Brasília. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou o parecer "confuso" do relator da comissão da reforma política, Marcelo Castro (PMDB-PI), e disse preferir que o texto não seja votado hoje, para que a decisão fique com o plenário, onde geralmente impõe sua vontade.
Cunha disse faltar "perspicácia e inteligência política" a Castro e pode não mantê-lo como relator do texto. "Semana que vem eu voto. É decisão", afirmou. Castro reagiu com indignação. Cunha afirmou ontem que se debruçará sobre o tema ao longo da semana e que tentará "botar ordem na casa".
O presidente disse temer que o relatório possa "engessar" a votação em plenário. "Votar sem a gente evoluir aqui o debate pode até inviabilizar a votação. É preferível até que a comissão não vote, que leve para plenário para permitir (a votação). Tenho que ordenar a parte regimental", acrescentou.
O único ponto do relatório defendido por Cunha é o que estabelece o "distritão" como sistema eleitoral. Pelo modelo, não há mais eleições proporcionais, vence quem obtiver mais votos.
Castro é contrário a esse modelo e o incluiu com ressalvas em seu relatório sob pressão de Cunha e do vice-presidente Michel Temer. Defensor do fim da reeleição, mas da manutenção dos mandatos de oito anos para senador e de quatro anos para os demais cargos, Cunha criticou a intenção de Castro de alterar a duração dos mandatos para o Senado. Na semana passada, Castro definiu mandato de cinco anos. "É de uma falta de perspicácia política você querer impor o tamanho do mandato ao Senado. É falta de inteligência política", disparou.
Ao se defender, Castro disse que Eduardo Cunha deveria ter escolhido um relator "mais submisso" e que o presidente da Câmara foi desrespeitoso.
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