quinta-feira, março 21, 2013

Falta d´água compromete entrega de casas em Crateús

Unidades do Minha Casa, Minha Vida foram concluídas mas aguardam rede de distribuição de água
Crateús A escassez de água neste município está trazendo prejuízos para o setor imobiliário, fato que compromete em grande escala a economia local. A informação é de construtores, que enfrentam dificuldades para entregar residências prontas e para cumprir metas deste ano devido a não autorização da Companhia de Água e Esgoto do Ceara (Cagece) para novas ligações de água. Alegam prejuízos no setor e temem demissões e migrações da mão-de-obra local. A Cagece explica que novas ligações aumentam o consumo na rede, sendo inviáveis no atual quadro de escassez de água no Açude Carnaubal, que abastece a cidade.
O município experimenta uma expansão do setor imobiliário, porém, enfrenta limitações devido à impossibilidade de ampliação da rede de água FOTO: SILVANIA CLAUDINO

O reservatório está com apenas 7,5% da sua capacidade e proverá a cidade com água até o dia 31 deste mês. A partir de abril, será utilizado o seu volume morto, com a distribuição de água sendo feita por meio de bombeamento.

O quadro de colapso no abastecimento de água é realidade não somente em Crateús, mas em vários municípios do Estado. Os municípios de Pacoti, Beberibe e Quiterianópolis estão em situação crítica, segundo a Cagece. No primeiro, dois poços se exauriram e a Companhia providencia a perfuração de novos poços para manter o abastecimento. Em Beberibe, foram perfurados sete poços e Quiterianópolis tem água a partir dos carros-pipas que pegam água em Novo Oriente, no Açude Flor do Campo. Vários outros municípios enfrentam dificuldades no abastecimento de água.

A Companhia diz que está adotando ações para prevenir racionamento no Estado. "De uma forma geral, a Cagece, em conjunto com a Cogerh, a Sohidra e os poderes municipais, está adotando todas as medidas cabíveis para prevenir a necessidade de racionamento, em todo o Ceará. Entre as ações que estão sendo providenciadas podem ser citadas: a perfuração de novos poços, a construção de adutoras trazendo a água de mananciais alternativos, a disponibilização de carros pipas, além de outras medidas técnicas", informou em nota ontem de manhã.

O órgão informou também que em Crateús "estão sendo realizadas, pelo Ministério Público, ações com todos os envolvidos com irrigação. Como medida técnica emergencial, a Cagece está providenciando a instalação de um flutuador com bomba no porão do Açude. Já foi aprovada, na segunda-feira, a execução de uma adutora diretamente do Açude Carnaubal, que irá substituir o sistema de captação atual. Também está em estudo a captação alternativa no Açude Flor do Campo e no Açude Jaburu".

Os construtores ressaltam que amargam grandes prejuízos porque, sem as ligações de água, não receberão o valor referente às residências, que são financiadas pela Caixa Econômica Federal. Argumentam que as novas ligações não aumentam o consumo de água. Buscam junto ao órgão negociação de cotas para que, até o final do ano, tenham a garantia de entregar 200 residências, meta do setor.

"As residências não aumentarão o consumo de água na cidade, uma vez que as famílias que nelas irão residir já residem e consomem água na cidade. Vão apenas mudar para as residências novas, sair do aluguel para a casa própria", salienta o construtor José Vagno.

Ele informa que, em negociação com o órgão, conseguiram a liberação de 40 cotas (novas ligações), mas querem 60, com a possibilidade de renegociação em um prazo de 90 dias. Argumentam que as 60 liberações satisfazem o setor, mas "com a possibilidade de revisão em 90 dias, com base na demanda e na concretização da quadra invernosa", diz Vagno.

O Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), entende que as medidas preventivas adotadas pela Cagece para Crateus buscam priorizar o abastecimento humano neste momento de estiagem na região. No entanto, está apurando informações junto com construtores locais para verificar os prejuízos econômicos e sociais em decorrência da demora na autorização de ligação de água dos empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida, para buscar o diálogo junto à Cagece.

Na tarde de ontem, após o fechamento desta edição, estava prevista uma reunião com representantes do setor, da Cagece e o Ministério Público (MP) a fim de mediar as negociações sobre o pleito dos construtores.

Expansão

Nos últimos dois anos, a expansão da rede imobiliária na cidade é evidente. Bairros e áreas antes pouco habitadas, atualmente estão inundados de conjuntos residenciais, novas casas e lotes disponíveis para venda. Além das áreas próximas ao centros de ensino superior (IFCE e futura UFC), outros bairros também experimentam crescimento imobiliário. Segundo o construtor, cerca de R$ 2 milhões mensais movimentam a economia local através do setor, que comercializa em torno de 20 unidades, gerando 800 empregos diretos e indiretos.

Para a Cagece, a ação em Crateús não é racionamento. "Estão sendo realizadas ações para que água seja exclusivamente usada para consumo humano. A Cagece ressalta que, diante da escassez do manancial, é preciso essa prioridade, como ação emergencial, lembrando que distribui água tratada, própria para beber. Está sendo feito, por exemplo, o descarte de ligações em construções. A Cagece está evitando novas ligações, pois, em princípio, representaria um aumento do consumo na rede. Também estão paradas novas ampliações de rede".

Distribuição

40 cotas para ligação de água foram liberadas pela Cagece, mas os construtores querem, pelo menos, 60 cotas, para a entrega dos imóveis não ficar emperrada

Mais informações
Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece)
Av. Lauro Vieira Chaves, 1.030
Vila União - Fortaleza
(85) 3101.1834/ 0800 275 0195

SILVANIA CLAUDINO
REPÓRTER

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