terça-feira, abril 21, 2015

Aliados negam distanciamento

Protestos têm centrado críticas no PT, deixando isentos partidos aliados citados em escândalos de corrupção no País

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O deputado Danilo Forte diz que a postura crítica do PMDB em relação ao Governo não decorre do medo de ser atingido pelo desgaste do PT
FOTO: JOSÉ LEOMAR
A série de críticas recentes ao Governo Federal tem recaído sobre o PT quase que de forma exclusiva, deixando os partidos aliados à gestão de Dilma Rousseff fora do centro das manifestações de insatisfação declaradas em protestos ou em pesquisas de opinião. Quais são, no entanto, as razões pelas quais as demais agremiações têm atravessado a crise sem tanto desgaste e qual é o temor de cada sigla de sofrer com consequências negativas pela proximidade com o PT?
Nenhuma das legendas que acompanharam a reeleição da presidente da República deixou a base de Dilma Rousseff, apesar de a maioria evitar fazer contundentes defesas dos petistas nesse cenário de crise. Os representantes no Ceará dos partidos aliados negam haver discussões sobre o temor com os desgastes das manifestações, mas não escondem as críticas à condução do Governo Federal neste início de ano.
A professora de ciência política Carla Michele Quaresma avalia que as manifestações concentradas contra o PT são explicadas pelo ressurgimento do sentimento de rejeição comum na década de 80. "Essa parcela da população se sente ameaçada e incomodada com todo esse cenário de instabilidade econômica", opina a docente.
Instável
Sobre o distanciamento dos aliados, ela diz não avaliar o fato como consequência do temor em vincular a imagem ao PT, mas como o resultado da formação de uma base aliada instável. Para a professora, os partidos da base da presidente Dilma mantêm o apoio apenas enquanto o cenário for favorável à permanência da aliança. "A Dilma construiu uma base aliada em que ela não pode confiar (...) É uma aliança suspeita", ressaltou.
O líder do PROS na Câmara Federal, o deputado cearense Domingos Neto, negou que seu partido tenha medo de sofrer retaliação da sociedade por estar junto à base de sustentação da presidente Dilma Rousseff. "Não tem como essa crise cair para um partido que não tem ministérios. Portanto, por que o PROS entraria nesse rol? Existem partido que estão desde o início do governo na esplanada dos ministérios, mas o PROS não faz parte dessa lista", justificou.
Quanto à postura do PROS na Câmara Federal, Domingos Neto salientou que o partido não acompanhou a orientação governista em algumas votações quando entendeu que a análise do Governo Federal não era a melhor opção. "Ninguém pode partir preocupado em não colar a imagem ao PT. Nos momentos em que nós não acompanhamos o Governo Federal nas votações é porque o partido não entende ser o melhor. O problema é que o governo entra em algumas disputas que não são do Governo. Esse projeto das terceirizações, por exemplo. Era uma briga do PT", destacou.
Oposição
Já o deputado Danilo Forte (PMDB) alegou que a postura adotada por parte do PMDB de quase oposição à gestão da presidente Dilma Rousseff nunca teve o propósito de tentar deixar o partido a salvo das manifestações contra o PT. "O propósito não foi nem esse, até porque essa discussão foi iniciada em 2012. Desde 2012, que a bancada do PMDB na Câmara não concorda com esse projeto de hegemonia do PT", destacou.
Quanto às razões de o PMDB não ser atingido pelas críticas, Danilo Forte avaliou que se deve à postura diferenciada da sigla. "A gente tem tido a postura de mostrar diferenciação até no ponto de vista programático".
O deputado Ronaldo Martins (PRB) ressaltou que a postura do PRB de contrariar interesses do Governo Federal não é justificada por esse temor, mas por não se comportar só como partido da base que aceita todas as orientações governistas. "Não tem esse medo, até porque o PRB não está envolvido em nada. E mesmo se estivesse, tenho certeza de que o presidente do partido tomaria todas as medidas cabíveis", frisou, alegando que o PRB apoia o que é melhor para a população nas votações do Congresso.

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