quinta-feira, março 05, 2015

LAVA-JATO Senador teria direito a propina maior, diz Costa

Segundo Paulo Roberto Costa, deputado do PMDB do Ceará seria o "representante" de Renan Calheiros
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O senador Renan receberia valores que excediam os 3% que seriam repassados a políticos envolvidos no esquema, segundo Costa
FOTO: AGÊNCIA SENADO
São Paulo e Curitiba. O deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) afirmou ontem que nunca foi interlocutor do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Em delação premiada, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que o presidente do Senado usava o parlamentar como "interlocutor dos contatos com a diretoria - reduto do PP no esquema de corrupção e propina investigado pela Operação Lava-Jato.
Segundo o delator, o aliado de Renan apresentava-se como "representante" do senador. Costa afirmou que o presidente do Senado recebeu propina em contratos da Diretoria de Abastecimento e que, na prática, pagamentos ao peemedebista "furaram" o teto de 3% estabelecido a repasses a políticos no esquema.
"Ressalto que nunca fui interlocutor do Senador Renan, nem de quem quer que seja, junto a qualquer órgão, e que todas as minhas reivindicações são feitas dentro de relações institucionais e de minha total responsabilidade. Nunca me envolvi em irregularidades junto à Petrobras, ou qualquer outra estatal, de natureza direta ou indireta", reagiu o deputado cearense.
O esquema que foi desbaratado a partir de março de 2014 envolvia, segundo as investigações, o loteamento de diretorias da Petrobras pelo PT, PMDB e PP. Por meio delas, eram arrecadados entre 1% e 3% de propina em grandes contratos.
Segundo Costa, a propina excedeu os 3% para que "fosse incluído um valor para Renan".
Para a força-tarefa do Ministério Público Federal, o delator afirmou que entre 2007 e 2008, o emissário peemedebista procurou por ele e disse que Renan "mandou pedir" que a Petrobras "passasse a contratar uma empresa, a Serveng-Civilsan". Na época, Costa ocupava a Diretoria de Abastecimento da estatal.
Aníbal Gomes teria dito que Renan queria que o grupo paulista Serveng-Civilsan pudesse participar das licitações da estatal. A Lava-Jato descobriu que um seleto grupo de empreiteiras detinha exclusividade em praticamente todas as áreas estratégicas da Petrobras.
"O senador Renan Calheiros é meu companheiro de partido e uma das nossas principais lideranças, o conheço desde o meu primeiro mandato, que se iniciou em 1995", disse.
"Conheci o Dr. Paulo Roberto há alguns anos, já como Diretor da Petrobras, engenheiro de carreira, muito atencioso e reconhecido junto aos funcionários daquela instituição como um gestor competente e respeitado", disse Aníbal Gomes, que foi prefeito de Aracaú (CE) no período de 1989 a 1993.
O Grupo Serveng atua em áreas diversas, inclusive energia, mineração, engenharia e construção. Costa não citou contratos da estatal com a empresa que teria sido indicada por Renan. A Serveng-Civilsan foi contratada para obras da Refinaria Premium I, em Bacabeira (MA).
A reportagem fez contatos com a assessoria de Renan Calheiros e do Grupo Serveng, mas eles não se manifestaram.
Ontem, advogados do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), encaminharam ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido para terem acesso aos "processos ou procedimentos" em que o parlamentar tenha sido citado, em referência aos pedidos de abertura de inquérito contra supostos envolvidos na Lava-Jato.
PSDB
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), acusou ontem o governo de ter atuado para incluir a oposição na lista dos políticos acusados de envolvimento em corrupção da Petrobras. O nome do senador foi citado pelo delator da Lava- Jato, Alberto Youssef, mas o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, considerou que não havia indícios para abertura de inquérito e sugeriu ao Supremo Tribunal Federal arquivar o caso envolvendo o tucano.
Questionado sobre quem do governo teria atuado junto aos investigadores para prejudicá-lo, Aécio não respondeu.
Aécio afirmou que não sabe de nada a respeito das citações ao seu nome no processo da Lava Jato e disse não ter interesse em se informar. O senador disse ainda que não foi comunicado pelo procurador Rodrigo Janot de que seu nome havia sido mencionado nas delações.

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