sábado, maio 04, 2013

Venda de milho no balcão continua reduzida em 50%

Medida visa atender a maior número de produtores rurais, que estão prejudicados pela escassez dos grãos

Iguatu. Sem milho suficiente para atender à necessidade dos criadores, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no Ceará, mantém a redução em 50% da cota integral do programa Venda Balcão.

De um total de 49 mil toneladas, o Ceará deveria receber 30 mil de toneladas por transporte marítimo e 19 mil por rodovia, mas não houve empresas interessadas em fazer o transporte FOTO: HONÓRIO BARBOSA

A medida tenta atender a um maior número de produtores rurais cadastrados. A oferta do grão permanece insuficiente para a necessidade mensal que é de 30 mil toneladas.

Depois de duas tentativas frustradas em abril passado de contratação de empresa para o transporte de milho para o Nordeste por via marítima, a Conab lançou novo edital para a próxima segunda-feira, dia 6 de maio.

"São 83 mil toneladas para o Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco", informou o superintendente da Conab, no Ceará, Agenor Pereira. "A nossa expectativa é de que empresas sejam habilitadas nesse novo leilão". Desse total, o Ceará ficará com uma cota de 30 mil toneladas de milho.

Estiagem
A demanda cresceu no Estado por causa da seca que se prolonga desde 2012. Atualmente, a escassez do cereal atinge mais os armazéns da Conab nas cidades de Iguatu, Juazeiro do Norte, Crateús e Russas.

O produtor rural, Francisco Lopes, esteve, ontem, pela manhã, no Armazém da Conab, nesta cidade, localizada na região Centro-Sul, em busca de milho para o rebanho de bovinos e ovinos. A quantidade em estoque na unidade (100 toneladas) só foi suficiente para atender a 50 criadores de um total de 400 cadastrados no município de Cedro. Esse é um drama vivenciado pelos criadores que se repete em todo o Estado.

Promessa do governo
Há um mês, a presidente Dilma Rousseff esteve reunida em Fortaleza com os governadores do Nordeste e anunciou o envio de 340 mil toneladas de milho para a região. O Ceará teria direito a uma quota de 49 mil toneladas. Decorrido esse período, até agora só chegaram 10 mil toneladas, que são insuficientes para atender à necessidade emergencial do Estado.

De acordo com o cronograma inicial, de um total de 49 mil toneladas, o Ceará deveria receber 30 mil por meio de transporte marítimo e 19 mil transportadas por rodovia, mas não houve empresas interessadas em fazer o transporte.

"Agora tem tudo para dar certo", disse Agenor Pereira. "Os grãos estão estocados, e o atraso refere-se à questão de logística de transporte. Quando esse milho chegar vai ser um alívio para todos nós", comentou.

Em decorrência do contingenciamento feito pela Conab, a cota integral mensal que variava de três a seis mil quilos do grão foi reduzida em 50%.

Chuva alivia
O presidente da Federação de Agricultura do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya, observou que o milho é importante para complementar a alimentação do rebanho, e lamentou mais uma vez o atraso na remessa dos grãos para o Ceará, mas frisou que os ruminantes também precisam de forragem para a digestão alimentar.

"Essas últimas chuvas trouxeram um alívio por um período de 60 a 90 dias, com o surgimento de pastagem nativa e acúmulo de água nas propriedades", frisou. "O milho sozinho não resolve o problema causado pela seca e morte dos animais", contou.

Burocracia
Flávio Saboya lamentou o atraso e a burocracia que emperram as ações governamentais em assistência aos produtores rurais. "Até hoje o crédito emergencial só saiu para a agricultura familiar e os outros setores, pequenos e médios produtores, ficaram desassistidos", frisou.

"Estamos aguardando a regulamentação para o crédito específico para o plantio de forragem em áreas irrigadas, mas nada foi regulamentado", desabafou.

Diante da falta de ações concretas, Saboya indaga: "Quem vai pagar por esse quadro dantesco da morte de rebanho?". O presidente da Faec disse que o atraso na efetivação das medidas anunciadas pela presidente Dilma Rousseff vai trazer ônus para o governo. "Politicamente isso não é bom e economicamente vai atingir a região com prejuízos para o setor agropecuário".

Esperança
O governo federal cedeu cerca de dois mil hectares na Chapada do Apodi para a produção de forragem e milho. "Esperamos que até setembro essas áreas já possam ter produção, mas o plantio tem de começar em junho", disse Saboya. "O nosso temor é que as ações não sejam efetivadas", falou.

O secretário de Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, observou que o governo federal está isento de culpa pelo atraso na remessa de milho para a região Nordeste. "O governo já aumentou de 19 mil toneladas para 33 mil toneladas de milho para o Ceará", frisou. "O prazo para o transporte por via marítima foi ampliado para 30 dias e se caso não aparecer interessados, o transporte será feito por caminhões, mesmo que demande mais tempo", assinalou o secretário Nelson Martins.

Ele destacou, ainda, que o esforço do governo é para manter com regularidade a oferta dos grãos em atendimento às reivindicações dos produtores e disse que por causa das últimas chuvas houve um alívio no campo. "Estamos menos preocupados, mas com esperança de que a contratação de transporte por cabotagem dará certo".

Mais informações
Superintendência da Conab no Ceará, Gerência de Operações
(85) 3252. 1722
Federação da Agricultura do Estado do Ceará, (85) 3535.8023

HONÓRIO BARBOSAREPÓRTER 

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