sexta-feira, outubro 19, 2012

Associação lança plano para preservar mascote da Copa

A ameaça de extinção do tatu-bola mobiliza órgãos públicos e setores privados pela conservação da espécie
Crateús A Associação Caatinga, em parceria com a ONG The Nature Conservancy e a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), desenvolveu o projeto de conservação intitulado "Tatu-bola e a Copa do Mundo da Fifa 2014 - Juntos marcando um gol pela sustentabilidade".

Guias treinados fazem trilha na Serra das Almas, na região dos Inhamuns, com visitantes, lugar onde é habitat natural do tatu- bola. Se não forem tomadas ações imediatas, a extinção poderá acontecer nos próximos 50 anos FOTO: SILVÂNIA CLAUDINO


O foco principal desta iniciativa é reduzir o risco de ameaça de extinção que o tatu-bola sofre através da mobilização da Fifa, dos patrocinadores, participantes e principalmente dos torcedores da Copa do Mundo 2014.

O projeto já conta com o apoio do Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Esporte e será apresentado ao Comitê Local de Organização da Copa em novembro e à própria Fifa em dezembro, segundo informações da Associação.
A entidade, que gerencia a Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), localizada neste município quer chamar a atenção de todos que atuarão e assistirão ao evento para a preservação ambiental da mascote. Com a visibilidade dada à espécie surge a oportunidade ímpar de sensibilizar a sociedade para a preservação do animalzinho símbola do torneio e da caatinga.
"O grau de ameaça, a grande carência de conhecimento sobre a espécie e a degradação dos ambientes naturais onde ela ocorre e as respectivas consequências ambientais, sociais e econômicas deste processo de degradação tornam relevantes as iniciativas de conservação contidas neste projeto", justifica a Associação, que desenvolverá o projeto na caatinga e cerrado dos estados do Ceará e Piauí, durante quatro anos.
De acordo com os ambientalistas, o projeto atende à estratégias previstas nas três Convenções das Nações Unidas respectivamente da Diversidade Biológica, das Mudanças Climáticas e do Combate à Desertificação. Atende também às diretrizes da IUCN e do governo brasileiro para a conservação de espécies ameaçadas de extinção.
Parceiros
Para Rodrigo Castro, secretário executivo da ONG, a expectativa é de que a Fifa apoie o projeto, dada a importância de preservação urgente da espécie e do seu habitat, a caatinga e o cerrado. Atuará diretamente nestes Estados e biomas e apoiará iniciativas de pesquisa e conservação nos outros estados de ocorrência do tatu bola.
"Esperamos contar com o apoio da Fifa, pois já temos parceiros fortes, como a The Nature Conservancy e a União Internacional para Conservação da Natureza e precisamos muito de parceiros porque o projeto é de longa duração e carece de recursos", afirma.
Segundo ele, serão dez anos de desenvolvimento do projeto e a primeira fase, com duração de quatro anos já começou, com a realização dos primeiros estudos de atualização da espécie e a busca de parcerias.
Nessa fase, as pesquisas mostrarão o grau de ameaça da espécie e o seu comportamento. Dados precisos serão coletados por meio de informações técnicas que atestarão a condição de vulnerabilidade das populações da espécie e a relação da comunidade com os fatores que levam a espécie à vulnerabilidade (perda de habitat, caça, espécies invasoras e demais pressões).
"Saberemos então a ocorrência do tatu-bola, ou seja, onde ele ainda existe e a sua população estimada, pois atualmente não temos dados precisos", afirma Castro.
Informações
Conforme o executivo, as informações atuais que se têm sobre o animal são graves. São provenientes do estudo anual que a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) produz sobre as espécies em extinção e quanto ao tatu-bola são preocupantes, pois indicam que o animal sofre o grande risco de ser extinto em 50 anos, caso não sejam feitas ações de preservação e conservação.
"Isso é muito preocupante e com os nossos estudos por meio do projeto teremos os dados precisos. Então poderemos preservar tanto ela como o seu habitat", destaca.
Ainda nessa primeira fase a Associação visa implantar na Reserva Natural Serra das Almas laboratório para as pesquisas de manejo, bem como estimular pesquisadores de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado) para estudos de levantamento e etologia da espécie. Outra ação é realizar estudos voltados para conhecimento dos hábitos alimentares, reprodutivos e relações ecológicas.
Ao longo do projeto, a Associação prevê a realização de diversas ações voltadas para a conservação, educação ambiental, comunicação e desenvolvimento institucional. Participam também como parceiros The IUCN/SSC Anteater , Sloth and Armadillo Specialist Group (Asasg), The Nature Conservancy do Brasil (TNC Brasil), APProach, AD2M e R.Amaral Advogados.
FIQUE POR DENTRO
Tabu-bola desenvolveu sua autodefesaCom a notícia do tatu-bola como mascote da Copa de 2014 a Associação Caatinga, ONG cearense que lançou a campanha no início de fevereiro, começou a trabalhar os desdobramentos da escolha, que leva o "animalzinho que vira bola" para o centro das atenções. A espécie, ameaçada de extinção, disputava com outros símbolos, como a onça pintada, a arara, o jacaré e o Saci Pererê. A Associação lançou o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) como mascote por ser um animal que só existe no Brasil e que tem a habilidade de curvar-se sobre si mesmo para se proteger quando ameaçado, ficando no formato de uma bola. É natural da caatinga e do cerrado. A expectativa é de que, com a visibilidade que se terá com o campeonato mundial, haja a transferência de recursos para projetos e investimentos na valorização, conservação e uso sustentável do bioma caatinga, em sua totalidade.
MAIS INFORMAÇÕES:Associação Caatinga
Rua Instituto Santa Inês, 658
(88) 3691.8671 - Crateús ou (85) 3241.0759, na sede de Fortaleza

SILVÂNIA CLAUDINOREPÓRTER

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