quinta-feira, agosto 25, 2011

Lula elogia Dilma: ‘Está aprendendo a fazer política...’

Antônio Cruz/ABr

Sete meses, 25 dias e quatro demissões ministeriais depois da posse de sua pupila, Lula está feliz com o desempenho de Dilma Rousseff na Presidência.
Há dois dias, em diálogo privado com um amigo petista, Lula disse que, aos poucos, Dilma agrega à “competência administrativa” o necessário traquejo político.
“Ela está aprendendo a fazer política”, disse o ex-soberano. “Depois de alguns tropeços, está se saindo muito bem.”
As observações de Lula coincidem com a decisão de Dilma de refrear os movimentos da vassoura. Ele, como ela, desenvolveu uma ojeriza pelo vocábulo “faxina.”
Na avaliação de Lula, excetuando-se a crise do Ministério dos Transportes, Dilma “agiu bem” nas outras três: Casa Civil, Defesa e Agricultura.
No caso dos Transportes, disse Lula, houve “açodamento.” Ele credita a saída de Alfredo Nascimento e o abalo nas relações com o PR à “falta de tato” do Planalto.
Preferia que Antonio Palocci (PT) não tivesse deixado a Casa Civil. Mas, em análise retrospectiva, conclui que Dilma “não teve alternativa.”
Desprovida de explicações, a evolução patrimonial do amigo tornou-o um ministro inviável. “Uma hora tem que resolver, senão o governo não governa”, disse.
Atribui a queda de Nelson Jobim ao próprio Jobim. No dizer de Lula, o ex-titular da Defesa “falou demais, disse o que não devia.”
Os elogios a Dilma soaram no instante em que Lula analisou a encrenca da Agricultura. Foi nesse episódio, segundo ele, que a pupila demonstrou seu aprendizado político.
Submetida ao pedido de demissão de Wagner Rossi, Dilma atribuiu ao padrinho dele, o vice-presidente Michel Temer, a missão de cavar um substituto no PMDB.
Sobreveio o nome do deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS), velho conhecido de Dilma da política gaúcha, líder dela na Câmara. Para Lula, “um gol de placa.”
Lula tem conversado amiúde com a sucessora. Pelo telefone, duas ou três vezes por semana. Pessoalmente, pelo menos um encontro por mês. Quando a agenda permite, dois.
Celebra o fato de Dilma estar menos avessa aos políticos. “Ela agora se reúne mais, conversa mais.” Festeja sobretudo a reaproximação com o PMDB. “No PT, eu ajudo.”
Embora não diga, o ex-soberano constrói suas análises a partir de interesses próprios. Gestora de um governo de continuidade, Dilma passeia sobre a herança de Lula.
Por ironia, os quatro ex-ministros de Dilma foram ministros de Lula.

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