quarta-feira, outubro 19, 2011

Estatização da Fundação Sarney começa a ser votada

  Lula Marques/Folha
Um dia depois de publicado, foi a voto na Assembléia Legislativa do Maranhão o projeto que estatiza a Fundação José Sarney.
Sob protestos da oposição, minoritária, os deputados estaduais que apoiam o governo Roseana Sarney (PMDB) aprovaram o modelo de tramitação da proposta.
Coube ao deputado Jota Pinto (PR), aliado da família Sarney, sugerir que a votação ocorra em “sessão extraordinária”, sob “regime de urgência”.
O regime de toque de caixa foi pedido por Roseana, filha do presidente do Senado e autora do projeto que estatiza a fundação do pai.
Aprovado o modelo, o projeto, cujo teor foi esmiuçado aqui, seguiu para a Comissão de Constituição e Justiça.
Ali, os governistas tramavam uma aprovação instantânea. A proposta seria devolvida ao plenário ainda nesta terça.
Porém, o deputado Marcelo Tavares (PSB), líder do bloco de oposição, pediu vista do projeto. Com isso, a aprovação foi adiada para esta quarta (19).
Rendida à maioria pró-Sarney, a oposição fez em plenário o que lhe resta: esperneou. Em discurso, líder Marcelo Tavares indagou:
“Será o povo do Maranhão que pagará todos os custos deste culto à personalidade de um cidadão maranhense que, se por um lado teve um enorme sucesso na sua vida, deixou o Estado do Maranhão como um dos piores Estados da Federação?”
O coro dos foi reforçado por Rubens Júnior (PCdoB), Bira do Pindaré (PT) e Neto Evangelista (PSDB).
A tróica realçou que Roseana propôs a estatização da fundação do pai sem ao menos informar quando a novidade vai custar aos cofres do Estado.
Os deputados não sabem nem mesmo quanto são os funcionários da fundação, que passarão a receber como servidores do governo.
A deputada Gardênia Castelo (PSDB), outra crítica da novidade,questionou a falta de prioridade embutida na urgência.
“Eu não compreendo como uma Casa do Povo pode tratar de forma tão diferente e com pesos tão desiguais uma questão como o piso salarial dos enfermeiros e a urgência na criação da Fundação, sendo o primeiro um projeto de interesse público e o segundo um projeto de interesse particular.”
No instante em que os deputados discusavam, as galerias da Assembléia estavam apinhadas de professores da rede pública de ensino do Maranhão.
A gestão Roseana discute a revisão do Estatuto do Magistério. Receando perder direitos, os professores pedem ao apoio dos deputados. E Gardênia:
“É lamentável que, no Maranhão, as prioridades sejam equivocadas, que o governo não tenha sensibilidade para ouvir e atender uma categoria tão importante, mas se disponha a aprovar em regime de urgência a fundação da Memória Republicana [nome da versão estatal da Fundação Sarney].”
Eterno defensor de Sarney na Assembléia, o deputado Magno Bacelar (PV) contestou os opositores. Disse que a Fundação Sarney precisa de amparo oficial.
Por que? É importante para a vida cultural do Maranhão. Na falta de melhor argumento, Bacelar recitou dado anotada em mensagem de Roseana  à Assembléia:
“Mais de 135 mil pessoas já visitaram a Fundação José Sarney, que reúne um dos acervos mais importantes do Brasil.”

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