segunda-feira, outubro 31, 2016

Governo e oposição aceitam negociar saída para crise na Venezuela

O presidente venezuelano Nicolás Maduro cumprimenta o líder opositor Jesús Torrealba
O governo da Venezuela e seus principais opositores iniciaram neste domingo em Caracas um diálogo para tentar resolver a crise do país, com a ausência do partido Vontade Popular (VP). A primeira reunião teve a presença do presidente Nicolás Maduro, acompanhando de uma delegação de seu governo e cinco representantes da aliança antichavista Mesa da Unidade Democrática (MUD), acompanhados pelos mediadores da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e do Vaticano.
Maduro, que estendeu a mão a seus opositores, se comprometeu com este processo para tentar aliviar a crise do país. “Quero manifestar perante o representante do papa Francisco, como o fiz há poucos dias em Roma, meu agradecimento e compromisso absoluto com este processo de diálogo”, afirmou.
Desavenças na oposição — Nas horas anteriores à reunião, os principais partidos da aliança opositora — Ação Democrática (AD), Primeira Justiça (PJ), Vontade Popular (VP) e Um Novo Tempo (UNT) — tiveram sérias diferenças sobre os termos a serem discutidos no encontro. A VP, partido fundado pelo opositor preso Leopoldo López, rejeitou comparecer às negociações ao não serem cumpridas uma série de exigências que tinha feito antes do encontro e que incluíam a libertação de 13 políticos presos.
Em comunicado divulgado pela MUD, a aliança explica que os outros três grandes partidos acertaram sua participação “em função de aceitar o convite do Vaticano para avançar na formação de um espaço de diálogo” que permita dar soluções para a crise do país. Os partidos que decidiram estar na mesa se comprometem a “exigir o fim da repressão e da perseguição”, assim como “a se levantar do espaço de diálogo em caso de não ser resolvidas as demandas no curto prazo”.
Papa preocupado — O prelado italiano Claudio María Celli, representante do Vaticano para fazer a mediação entre governo e oposição, pediu às partes que o diálogo seja sério e que sejam gerados “sinais autênticos” que o país espera. Celli afirmou que o papa Francisco está “profundamente preocupado” com a tensão na Venezuela e disse que “seu desejo é o de favorecer o mais possível a feliz realização deste processo”.
(Com agência EFE)

Base de Temer vai comandar 81% do eleitorado do país

O presidente Michel Temer

Os partidos que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff e hoje formam a base do governo de Michel Temer vão comandar 81% do eleitorado do País. O resultado consolida uma ampla base municipal formada pelas legendas com assento na Esplanada e, ao mesmo tempo, revela a ampliação do espaço dos partidos nanicos.
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Das 57 municípios onde houve segundo turno, siglas aliadas ao governo elegeram 46 prefeitos — sendo 12 em capitais. Ao todo, contando o resultado do primeiro turno, foram 4.446 eleitos. A conta inclui PMDB, PSDB, PSD, PP, PSB, PR, DEM, PTB, PPS, PRB e PV.
A exemplo do primeiro turno, o maior vitorioso ontem foi o PSDB, que levou cinco das oito capitais em que disputava. Destaque para Porto Alegre, onde a legenda terá o comando da prefeitura pela primeira vez. O partido, porém, perdeu em Belo Horizonte, quarto maior colégio eleitoral do País e crucial para os planos do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de viabilizar seu nome para a disputa presidencial de 2018.
O PMDB venceu metade das seis capitais em que disputava. Em Florianópolis, a vitória de Gean Loureiro sobre Ângela Amin (PP) foi por pouco mais de mil votos. Também levou em Goiânia, com Iris Rezende, e Cuiabá, com Emanuel Pinheiro. As outras vitórias vieram de partidos menores que também fazem parte da base aliada, como o PRB, que venceu no Rio, o PSD, eleito em Campo Grande, e PPS, que administrará a capital capixaba, Vitória.
Oposição — Dos partidos da oposição, o PDT venceu nas duas em que estava no páreo. Em Fortaleza, o prefeito Roberto Cláudio foi reeleito com 53,57% dos votos. Sua vitória fortalece os planos nacionais do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), também pré-candidato ao Planalto. O partido conquistou São Luís, onde o atual prefeito Edivaldo Holanda Júnior foi reeleito com apoio do governador maranhense Flávio Dino. O PCdoB venceu em Aracaju. PSOL, que disputava no Rio e em Belém, e PT, que tentava voltar à prefeitura do Recife, não venceram em nenhuma cidade.
(Com Estadão Conteúdo)

sexta-feira, outubro 28, 2016

Odebrecht: conta na Suíça abasteceu campanha de Serra

José Serra

A Odebrecht apontou à Lava Jato os responsáveis pelo repasse de 23 milhões de reais pela empreiteira à campanha presidencial de José Serra na eleição de 2010, via caixa dois. Segundo a edição desta sexta-feira do jornal Folha de S. Paulo, parte do dinheiro foi transferida por meio de uma conta na Suíça.
O repasse no Brasil foi negociado com o ex-deputado federal Márcio Fortes (PSDB-RJ), próximo de Serra. No exterior, a negociação foi feita com o também ex-deputado federal Ronaldo Cezar Coelho (ex-PSDB e hoje no PSD), que era da coordenação política da campanha de Serra.
Ainda de acordo com o jornal, o caixa dois foi mencionado por dois executivos da Odebrecht nas negociações de acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília, e com a força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba. Eles são: Pedro Novis, ex-presidente do conglomerado, entre 2002 e 2009, e atual membro do conselho administrativo da holding Odebrecht S.A. O outro é o diretor Carlos Armando Paschoal, conhecido como CAP, que atuava no contato junto a políticos de São Paulo e na negociação de doações para campanhas eleitorais.
A Odebrecht promete entregar aos investigadores os comprovantes de depósitos feitos na conta no exterior e também no Brasil.
Os executivos da empreiteira disseram que o valor do caixa dois foi acertado com a direção nacional do PSDB. O partido, depois, teria distribuído parte do repasse a outras candidaturas.
À Folha, Serra, atual ministro de Relações Exteriores, disse, por meio de sua assessoria, que “não vai se pronunciar sobre supostos vazamentos de supostas delações relativas a doações feitas ao partido em suas campanhas”. Ele também reiterou que “não cometeu irregularidades”.
O empresário Ronaldo Cezar Coelho declarou que não comentará o assunto até ter acesso aos relatos feitos pelos executivos da empreiteira que citam o seu nome, mas negou que tenha feito arrecadação para Serra. “Como fundador do PSDB, Ronaldo Cezar Coelho participou de todas as campanhas presidenciais da sigla”, disse Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado de defesa do ex-parlamentar.
Márcio Fortes não foi encontrado pelo jornal para comentar o assunto. A Odebrecht, por sua vez, afirmou que não vai se manifestar a respeito.

PF defende buscas no Senado: ‘Prédio público não tem foro’


O delegado da Polícia Federal Felipe Alcântara de Barros Leal encaminhou ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), manifestação em que defende a legalidade das buscas feitas no Senado durante a Operação Métis e em que pede que o STF aguarde a análise das maletas anti-grampo apreendidas antes de decidir sobre o futuro da investigação que colocou em xeque a atuação de policiais legislativos da Casa.
Nesta quinta, Zavascki suspendeu o inquérito policial da Operação Métis, que levou à prisão policiais legislativos do Senado Federal suspeitos de atuar em contraespionagem para blindar a Operação Lava-Jato. Em decisão monocrática, Zavascki determinou que o caso saia da Justiça Federal em Brasília e seja remetido ao STF.
A liminar concedida pelo magistrado atende a um pedido do policial legislativo Antônio Tavares dos Santos Neto, que foi preso na última semana e depois liberado no mesmo dia. Em reclamação enviada ao Supremo, Santos Neto alegava que o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da Justiça Federal em Brasília, que autorizou buscas no Senado, invadiu competência do STF. Segundo a ação apresentada pelo policial, a Operação Métis “atinge diretamente senadores da República” e, por isso, não caberia à Justiça Federal, e sim, exclusivamente ao Supremo, determinar buscas e apreensões nas dependências do Senado.
Na manifestação enviada ao Supremo, o delegado contesta a argumentação do policial legislativo e diz que, no momento, não há indícios de atuação de parlamentares nas tentativas de atrapalhar as investigações da Lava-Jato. Ele ainda defendeu que o simples fato de a varredura anti-grampo poder ter sido pedida por um político não significa que o caso deva ser deslocado automaticamente ao STF. “A mera subordinação hierárquica per si não pode indicar desde o primeiro momento inafastável participação de parlamentar em atos investigados”, argumenta o delegado, que afirma não ser possível um “foro de prerrogativa por extensão” a todos os servidores do Senado subordinados. “Não há foro privilegiado de prédio público”, resumiu.
O delegado justificou as buscas no Senado porque, segundo ele, era necessário apreender as maletas de varredura usadas pela instituição e analisar se havia ou não um movimento para atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato. “Tal aparelho se revela importante meio de obtenção de provas, uma vez que possui registros de memória de dados de rastreamento”, afirmou. A intenção dos investigadores, disse, era saber, por exemplo, se as maletas permitem que se ouçam conversas mantidas em telefones sem fio, se cartões de memória com supostas conversas foram trocados e se é possível apagar a memória dos equipamentos para que não haja vestígios de varreduras anti-grampo. De acordo com o policial federal, depois de analisado o material apreendido, se houvesse menção a políticos com foro privilegiado, aí, sim, o caso seria remetido ao Supremo.
“Após cumprimento das medidas e análise do material apreendido, seria realizada nova apreciação e, acaso presentes elementos em desfavor de parlamentares, os autos seriam encaminhados ao Ministério Público Federal com sugestão de declinação de competência”, disse.
Na última sexta-feira, a Polícia Federal prendeu quatro policiais legislativos suspeitos de atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato por terem ido até a casa de senadores em busca de escutas telefônicas. De acordo com a PF,  foram obtidas provas de que o grupo, liderado pelo diretor da Polícia do Senado, Pedro Ricardo Carvalho, tinha a finalidade de criar embaraços às ações investigativas da PF em face de senadores e ex-senadores. Em uma ocasião, Carvalho ordenou que os policiais da Casa intimidassem a Polícia Federal, que ia cumprir mandado expedido pelo Supremo Tribunal Federal no apartamento do senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL).

terça-feira, outubro 25, 2016

Marcelo Odebrecht e mais 50 executivos fecham acordo de delação

Marcelo Odebrecht da construtora Odebrecht é encaminhado para o IML de Curitiba (PR), na manhã deste sábado (20)
Após oito meses de negociações, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e pelo menos outros cinquenta executivos da construtora Odebrecht fecharam acordo de delação premiada com a Operação Lava Jato, segundo a edição desta terça-feira do jornal O Globo. As tratativas teriam sido estabelecidas há duas semanas.
Embora estejam abaixo da expectativa dos procuradores, os acordos são abrangentes, conforme informou uma fonte ao veículo. As acusações atingem “de forma democrática” líderes de todos os grandes partidos que estão no governo ou na oposição. As informações que serão fornecidas não são “o fim do mundo”, mas têm poder para colocar o sistema político “em xeque”, disse um dos envolvidos nas tratativas.
Devido ao alto número de delatores – pode haver até 68 deles –, os acordos de delação já criaram um problema estrutural para o Ministério Público Federal, uma vez que cada delator presta, no mínimo, dez depoimentos. Por causa disso, eles serão ouvidos conforme sua relevância na hierarquia da propina.
Ainda de acordo com o Globo, os depoimentos serão prestados não só em Curitiba, onde Marcelo Odebrecht está preso, mas também em Brasília, São Paulo e Salvador. Os interrogatórios devem ser concluídos entre o fim deste ano e o início de 2017.
As delações serão complementadas com informações do Departamento de Operações Estruturadas, o departamento de propina da Odebrecht. Os investigadores já abriram um dos sistemas e tentam abrir o segundo, este mais exclusivo, onde estariam o registro das negociações mais delicadas, segundo o jornal.

Cármen Lúcia rebate Renan: ‘Também fui agredida. Exijo respeito’

Ministra Cármen Lúcia durante sessão que julga Ação Penal 470
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, saiu nesta terça-feira em defesa do juiz Vallisney de Souza Oliveira, que autorizou a prisão de quatro policiais legislativos na Operação Métis. A ação foi duramente criticada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que chamou o magistrado de “juizeco” e o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, de “chefete de polícia”. Renan ainda classificou como “fascistas” os métodos da ação deflagrada na última sexta-feira.

Sem citar nomes, Cármen Lúcia exigiu respeito à categoria e disse ter se sentido agredida com as ofensas a Vallisney. “Não é admissível que, fora dos autos, qualquer juiz seja diminuído ou desmoralizado. Como eu disse, quando um juiz é destratado eu também sou. Exigimos o igual respeito para que tenhamos uma democracia fundada nos princípios constitucionais”, disse a ministra, em sessão no Conselho Nacional da Justiça, nesta terça-feira.
Como presidente do Senado, Renan Calheiros é responsável pela Polícia da Casa. Foi ele quem nomeou o chefe da corporação, Pedro Ricardo Araújo de Carvalho, que foi preso e afastado do cargo na sexta-feira. Nos autos, o juiz Oliveira disse que ele era o “líder da associação criminosa” e que os “fatos eram gravíssimos”. Os policiais legislativos são investigados por prestarem serviços de contrainteligência a senadores e ex-senadores com o intuito de obstruir operações da Polícia Federal, entre elas a Lava Jato.
A presidente do STF ainda afirmou que a legislação brasileira é “pródiga” em garantir aos cidadãos que questionem as decisões do judiciário.”Numa democracia, o juiz é essencial como são essenciais os membros de todos os outros poderes. Toda vez que um juiz é agredido, eu e cada um de nós é agredido. E não há a menor necessidade de numa convivência democrática, livre e harmônica, haver qualquer tipo de questionamento que não seja nos estreitos limites da constitucionalidade e da legalidade. O poder judiciário forte é uma garantia forte para o cidadão”, disse Cármen Lúcia.

Morre Carlos Alberto Torres, o capitão do tri

Carlos Alberto Torres segurando réplica da Taça Jules Rimet
Morreu nesta terça-feira o ex-jogador Carlos Alberto Torres, ídolo do Santos e da seleção brasileira, informou o canal SporTV, do qual ele era comentarista. O ex-atleta de 72 anos, capitão da seleção brasileira no tricampeonato mundial em 1970, foi vítima de infarto fulminante.
Considerado um dos melhores laterais de todos os tempos, foi reverenciado por sua classe e também por sua liderança. Ficou eternizado como o “capita” da seleção que contava com craques como Pelé, Tostão e Rivelino, e conquistou a taça Jules Rimet, após a vitória sobre a Itália, na final da Copa de 1970.
Nascido no Rio de Janeiro em 14 de julho de 1994, Carlos Alberto iniciou sua carreira no Fluminense e se consagrou no Santos e na seleção brasileira. Ainda atuou por Botafogo e Flamengo e clubes dos Estados Unidos, incluindo o New York Cosmos, em nova parceria com o velho amigo Pelé.
Carlos Alberto conquistou uma infinidade de títulos. Viveu o auge de sua carreira no Santos, entre 1964 e 1971, conquistou o Campeonato Brasileiro em 1965 e 1968, cinco Estaduais (1965, 1967, 1968, 1969 e 1973), o Torneio Rio-São Paulo em 1966 e a Recopa Sul-Americana em 1968. Atuou ainda pela equipe do Fluminense conhecida como “A Máquina”, na década de 70, pelo qual faturou o Campeonato Carioca em 1975 e 1976.
Carlos Alberto também teve uma vitoriosa carreira como treinador. Conquistou o Campeonato Brasileiro de 1983 dirigindo o Flamengo, a Copa Conmebol de 1993 pelo Botafogo, e o Campeonato Carioca pelo Fluminense, em 1984.
Ele foi o mais jovem capitão brasileiro a erguer o troféu de campeão do mundo: tinha 25 anos quando subiu as escadas do Estádio Azteca de peito estufado. Foi dele o último gol da vitória por 4 a 1 – um lance belíssimo, depois de arrancada de Clodoaldo e  passe mágico de Pelé.
Em sua última entrevista a VEJA, em junho de 2014, Carlos Alberto contou o sentimento de quando recebeu das mãos do presidente do México, Gustavo Díaz Ordaz, a taça Jules Rimet. “Fui tomado por uma alegria indescritível. Beijei a taça instintivamente antes de erguê-la com as duas mãos. Tinha pensado antes do jogo sobre esse momento, mas, quando chegou a hora, não me lembrei de nada. Fui muito espontâneo.”
O capitão do tri, Carlos Alberto Torres, com a taça Jules Rimet

segunda-feira, outubro 24, 2016

Renan acusa ‘métodos fascistas’ da PF e diz que vai ao STF

O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, durante sessão do Congresso Nacional para análise e votação de vetos presidenciais - 18/10/2016
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusou a Polícia Federal de ter se valido de “métodos fascistas” nunca adotados sequer na “ditadura” naOperação Métis, que levou à prisão, na sexta-feira, quatro policiais legislativos da Casa.
O peemedebista anunciou que a Advocacia do Senado vai entrar até esta terça-feira no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação para defender as prerrogativas de atuação da Polícia Legislativa, chamou o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, de “chefete de polícia” e ainda classificou o juiz Vallisney de Souza Oliveira, responsável pela operação, de “juizeco” por decretar uma ordem contra o Senado.
“Tenho ódio e nojo a métodos fascistas. Como presidente do Senado, cabe a mim repeli-los”, disse Renan, numa rara entrevista coletiva em seu gabinete, que foi acompanhada por policiais legislativos. Renan voltou a criticar Moraes, assim como fez no dia da operação, quando disse que ele havia extrapolado das suas funções quando falou sobre a ação que deteve os policiais legislativos. “É lamentável que isso aconteça, um espetáculo inusitado, que nem a ditadura fez, com a participação do ministro do governo, que não tem se portado como um ministro de Estado, no máximo como um ministro circunstancial de governo, chefete de polícia”, reclamou.
O presidente do Senado, contudo, disse que não sugeriu a demissão de Alexandre Moraes ao presidente Michel Temer. Os dois conversaram após a operação ter sido deflagrada. “Não cabe ao presidente do Congresso tratar de substituição ou destituição de ministro, mas lamento que ele tenha se comportado dessa forma, falando mais do que devia, dando bom dia a cavalo”, disse Renan.
O peemedebista esquivou-se de responder se vai manter no cargo o diretor de Polícia Legislativa da Casa, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, preso na Operação Métis sob a acusação de liderar o suposto esquema de tentativa de embaraçar a Operação Lava Jato. O diretor estava no cargo havia 11 anos e teve contra si decretado o afastamento das funções públicas por ordem da 10ª Vara Federal de Brasília, onde despacha Vallisney. “A decisão não é minha, é de quem o prendeu”, disse Renan, sobre se Pedro Carvalho vai permanecer no cargo.
(com Estadão Conteúdo)

Embraer confessa propina e faz acordo para encerrar investigação

Fábrica da Embraer em Gavião Peixoto, São Paulo
A Embraer chegou nesta segunda-feira a um acordo com autoridades de Brasil e Estados Unidos para encerrar uma investigação de corrupção. A companhia vai pagar 206 milhões de dólares para virar a página sobre evidências de subornos em quatro contratos no exterior.
A investigação interna da fabricante de aeronaves, iniciada em 2010 após o recebimento de uma intimação nos EUA, encontrou evidências de problemas em vendas na Arábia Saudita, Índia, Moçambique e República Dominicana no período de cinco anos até 2011. A multa está em linha com a provisão da Embraer feita em julho de 200 milhões de dólares.
As ações da fabricante de aviões fecharam em leve baixa nesta segunda, de 0,64%, após o anúncio do acordo. Ele propõe encerrar um caso em que a empresa poderia ser processada, sob a lei dos EUA, contra corrupção fora do país. A empresa disse que não é parte de investigação criminal paralela dos promotores brasileiros sobre certos indivíduos.
Terceira maior fabricante mundial de jatos comerciais, a Embraer substituiu grande parte de sua alta administração nos últimos anos, em linha com esforços de conformidade, e reduziu o uso de representantes de vendas terceirizados, o que tinha levantado suspeitas nos casos analisados.
Uma investigação interna abrangente liderada pela Baker & McKenzie se expandiu para além do âmbito do inquérito inicial das autoridades americanas, revendo centenas de milhares de documentos e realização de mais de 100 entrevistas, disse a empresa em comunicado. No processo, a Embraer disse que os investigadores concluíram que a empresa foi responsável por práticas em desacordo com as leis em quatro operações entre 2007 e 2011.
Os negócios envolvem oito aviões Super Tucano para a República Dominicana; três aviões de vigilância para a Índia por valor não revelado; dois jatos comerciais E190 vendidos à LAM, aérea estatal de Moçambique; e três jatos E170 vendidos à estatal de petróleo Saudi Aramco para a aviação de negócios.
(Com Reuters)

PF: Lula era o “amigo” na planilha da Odebrecht. E levou R$ 8 mi

O ex-presidente Lula
No documento em que indicia o ex-ministro Antonio Palocci por corrupção passiva na Operação Lava Jato, a Polícia Federal informa que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era identificado nas planilhas da empreiteira Odebrecht como “amigo”, “amigo de meu pai” e “amigo de EO”. O ex-presidente teria recebido 8 milhões de reais de uma “conta-corrente de propina”, como classifica a PF, mantida com a empreiteira. O valor teria sido pago entre o fim de 2012 e ao longo de 2013.
Segundo o relatório de indiciamento da PF, há “respaldo probatório e coerência investigativa” na identificação de Lula como “amigo” nas planilhas. As provas já estão sob análise do delegado federal Márcio Adriano Anselmo, responsável pelas investigações de crimes supostamente cometidos por Lula.
“A análise aprofundada da planilha ‘POSICAO – ITALIANO 22 out 2013 em 25 nov.xls’, no entanto, revelou que os pagamentos no total de R$ 8.000.000,00 foram debitados do ‘saldo’ da ‘conta-corrente da propina’ que correspondia ao agente identificado pelo codinome de AMIGO”, diz a Polícia Federal no indiciamento. O pai do ex-presidente Marcelo Odebrecht, Emílio Odebrecht, era o principal interlocutor de Lula na empreiteira que leva o nome da família.
Emílio também prestou depoimentos na delação premiada da Odebrecht e, segundo publicou o jornal Folha de S. Paulo, informou aos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato que a construção do estádio do Corinthians, em Itaquera, em São Paulo, foi um “presente” a Lula, que atribuía os maus resultados da equipe à falta de um estádio próprio, de acordo com o jornal.
Reprodução do relatório da Polícia Federal
Reprodução do relatório da Polícia Federal (PF/VEJA.com)

Arena do Corinthians foi presente para Lula, diz patriarca do grupo Odebrecht

  • 23.out.2016 - Arena Corinthians seria um agrado para o ex-presidente Lula
    23.out.2016 - Arena Corinthians seria um agrado para o ex-presidente Lula
O patriarca da família Odebrecht, Emílio, que também é presidente do conselho de administração da empreiteira que leva o seu nome, afirmou em acordo de delação premiada, em fase de negociação, que o estádio construído pela empreiteira para o Corinthians foi uma espécie de presente ao ex-presidente Lula, torcedor do time. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Para Emílio, o agrado foi uma retribuição à ajuda que o ex-presidente deu ao grupo nos oito anos em que o petista comandou o país, de 2003 a 2010.
Sob governos do PT, de 2003 a 2015, o faturamento do grupo Odebrecht multiplicou-se por sete, de R$ 17,3 bilhões para R$ 132 bilhões, em valores nominais.
Emílio é pai de Marcelo Odebrecht, preso desde junho de 2015 e condenado a 19 anos de prisão. Por pressão do patriarca, ele e cerca de 80 executivos do grupo decidiram buscar um acordo de delação premiada. Os relatos, que indicam suborno, ainda terão de ser homologados pela Justiça.
Após a prisão de Marcelo, a Odebrecht passou a ter problemas de crédito com bancos e acumula dívidas de R$ 110 bilhões.
Conhecida como Itaquerão, a arena do Corinthians foi construída entre 2011 e 2014, quando foi palco da abertura da Copa do Mundo. Custou R$ 1,2 bilhão, quase 50% acima da estimativa inicial do projeto, de R$ 820 milhões.
(Com informações do jornal Folha de S.Paulo)

Sérgio Cabral ‘apadrinhou’ esquema de corrupção no Rio, diz PGR

Sérgio Cabral
A Procuradoria da República afirmou em manifestação na Operação Saqueador que os desvios de recursos públicos pela construtora Delta Engenharia, do empresário Fernando Cavendish, instalado no Rio de Janeiro, teve o “apadrinhamento” do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), segundo a edição desta segunda-feira do jornal O Estado de S. Paulo. São réus no processo da Saqueador, além de Cavendish, o contraventor Carlinhos Cachoeira, o lobista Adir Assad e outros vinte investigados. Cabral chefiou o Estado entre 2007 e 2014.
Os procuradores ressaltam que existiu “um gigantesco esquema de corrupção de verbas públicas” no Estado. “As investigações produziram fortes elementos que apontam para a existência de gigantesco esquema de corrupção de verbas públicas no Rio de Janeiro, que contou, inclusive, com o apadrinhamento do então governador de Estado Sérgio Cabral, conforme se extrai das declarações de colaboradores”, destacaram. Assinam a ação penal da Saqueador os procuradores da República Rodrigo Timóteo C. e Silva, Eduardo Ribeiro El Hage, Lauro Coelho Júnior, Renato Silva de Oliveira, Leonardo Cardoso de Freitas e pelo procurador regional da República José Augusto Vagos.
“Tal esquema delituoso, como descreve a denúncia, envolveu desvio de verbas destinadas a importantes obras públicas a exemplo da construção do Parque Aquático Maria Lenk, para os Jogos Panamericanos de 2007 e a reforma e construção de Estádios para a Copa do Mundo de 2014 [Maracan]”, assinalam os procuradores.
Segundo a Operação Saqueador, entre 2007 e 2012, a Delta teve 96,3% do seu faturamento oriundo de verbas públicas em um montante de quase 11 bilhões de reais. Deste total, 370 milhões de reais teriam sido lavados por meio de dezoito “empresas” localizadas em endereços onde funcionam consultório de dentista, loja de gesso e até um matagal na beira de uma estrada. Alguns endereços não existem.
Cavendish era um antigo aliado de Sérgio Cabral. Na semana passada, o jornal O Globo mostrou que, em 2009, o empresário pagou um anel de 800.000 reais à então esposa de Cabral, Adriana Ancelmo. A joia, porém, foi devolvida quando eles romperam a amizade. Isso aconteceu depois que surgiram revelações de que a Delta usava as empresas do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para lavar dinheiro. A descoberta foi um desdobramento da Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal em Goiás para desarticular um grupo que explorava máquina caça-níqueis e levou o diretor da Delta Centro-Oeste, Claudio Abreu, para a prisão. Paulo Fernando Magalhães Pinto, um amigo do ex-governador, foi quem entregou a joia a Cavendish.
Preso em julho deste ano, Cavendish negocia um acordo de delação premiada,no âmbito da Operação Saqueadorno qual pretende detalhar supostos pagamentos de propinas a políticos do PMDB e do PSDB relacionados a obras nos governos de São Paulo, Rio e Goiás, além de estatais federais como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Petrobras. Além de Cabral, o empresário cita também o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Ao jornal, Cabral negou envolvimento com “qualquer ilicitude”.

Policial do Senado denuncia missão ‘secreta’ para Sarney

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), recebeu nesta terça-feira alta médica do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo
Autor da denúncia que originou a operação da Polícia Federal no Senado na sexta-feira passada, o policial legislativo Paulo Igor Bosco Silva afirmou que seus colegas cumpriram uma missão “secreta” no escritório particular do ex-presidente da Casa José Sarney (PMDB-AP), em Brasília. O objetivo, como em outros pedidos feitos pelos parlamentares, era descobrir se o local estava grampeado por eventuais escutas ambientais e telefônicas.
Silva detalhou a denúncia apresentada ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal. A varredura de grampos realizada no escritório de Sarney, de acordo com ele, foi feita por meio de uma “ordem de missão oculta”, não numerada, em julho de 2015, quando o ex-parlamentar não exercia mais cargo público.
“Muitas vezes a emissão de ordem de missão vinha não numerada. Uma ordem de missão não numerada é aquela que está inscrita no papel, mas não entra no controle. Tem a ordem 1,2,3,4, 5 e, a partir do momento que emito uma sem numeração, significa que ela não está entrando no controle. Isso aconteceu na do Sarney”, afirmou Silva. “Ordem de missão não numerada não é normal porque todo documento oficial tem que ter um controle do órgão”, completou.
Afastado das atividades por motivos de saúde, Silva, de 29 anos e há quatro funcionário concursado da Polícia Legislativa, diz que fez a denúncia após suspeitar que as ações de varreduras tinham como objetivo embaraçar as investigações da PF no âmbito da Operação Lava Jato. Ele nega relação com o fato de estar respondendo a um procedimento interno sob a acusação de dar aulas em um cursinho em horário de expediente. “Não tem fundamento, porque a denúncia que fiz foi de maio e a sindicância é de 31 de agosto.”
Desdobramentos das investigações da PF apontam que um grupo de policiais legislativos, liderado pelo diretor da Polícia do Senado, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, “tinha a finalidade de criar embaraços às ações investigativas da PF para favorecer senadores e ex-senadores, utilizando-se de equipamentos de inteligência”. Entre os beneficiados também foram citados os senadores Fernando Collor (PTC-AL) e Gleisi Hofmann (PT-PR), além do ex-senador Lobão Filho (PMDB-MA).
Carvalho e mais três policiais legislativos foram presos pela PF, mas apenas o diretor continua detido. Em nota divulgada na sexta-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu a atuação dos policiais subordinados a ele e afirmou que as varreduras não acarretam em outros tipos de monitoramento.
Lava Jato — Silva relatou também uma ordem de “missão não numerada” nos escritórios particulares de Lobão Filho no Maranhão. Na ocasião, porém, houve resistência por parte dos agentes do Senado destacados para a operação. “Como era algo que causava estranheza, o pessoal acabou entendendo, por bem, que não seria cumprido se não tivesse a ordem por escrito. E foi feito, apareceu a ordem por escrito e eles foram cumprir. Mas eu me recusei”, afirmou.
Segundo ele, a recusa ocorreu após notar uma associação do pedido de varredura com uma ação da Lava Jato. “A PF fez uma operação que envolveu o Lobão e pouco tempo depois foi determinado uma varredura nos escritórios particulares e na residência lá no Maranhão.”
A mesma iniciativa teria ocorrido após batida da PF nas residências do senador Fernando Collor (PTC-AL), realizadas em 15 de julho, em Brasília. “Assim que a Polícia Federal saiu da Casa da Dinda, o pessoal entrou para fazer a varredura. Assim que saíram do apartamento funcional dele, o mesmo procedimento foi feito” disse Igor.
“Isso me causava estranheza. Se a Operação Lava Jato estava com a autorização judicial e a PF cumpriu uma decisão também com autorização, como é que eu vou, na sequência, no mesmo endereço, fazer uma operação de contrainteligência verificando se existe ou não o grampo? Você pode até me falar: mas o grampo não poderia ser externo, de outro lugar? Poderia, mas também poderia ser da PF. E obviamente não vou saber identificar qual é qual, encontrando um, vou tirá-lo. E evidentemente que isso poderia atrapalhar o andamento das investigações.”
O policial legislativo afirmou desconhecer de quem partiam as ordens para as missões. “É a dúvida que surge, mas eu também não posso tirá-la. Desconheço se havia alguma determinação superior, alguma combinação. Para cima não sei o que acontecia, sei o que acontecia do Pedro (diretor da Polícia Legislativa) para baixo.”
Ele revelou ainda que, após a operação de sexta, foi ameaçado por um agente próximo do diretor da Polícia Legislativa. Em um grupo de mensagens utilizado pelos policiais, ele escreveu que “após resolverem tudo isso (prisão de Carvalho), deveriam resolveu o destino dele”.
Defesa — Procurado pelo Estado, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Sarney, afirmou que o ex-senador não se lembra da varredura em seu escritório. “Se foi feito depois, ele, como presidente do Senado, pode até discutir se houve alguma questão administrativa, alguma falha. Mas jamais se cometeu um crime”, disse Kakay.
O advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, foi procurado ontem, mas não respondeu aos telefonemas.
(Com Estadão Conteúdo)

PF deflagra operação contra compra de votos

Polícia Federal deflagra Operação Boca Livre, em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal
PÃO E CIRCO – Polícia Federal deflagra operação contra compra de votos no município de Serranópolis, em Goiás (Vagner Rosário/VEJA)
A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira a Operação Pão e Circo contra compra de votos e captação ilegal de eleitoral na cidade de Serranópolis, em Goiás. Em nota, a PF informa que as investigações apontam para a existência de um esquema que usava doação de cestas básicas, combustíveis, pagamento de contas de água e energia para ‘fidelizar eleitores’.
O esquema mirava em eleitores de determinados candidatos no primeiro turno, realizado no dia 2 de outubro. Segundo a PF, a ação do grupo configura compra de votos.”Restou evidenciado também o uso indevido de CPFs de eleitores em prestações de contas eleitorais”. Serranópolis fica a cerca de 370 quilômetros de Goiânia.
São cumpridas 11 ordens judiciais expedidas pela 18ª Zona Eleitoral de Jataí, em Goiás – dois mandados de prisão preventiva e nove de condução coercitiva. Os investigados foram indiciados pela prática de captação ilegal de sufrágio (compra de votos) e falsidade ideológica eleitoral, previstos nos artigos 299 e 350 da Lei 4.737/65 do Código Eleitoral.
O nome da Operação, segundo a PF, faz alusão à política denominada Pão e Circo – manipulação de massas – que foi uma expressão utilizada pelo poeta romano Juvenal em ‘Sátira’, como forma de ilustrar o controle do povo pelos imperadores romanos através do fornecimento do pão (distribuição de trigo) e do circo (espetáculos).
(Com Estadão Conteúdo)

sexta-feira, outubro 21, 2016

Estatísticos denunciam fraudes em pesquisas eleitorais

Urna eletrônica
Pesquisas eleitorais da campanha municipal de 2016 foram registradas com dados falsos de estatísticos, segundo denunciam os próprios profissionais. Doris Fontes, presidente do Conselho Regional de Estatística da 3.ª Região, afirma que nomes e números de registro de filiados à entidade aparecem em levantamentos no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sem que eles tenham participado de fato dos trabalhos. Ela própria teve seu nome utilizado em mais de 20 pesquisas realizadas pela empresa Bom Dia Rio Preto Comunicações. “Nunca na minha vida realizei pesquisa eleitoral”, ressaltou.
Outros profissionais relatam situações semelhantes. Renata Nunes César, do instituto Datafolha, afirma que seu nome e registro foram usados para o registro de uma pesquisa na cidade de Campo Limpo, em Minas Gerais, pela empresa Diário Em Dia. Ela afirmou nunca ter atuado em pesquisas fora do instituto em que trabalha.
Maria Rita Lucas, do Instituto Statsoft, afirmou que seu instituto aparece nos registros do TSE como autor de três pesquisas eleitorais, embora não trabalhe com essa atividade. Além disso, os registros indicam o nome e número de um estatístico que é ex-funcionário do Statsoft, André Willy Castro. Ele afirmou que não realizou nenhuma das três pesquisas.

Exigência

O TSE exige que toda pesquisa eleitoral seja registrada em seu site antes de realizada, com os dados do contratante e do estatístico responsável. O tribunal, porém, “não realiza qualquer controle prévio sobre o resultado das pesquisas”, segundo informa seu site.
A descoberta das fraudes se deu porque, nas eleições de 2016, o TSE passou a permitir em seu site a consulta por nome e número de registro de estatísticos responsáveis por pesquisas.
No Maranhão, a empresa Ma+ Consultoria e Serviços usou dados falsos de um estatístico em um levantamento na cidade de Formosa da Serra Negra. O dono da empresa, Avenildo Aquino Pinto, foi preso por estelionato em março deste ano. Ele é alvo de inquérito policial por ter dois CPFs.
Nos registros do TSE, o nome do responsável pela pesquisa da Ma+ em Formosa da Serra Negra é Lázaro Ramos de Andrade, com o número de registro profissional 7941 – esse registro, porém, pertence a outro estatístico, Carlos Magno Machado, do Rio Grande do Norte. A Ma+ registrou uma segunda pesquisa em nome de Lázaro Ramos de Andrade, na cidade de Grajaú, no Maranhão, mas com outro número de registro profissional.
O proprietário da empresa Bom Dia Rio Preto, Kleber Moreira, negou que as pesquisas tenham sido registradas sem o consentimento da estatística Doris Fontes e afirmou que ela foi contratada de fato para a pesquisa. Já o proprietário do Diário Em Dia, de Campo Belo, Richard Pereira, e a empresa Ma+ não responderam às ligações da reportagem.
(Com Estadão Conteúdo)

Policiais do Senado rastrearam escutas para Gleisi e Lobão Filho

A Polícia Federal prendeu quatro policiais legislativos, ou seja, que trabalham dentro do Congresso, na operação batizada de Métis. Eles são suspeitos de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, indo até a casa de Senadores e retirando as escutas telefônicas autorizadas pela Justiça - 21/10/2016
Os senadores Lobão Filho (PMDB-MA) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), investigados na Operação Lava-Jato, utilizaram os serviços de contrainteligência da polícia legislativa do Senado para rastrear eventuais escutas em imóveis particulares, segundo investigação da Operação Métis, deflagrada na manhã desta sexta-feira.
Quatro policiais do Senado, responsáveis pela varredura, foram presos sob suspeita de obstrução da Lava-Jato. “A deliberada utilização de um equipamento sofisticado, de propriedade do Senado Federal, utilizando recursos públicos, passagens aéreas custeadas pelo Erário e servidores concursados, em escritórios ou residências particulares, não possui outro objetivo senão o de embaraçar a investigação de infração penal que envolve organização criminosa”, diz um documento da investigação.
O inquérito foi instaurado a partir de uma delação premiada feita por um policial legislativo. O colaborador revelou que em ao menos quatro ocasiões foram utilizados equipamentos do Senado e recursos públicos para fazer varreduras em imóveis funcionais e particulares de três senadores e um ex-parlamentar, alvos da Lava-Jato. O objetivo era fazer uma operação de contrainteligência. Em pelo menos duas ocasiões, os servidores se deslocaram para as cidades de São Luis, no Maranhão, e Curitiba, no Paraná.
Ao todo, a PF cumpriu nove mandados judiciais, todos em Brasília, sendo quatro de prisão temporária e cinco de busca e apreensão, um deles nas dependências da Polícia do Senado. Os mandados foram expedidos pela 10º Vara Federal do Distrito Federal.
De acordo com a PF,  foram obtidas provas de que o grupo, liderado pelo diretor da Polícia do Senado, tinha a finalidade de criar embaraços às ações investigativas envolvendo três senadores e um ex-parlamentar. Durante uma operação de busca e apreensão na residência da senadora Gleisi Hoffmann, o diretor da Polícia do Senado ordenou que os policiais da Casa intimidassem agentes da Polícia Federal, que cumpriam ordem judicial.
Os investigados responderão pelos crimes de associação criminosa armada, corrupção privilegiada e embaraço à investigação de infração penal que envolva organização criminosa. As penas somadas podem chegar 14 anos e seis meses de prisão, além de multa.
O nome da operação faz referência à Deusa da proteção, com a capacidade de antever acontecimentos.

quinta-feira, outubro 20, 2016

Cavendish diz que pagou joia de R$ 800 mil à mulher de Cabral

O empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, afirmou em sua negociação de delação premiada, que, em 2009, pagou um anel de 800.000 reais para que o então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, presenteasse a então primeira-dama, Adriana Ancelmo, na data de seu aniversário, em 18 de julho. Segundo a edição desta quinta-feira do jornal O Globo, o ex-governador e o empreiteiro estavam em Mônaco, na Itália, quando entraram na filial da famosa joalheria Van Cleef & Arpels, na Place du Casino, para pegar o presente que já estava reservado: um anel de ouro branco e brilhantes, que custava 220.000 euros, cerca de 800.000 reais.
Aos investigadores, Cavendish entregou uma foto em que Cabral aparece ao lado de Adriana, que exibe o anel na mão esquerda. Para provar a compra, ele também entregou a nota fiscal, o certificado de compra e o comprovante de pagamento com cartão de crédito. De acordo com o jornal, foi feita no restaurante Le Louis XV, do chef Alan Ducasse, no Hotel de France, em Mônaco, onde o grupo de amigos liderados por Cabral estava hospedado. O anel foi dado durante o jantar, na presença de Cavendish, que estava acompanhado da então namorada, Jordana Kfouri, do ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes e do então assessor de Cabral, Luiz Carlos Bezerra e as esposas deles.
O anel de brilhantes, porém, foi devolvido a Cavendish, quando o empreiteiro e o ex-governador romperam a amizade. Isso aconteceu depois que surgiram revelações de que a Delta usava as empresas do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para lavar dinheiro. A descoberta foi um desdobramento da Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal em Goiás para desarticular um grupo que explorava máquina caça-níqueis e levou o diretor da Delta Centro-Oeste, Claudio Abreu, para a prisão. Paulo Fernando Magalhães Pinto, um amigo do ex-governador, foi quem entregou a joia a Cavendish.
Procurado pelo O Globo, Fernando Cavendish disse que está impedido de falar com a imprensa por causa de sua situação judicial. O ex-governador Sérgio Cabral afirmou, em nota entregue ao jornal, que “não tem como se posicionar sobre supostas declarações cujo conteúdo desconhece”. Paulo Fernando Magalhães Pinto não foi encontrado para comentar o assunto.

Eduardo Cunha faz exame de corpo de delito em Curitiba

O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) fez, na manhã desta quinta-feira, o exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba. Por volta das 10h30, Cunha deixou o local escoltado por policiais federais e sem algemas.
O procedimento é padrão e realizado com todos os detidos. O ex-presidente da Câmara dos Deputados já retornou à carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

Prisão

Cunha foi preso na tarde desta quinta-feira em Brasília. A ordem de prisão preventiva – ou seja, sem data prevista para soltura – foi expedida pelo juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos resultantes da Lava Jato em Curitiba. Acompanhado do advogado, Cunha foi preso no bairro da Asa Sul, região central de Brasília, perto da casa em que vive na capital federal.
Ao pedir a prisão de Cunha, o MP alegou que há risco de o ex-parlamentar atrapalhar as investigações e também de fugir do país, já que ele tem dupla nacionalidade, brasileira e italiana.