos de todos os senadores dessas legendas. “Se não pela unanimidade, estamos aqui pela maioria expressiva desses partidos”, disse o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN).

Essa é a segunda vez que o PMDB terá dois candidatos a presidente do Senado. A primeira foi no ano de 1987, quando Humberto Lucena - tio do atual senador Cícero Lucena (PSDB-PB) - disputou o cargo contra Nelson Carneiro. Lucena venceu por 67 votos a 1 voto.

Planalto

Durante o lançamento de sua candidatura, Luiz Henrique disse que manteria a prerrogativa dos petistas, donos da segunda maior bancada, de indicar o primeiro vice-presidente da Casa. Disse também que, se eleito, sua primeira ação seria pedir uma reunião com a presidente Dilma Rousseff para dizer que não será “subserviente” nem “antagônico” ao governo.

Calheiros não quis comentar o apoio dado pelo Planalto a sua candidatura. O líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), também desconversou. “Não conheço a posição do Planalto. Eu conheço a posição do meu partido”, disse o cearense. Apesar disso, ele relatou que a ministra da Agricultura, senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), também esteve na reunião e votou pró-Renan.

Como já tinha tomado a decisão “irrevogável” de entrar na disputa, anunciada dia 27, Luiz Henrique optou por não participar da reunião do PMDB, e encaminhou carta aos colegas comunicando a candidatura avulsa.
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