quinta-feira, abril 09, 2015

Temer e líderes da base firmam acordo por ajuste

Governo tem tido dificuldades com aliados, quando precisa aprovar medidas para equilibrar suas contas

Image-0-Artigo-1830894-1
Na tentativa de reduzir atritos com o PMDB, Dilma transferiu a articulação política para o vice-presidente (à esquerda), também presidente da sigla
FOTO: AG. BRASIL
Brasília. O vice-presidente Michel Temer (PMDB), que assumiu a articulação política do governo, firmou ontem com presidentes e líderes de partidos da base governista no Congresso acordo pelo reequilíbrio macroeconômico e estabilidade fiscal para apoiar o ajuste proposto pelo governo nas contas públicas. O acordo, continuidade da conversa de terça-feira entre a presidente Dilma Rousseff e lideranças aliadas no Congresso, prevê ainda evitar matérias legislativas que impliquem aumento de gastos ou redução de receitas.
"O manifesto faz uma avaliação do momento e coloca duas questões centrais para nós da base: primeiro, o compromisso de votarmos o ajuste com as eventuais melhorias que o Congresso patrocine; e segundo, também o compromisso de evitar votar matérias que impliquem em aumento de gastos e redução de receitas", disse o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).
O governo tem tido dificuldades com seus aliados, justamente num momento em que precisa aprovar no Congresso medidas para equilibrar suas contas.
Na tentativa de reduzir o atrito com a base e com seu maior aliado, o PMDB, Dilma transferiu a articulação política do governo para o vice-presidente Temer, que também é o presidente da sigla.
Segundo Temer, o caminho natural é de melhora na relação entre governo e Congresso.
Para isso, argumentou o vice, é necessário que a base seja reunificada em torno de projetos do governo. "O diálogo continua muito sólido, eu tenho enfatizado que o Executivo só pode governar se tiver o apoio do Congresso Nacional, apoio no sentido político, mas também no sentido legislativo", disse Temer a jornalistas após a reunião.
Crítica na web
O ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, usou sua conta no Twitter ontem para criticar a escolha do vice-presidente para a função de articulador político do governo.
Em quatro posts na rede social, Tarso disse que o PT, com a decisão da presidente Dilma, ficou à margem das decisões políticas e se apresenta, cada vez mais, como "acessório" do governo. E acrescentou que o partido da presidente não é solicitado para discussões dentro do próprio governo.
"Renúncia branca"
O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, ironizou a escolha do vice-presidente, como novo coordenador político do governo Dilma.
"Dilma introduziu a renúncia branca. Há um interventor na economia que pratica tudo aquilo que ela combateu no primeiro mandato. E ela delegou a coordenação política ao vice que desprezou. E ainda é refém dos presidentes da Câmara e do Senado", disse, em referência também ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, principal defensor do ajuste fiscal, ao deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
Nova derrota nos planos
Um dia após a decisão da presidente Dilma de transferir a articulação política do governo para Michel Temer, a bancada do PMDB na Câmara iniciou ontem uma movimentação para aplicar nova derrota ao governo, com a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita a 20 o número de ministérios.
O texto é de autoria do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e já começou a ser discutida. Atualmente há 38 ministérios.

0 comentários:

Postar um comentário