quarta-feira, novembro 14, 2018

Começa interrogatório de Lula em processo da Lava Jato que apura reformas feitas em sítio de Atibaia

Começou às 15h desta quarta-feira (14) o depoimento do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na audiência referente a um processo da Operação Lava Jato que apura reformas feitas no sítio de Atibaia. O interrogatório acontece na sede da Justiça Federal, em Curitiba.
Lula é réu nesta ação penal acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A audiência começou às 14h com o depoimento do pecuarista José Carlos Bumlai, também réu no processo. Bumlai, que responde pelo crime de lavagem de dinheiro, foi interrogado por uma hora.
As oitivas são conduzidas pela juíza federal Gabriela Hardt.
Comboio com Lula chegando ao prédio da Justiça Federal, em Curitiba, para o interrogatório marcado para as 14h desta quarta-feira (14) — Foto: Giuliano Gomes/PRPressComboio com Lula chegando ao prédio da Justiça Federal, em Curitiba, para o interrogatório marcado para as 14h desta quarta-feira (14) — Foto: Giuliano Gomes/PRPressComboio com Lula chegando ao prédio da Justiça Federal, em Curitiba, para o interrogatório marcado para as 14h desta quarta-feira (14) — Foto: Giuliano Gomes/PRPress
Esta foi a primeira vez que o ex-presidente deixou a Superintendência da Polícia Federal (PF), onde está preso desde abril. Não houve bloqueios no trajeto até o local do interrogatório.
Apoiadores do ex-presidente estão em frente à sede da Polícia Federal, onde Lula está preso, e ao prédio da Justiça Federal, onde acontece a audiência.
Apoiadores do Lula estão no entorno do prédio da Justiça Federal, onde o ex-presidente será interrogado nesta quarta-feira (14) — Foto: Giuliano Gomes/PRPRessApoiadores do Lula estão no entorno do prédio da Justiça Federal, onde o ex-presidente será interrogado nesta quarta-feira (14) — Foto: Giuliano Gomes/PRPRessApoiadores do Lula estão no entorno do prédio da Justiça Federal, onde o ex-presidente será interrogado nesta quarta-feira (14) — Foto: Giuliano Gomes/PRPRess

A denúncia

Conforme o Ministério Público Federal (MPF), o ex-presidente recebeu propina do Grupo Schain, de José Carlos Bumlai, OAS a Odebrecht por meio da reforma e decoração no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), que frequentava com a família. Outras 12 pessoas são rés neste processo.
Os valores foram repassados ao ex-presidente em reformas realizadas no sítio, de acordo com os procuradores do MPF.
Segundo a denúncia, as melhorias no imóvel totalizaram R$ 1,02 milhão. Ex-executivos da Odebrecht afirmaram que o departamento de propina da empresa bancou parte das obras.
De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, Bumlai teria ajudado no repasse de propina ao ex-presidente no valor de R$ 150 mil.
Ao aceitar a denúncia, o então juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, disse que as provas permitem a conclusão de que Lula se comportava como proprietário do sítio e que as reformas foram feitas para beneficiá-lo.
Moro destacou à época que bens pessoais de Lula e dos parentes dele foram encontrados no imóvel e que veículos utilizados por Lula teriam comparecido 270 vezes ao longo de seis anos no sítio.
Agentes do ex-presidente instalaram câmeras de segurança no imóvel.
O ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, que tenta fechar um acordo de delação, disse que o pedido da reforma partiu do ex-presidente, e que os dois falaram pressoalmente sobre o projeto.
Fernando Bittar, um dos donos do sítio, disse à juíza Gabriela Hardt, que assumiu os processos da Lava Jato, com a saída de Moro, que Lula e Dona Marisa queriam a reforma porque presicavam guardar objetos ganhos pelo ex-presidente.
Ele afirmou que achava que Lula faria o pagamento das obras na propriedade. Bittar responde por lavagem de dinheiro neste processo.
Lula nega as acusações e afirma não ser o dono do imóvel, que está no nome de sócios de um dos filhos do ex-presidente.
Fernando Haddad disse que esteve com Lula nesta manhã para “prestar solidariedade” e “saber se ele estava bem” para o depoimento.
“Ele tinha lido todos os depoimentos das testemunhas e está muito tranquilo quanto ao que ele vai relatar para a juíza no seu depoimento. Achei ele muito preparado e tranquilo”, disse.
PMs cercam o prédio da Justiça Federal para interrogatório do Lula — Foto: Giuliano Gomes/PRPressPMs cercam o prédio da Justiça Federal para interrogatório do Lula — Foto: Giuliano Gomes/PRPressPMs cercam o prédio da Justiça Federal para interrogatório do Lula — Foto: Giuliano Gomes/PRPress
O pecuarista José Carlos Bumlai e Lula prestam os últimos depoimentos da ação, que depois vai para a fase final.

Juíza substituta

Os interrogatórios, que começaram na semana passada, estão sendo comandados pela juíza federal Gabriela Hardt, substituta na 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba.
Gabriela Hardt assume temporariamente os processos da Lava Jato — Foto: ReproduçãoGabriela Hardt assume temporariamente os processos da Lava Jato — Foto: ReproduçãoGabriela Hardt assume temporariamente os processos da Lava Jato — Foto: Reprodução
Sérgio Moro era o juiz federal responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, porém, ao aceitar o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para ser ministro da Justiça, se afastou do cargo.
Em 5 de novembro, Moro comunicou que tiraria férias por 17 dias e quepedirá exoneração perto da posse, ou seja, no início de janeiro.
Gabriela Hardt começou a trabalhar com Moro em 2014 e, desde então, o substituti em audiências da Lava Jato.

Seleção do novo juiz

A seleção do novo juiz é de responsabilidade do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Com a saída de Moro, o TRF-4 deve abrir um processo informando que há uma vaga aberta. Quem pode participar são os juízes federais da região sul do Brasil. Entre os interessados, assume o juiz que tiver o maior tempo de magistratura.
Sérgio Moro, ao lado de Paulo Guedes, deixando a casa de Jair Bolsonaro, no Rio, quando aceitou o convite para ser ministro da Justiça — Foto: Henrique Coelho/G1Sérgio Moro, ao lado de Paulo Guedes, deixando a casa de Jair Bolsonaro, no Rio, quando aceitou o convite para ser ministro da Justiça — Foto: Henrique Coelho/G1Sérgio Moro, ao lado de Paulo Guedes, deixando a casa de Jair Bolsonaro, no Rio, quando aceitou o convite para ser ministro da Justiça — Foto: Henrique Coelho/G1

Lula preso

petista está preso uma uma sala especial na PF, na capital paranaense.
Lula cumpre pena de 12 anos e 1 mês de prisão pela condenação no caso do triplex em Guarujá (SP). Ele foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Lula quando foi preso, em 7 de abril deste ano — Foto: Ricardo Moraes/ReutersLula quando foi preso, em 7 de abril deste ano — Foto: Ricardo Moraes/ReutersLula quando foi preso, em 7 de abril deste ano — Foto: Ricardo Moraes/Reuters
Lula foi acusado de receber propina da empreiteira OAS. A suposta vantagem, no valor de R$ 2,2 milhões, teria saído de uma conta de propina destinada ao PT em troca do favorecimento da empresa em contratos na Petrobras.
Segundo a denúcnia, a vantagem foi paga na forma de reserva e reforma do apartamento no litoral paulista, cuja propriedade teria sido ocultada das autoridades.
Um dos depoimentos que baseou a acusação do Ministério Público e a sentença de Moro é o do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, também condenado no processo.

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