quinta-feira, abril 30, 2015

‘PT só ganha (votação) quando temos pena’, diz Cunha durante jantar do PMDB

Presidente da Câmara destaca protagonismo do partido e diz que onde o aliado vai ‘está todo mundo contra’

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BRASÍLIA - Em jantar do PMDB, o PT virou prato principal. Entre 40 e 50 deputados do partido decidiram confraternizar na noite de terça-feira, no apartamento de Newton Cardoso Júnior (MG) — o filho do ex-governador mineiro Newton Cardoso. No cardápio, dadinhos de tapioca, linguiça mineira e arroz carreteiro. Aos apreciadores, estava disponível uma cachaça de Salinas (MG), cidade famosa pela qualidade de sua aguardente. 
O toque político, no entanto, foi dado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, em discurso de três minutos, enalteceu o atual “protagonismo” do PMDB na Câmara e foi irônico, fazendo troça com as seguidas derrotas do PT em votações no plenário. Em pé, a seu lado, estava o ministro do Turismo, o peemedebista Henrique Eduardo Alves. O ministro Eliseu Padilha, da Secretaria de Aviação Civil, também compareceu.

Para gargalhadas dos convidados, Cunha disse que o PT só ganha votação na Câmara quando o PMDB fica com pena:
— Muito bom ver essa bancada unida. É um bom momento para todos nós. Não ter dependido do PT e da oposição (para ganhar a eleição de presidente da Casa) permitiu ao PMDB esse protagonismo político. 

E nos deu a liberdade para fazer o que estamos fazendo. É só olhar. É impressionante. Onde o PT vai, está todo mundo contra. No plenário... Impressionante. 

O PT não ganha uma votação. Só quando a gente fica com pena na última hora.
Outro deputado do PMDB, aproveitou a deixa do presidente e comparou o desempenho do PT na Câmara à sofrida goleada imposta pela seleção da Alemanha ao Brasil na Copa do Mundo de 2014.

— Isso aí. É 7 a 1 — disse o deputado.
Todos em pé, ao redor da mesa, celebravam. O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), deu vivas ao anfitrião mineiro. Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), em bronca humorada, cobrou de Cunha menos rigor com os parlamentares faltosos às sessões de votação, que têm seus salários descontados:
— E abaixo o corte de salários! — bradou Vieira Lima.
Cunha aproveitou a deixa.
— Ainda bem que ele (Newton Cardoso Jr) não entrou no corte. Por isso, pode patrocinar o jantar. (...) Me perdoem o desconto de salários.
Nos relatos feitos ao GLOBO nesta quarta-feira, deputados do PMDB elogiaram o cardápio, falaram da união do partido, mas, alguns deles, desconversavam sobre o discurso político e as farpas no PT.
— Falamos de futebol e pescaria — disse Carlos Marun (PMDB-MS).
Darcísio Perondi (PMDB-RS) contou que se tratou de política no jantar.
— Jantar de políticos se fala de política. De médicos, se fala de medicina. De jornalistas, se fala de jornalismo — disse o parlamentar gaúcho.
No final, não faltou sobremesa típica: doce de leite com queijo Minas.

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