quinta-feira, junho 16, 2016

Delator diz que Aécio recebeu 1 milhão de reais de recursos ilícitos

Aécio Neves no plenário do Senado
Senador Aécio Neves (PSDB-MG)(Evaristo Sa/AFP)
Em seu acordo de delação premiada, o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado afirmou aos investigadores da Operação Lava Jato que participou de um esquema de captação de recursos ilícitos para o financiamento de candidatos tucanos à Câmara Federal nas eleições de 1998. O objetivo da ajuda financeira, segundo Machado, era garantir apoio à candidatura do então deputado Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da Câmara. O político mineiro comandou a Casa de 2001 a 2002. Na época, Machado era líder do PSDB no Senado e fazia parte do comitê de campanha à reeleição do então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Segundo o depoimento do delator, o plano foi arquitetado por ele, Aécio e o então senador Teotônio Vilela (PSDB-AL), e consistia em pagar de 100.000 a 300.000 reais a cerca de 50 candidatos. Parte desses recursos seria captada de maneira ilícita, via construtoras e contas no exterior. Segundo Machado, o total da quantia arrecadada na época chegou a 7 milhões de reais, sendo que a maior parte foi encaminhada a Aécio Neves. O tucano, aliás, teria recebido 1 milhão de reais em dinheiro vivo. "Com frequência, Aécio recebia esses valores através de um amigo de Brasília que o ajudava nessa logística", relatou Machado.
O delator afirmou que a construtora Camargo Correa era uma das principais empresas envolvidas no esquema. Ele contou que, numa tarde de 1998, foi à casa do então presidente da empreiteira, Luiz Nascimento, parar apanhar um pacote de 350.000 reais destinado ao PSDB. "A Camargo ajudava fortemente e sempre foi um doador nas campanhas tucanas", acrescentou no depoimento.
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O esquema, segundo o delator, teria também contado com recursos - cerca de 4 milhões de reais - da campanha nacional de Fernando Henrique Cardoso e de desvios na estatal Furnas. "Todos do PSDB sabiam que Furnas prestava grande apoio ao deputado Aécio via o diretor Dimas Toledo que era apadrinhado por ele", disse o delator. As informações corroboram o que foi dito em delação pelo ex-senador Delcídio do Amaral, que também envolveu o tucano no suposto esquema da estatal elétrica de Minas.
Segundo Machado, o plano de financiamento dos candidatos foi bem-sucedido e o PSDB conseguiu eleger 99 deputados, conquistando a segundo maior bancada da Câmara, atrás apenas do hoje extinto PFL. No entanto, para conseguir a presidência da Casa, Aécio e Teotônio Vilela ainda precisaram costurar um acordo com o PMDB, no qual acertaram que o comando da Câmara ficaria com o político mineiro e o do Senado, com Jader Barbalho (PMDB-PA).

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