sexta-feira, maio 22, 2015

Governo espera aprovação de ajuste

O governo foi surpreendido com a atitude de petistas como o senador Lindberg Faria (PT-RJ)

Image-0-Artigo-1858403-1
“O País quebra se não votarmos essas medidas”, disse o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE)
FOTO: AGÊNCIA CÂMARA
Brasília. Apesar do sufoco em razão da necessidade de adiamento da votação das medidas provisórias 665 e 664, no Senado, que propõem alterações nas regras de concessão de benefícios previdenciários e trabalhistas, o governo está convencido de que conseguirá aprovar os textos antes de perderem a vigência em 1º de junho. “É sempre assim, é sempre assim”, disse a presidente Dilma Rousseff (PT).

A MP 665 restringe as regras de acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial e a MP 664, muda regras para a pensão por morte. Demonstrando total tranquilidade com a aprovação das MPs, a presidente insistiu que essas tensões sempre acontecem, que as votações sempre atrasam, mas ao final, tudo acaba se resolvendo. “Calma, calma, vai dar certo”, reiterou.
O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), fez um apelo ontem para que os senadores votem as Medidas Provisórias do ajuste fiscal sem alterações no texto aprovado pelos deputados. “O País quebra se não votarmos essas medidas”, disse o petista.

Guimarães lembrou que a possibilidade de perder o prazo de validade das MPs pode provocar a desaceleração da economia, prejudicando o ambiente econômico. “Não podemos perder essas MPs”, insistiu.

Rebeldes

O governo foi surpreendido com a atitude de petistas como o senador Lindberg Faria (PT-RJ), que acabou atrapalhando a votação da MP no plenário do Senado, na noite de quarta, repetindo a “ação desastrosa” do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), que fez o governo perder a votação do fator previdência na Câmara.

Além de irritar o Planalto, a atitude de Lindberg desagradou profundamente também o vice-presidente Michel Temer (PMDB), os peemedebistas e os senadores aliados da base.

Na reunião de ontem com Temer, a queixa foi generalizada. “Todos contra o PT”, disse um assessor palaciano, ao narrar o clima de revolta dos líderes do Senado, se queixando contra o PT e a demora do Planalto em reagir contra a atitude dos petistas e enquadrá-los.

No fim do dia, aliados já haviam sido informados que o Planalto enquadraria Lindberg e que o PT votará a favor das MPs. A expectativa é que MP 665 seja aprovada terça, 26, para, em seguida, serem votadas as demais

No caso da Câmara, governo diz acreditar que as negociações estejam bem encaminhadas, apesar do atraso da votação do projeto que reduz desonerações nas folhas de pagamento.

O PT não estava gostando da ideia do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que incluiu no texto que estava sendo votado a possibilidade de realização de parcerias público privada pelo Legislativo. Isso permitiria a construção de um shopping, nas dependências do Congresso, que está sendo chamado de “Parlashopping”.

Quando o PT começou a avisar que ia votar contra a proposta, Cunha procurou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e cobrou apoio à proposta. Os petistas ajudaram a aprová-la, e Cunha viajou feliz para o exterior. Com isso, o governo espera maior flexibilidade de Cunha às desonerações, que aguarda o parecer do líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ).

Mudanças

O anúncio feito ontem de que Dilma deve vetar o trecho da MP 665 que altera o prazo da carência para acesso ao abono salarial pode criar um ambiente para a aprovação da MP no Senado. A eventual retirada dessa mudança deve reduzir em até R$ 7 bilhões a economia prevista pelo governo para este ano com o ajuste, do total de R$ 18 bilhões.

Dilma afirmou que o governo anunciará o contingenciamento hoje e que ele será efetivo. “Ele será não tão grande, nem tão pequeno que não seja efetivo. Ele tem que ser absolutamente adequado”.

0 comentários:

Postar um comentário