Cinco anos depois do início das obras, um dos maiores projetos do governo federal em curso no País acumula atrasos, paralisações e acréscimos em seu orçamento. No entanto, o Ministério da Integração Nacional garante mais ritmo ao projeto a partir de agora.
Vindas de Pernambuco, elas devem desaguar no Cinturão das Águas para chegarem a 93% do território cearense
As obras da transposição começaram no início do último janeiro no município cearense de Jati, que dista 525 quilômetros da Capital. Por lá, onde está o trecho mais atrasado da transposição, por enquanto, ainda são 120 pessoas envolvidas no trabalho de preparar a barragem já existente para receber as águas do Rio São Francisco.
Cid: "nós estamos procurando, através do Cinturão, dar efetividades a essa Transposição" Foto: Alex Costa
Mas os trabalhos deverão ser intensificados porque a promessa, que é um dos grandes desafios do projeto, é fazer com que as águas do Velho Chico cheguem ao Ceará ainda em setembro do próximo ano, sendo despejadas no reservatório e dele partindo para outras frentes.
Segundo o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, as obras desta e das demais barragens que serão construídas no Ceará, que fazem parte da meta 2N, ainda vão mobilizar 1.800 pessoas. No momento, a etapa está concentrada na implantação do canteiro de obras e na preparação da barragem de Jati, com supressão vegetal, destocamento e limpeza, estando também em atividade as equipes de fauna, flora e de arqueologia.
Cinturão receberá as águas
Quando a água chegar ao Jati, percorrendo aproximadamente 150 quilômetros desde Cabrobó, em Pernambuco, passando ainda por Salgueiro (PE) e Penaforte (CE), o governador do Estado, Cid Gomes, espera que seja dada funcionalidade ao projeto do governo federal por meio de sua interseção com o Cinturão das Águas do Ceará.
"Ficaremos, no Ceará, com o melhor manejo de águas dos estados da Transposição, com o Cinturão das Águas", garante Cid. O Cinturão se constitui de um grande sistema de canais para a condução das águas do São Francisco para a 93% do território cearense.
O projeto, como um todo, envolverá um investimento de R$ 7 bilhões, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A primeira etapa do empreendimento está em fase de licitação e os projetos das empresas concorrentes foram recebidos na última semana, segundo o governo.
Distribuição no Estado
Saindo de Jati, o Cinturão percorrerá 150 quilômetros, em cinco lotes, passando pelos municípios de Brejo Santo, Porteiras, Abaiara, Barbalha, Missão Velha, Crato e Nova Olinda.
O valor orçado desta etapa é de R$ 1,6 bilhões, e a expectativa do governo é de que as obras comecem em maio.
"Nós estamos procurando, através do Cinturão das Águas, já dar efetividade a essa Transposição. E que não seja somente alimentar o açude Castanhão, mas que possa também levar para outras regiões do Estado e ter um sub-pulmão, que é o açude Orós. O Orós passará a integrar, de partida, com o Cinturão, na sua primeira etapa, o Núcleo de Reservação do Estado, além do que ele já tem capacidade", defende o governador.
Lote em Jati
O lote no qual está incluída a barragem de Jati, o de número 5, recebeu autorização do Ministério da Integração Nacional para o início dos serviços em agosto passado, mas a ordem de serviço só foi emitida em dezembro último e as obras só começaram em janeiro. Não há sequer 1% concluído deste trecho.
De acordo com o ministro, houve problemas pelo fato de as jazidas previstas no projeto não estarem em conformidade com a realidade. Outro motivo foi a demora na licença ambiental para a supressão vegetal.
A barragem vai levar ainda um ano e meio para ser concluída, de acordo com a empresa responsável pela obra, a Serveng. Além da reforma deste reservatório, serão construídas seis novas barragens, sendo cinco no município de Brejo Santo e outro em Mauriti. A extensão total deste lote é de 40 quilômetros, de Jati à divisa com Mauriti. Contratada por R$ 518 milhões, esta meta deverá estar pronta em dezembro de 2014. (SS)
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