sábado, fevereiro 22, 2014

Grupo defende que PT não indique candidato

dirigentes do PT
Parlamentares e dirigentes do PT se reuniram ontem para se contrapor ao manifesto lançado, semana passada, pelo grupo ligado a Luizianne Lins, que defende candidato próprio ao Governo. A atitude amplia o racha no partido
FOTO: ALEX COSTA
Lideranças petistas lançaram, ontem, um manifesto apoiando que outra sigla aliada lance candidato ao Governo
Membros do Diretório Estadual do PT lançaram, ontem, manifesto contra a tese da candidatura própria ao Governo do Estado para apoiar o nome a ser indicado por Cid Gomes na sucessão estadual, defendendo que a decisão sobre o processo eleitoral em 2014 deve partir do governador. Na semana passada, o grupo ligado à ex-prefeita Luizianne Lins realizou um ato a favor do rompimento da aliança com o Executivo estadual.
"A continuidade da aliança que inauguramos em 2006 no Ceará, com PT, PMDB, o grupo político coordenado pelo governador Cid Gomes (PROS), bem como os demais partidos da base aliada, é um dos objetivos centrais da tática eleitoral do PT no Estado, em total sintonia com a tática nacional", relatou o manifesto apresentado, ontem, em evento na sede do partido.
O evento reuniu os deputados federais Artur Bruno, José Guimarães e José Airton, os parlamentares estaduais Rachel Marques, Camilo Santana e Dedé Teixeira e o vereador Acrísio Sena, além de militantes e algumas lideranças do PT no Interior, como o prefeito de Sobral, Clodoveu Arruda, e o ex-prefeito de Quixadá, Ilário Marques. Todos participaram de uma reunião a portas fechadas antes de fazerem o lançamento do manifesto.
O presidente estadual do PT, Diassis Diniz, rebateu as críticas de que a legenda estaria sendo subserviente à vontade do governador ao afirmar que, apesar de considerarem que Cid Gomes tem a preponderância na escolha do sucessor, o partido não vai ser excluído das discussões.
Balanço
"Não estamos deixando na mão do governador. Estamos dizendo que o governador tem o papel preponderante pela avaliação e o balanço que nós temos de sua gestão, mas o PT vai discutir com o governador a construção do nome e apresentar posições acerca do projeto político econômico e social", assegurou o presidente do PT no Ceará.
O deputado federal Artur Bruno frisou que Cid Gomes tem o direito de coordenar o processo e classificou os últimos sete anos como a melhor gestão do Governo do Estado na história do Ceará. "Quem vai coordenar o processo é o governador. Nossa avaliação do governador Cid Gomes é extremamente positiva. Por vário aspectos, este foi o melhor Governo que o Ceará já teve", apontou.
Lula
Já o deputado federal José Guimarães, que tem pretensões de disputar a vaga de senador, assegurou que a opinião da maioria no partido estava em sintonia com o pensamento de Lula, contrariando a afirmação da ex-prefeita Luizianne Lins de que o ex-presidente defendia a tese da candidatura própria, já que o cenário apontava para o rompimento entre o PROS e o PMDB.
O parlamentar alegou que não poderia interpretar o que o ex-presidente Lula já disse a outros membros do partido e, por isso, só poderia manifestar o pensamento que foi passado a ele. "Eu não vou mais interpretar o pensamento do presidente Lula. A gente tem uma opinião política no Ceará. Se quadro A ou quadro B conversou com Lula, não sei. Eu sei que conversei há uns 20 dias. Então, não estamos fazendo nada no Ceará em dessintonia com o que o presidente pensa", frisou.
Diassis Diniz também relatou que Lula nunca mostrou esse tipo de pensamento ao Diretório Estadual. "Estive com ele por duas ocasiões e, em nenhuma delas, o Lula disse o contrário senão a necessidade de manter uma bancada forte de senadores e deputado e que a manutenção da aliança é fundamental. Essa é a posição que eu ouvi do presidente. Se alguém ouviu diferente, eu não posso falar nem interpretar avaliações externas", alfinetou o dirigente.
Os petistas que foram ao evento garantiram ainda que a direção nacional da legenda não vai intervir em qualquer decisão que venha a ser tomada no Ceará. "Não tem isso de intervenção. Nessa história, o PT está escaldado. O partido não vai intervir em lugar nenhum", assegurou.
José Guimarães e os demais membros presentes na solenidade evitaram, no entanto, fazer conjunturas sobre o que poderá acontecer caso o governador Cid Gomes indique um nome do PROS para a sucessão e Eunício Oliveira não abra mão de participar da disputa. "Nós conversamos com todas as forças, com o governador, com Eunício. O PT é o grande fiador dessa aliança", pontuou.
Racha
Apesar do evento ter sido realizado uma semana após a ex-prefeita Luizianne Lins liderar a realização de um ato a favor da candidatura própria, o grupo ligado ao deputado federal José Guimarães negou haver um racha dentro do partido. O ex-prefeito de Quixadá, Ilário Marques, apresentou a quantidade de membros do PT que apoiam o manifesto lançado ontem para justificar que o ato liderado pela ex-prefeita representava a vontade de uma minoria na legenda.
"Dos 60 membros do Diretório Estadual, 50 assinam esse manifesto com essa posição política. Dos 30 prefeitos, 29 assinam esse manifesto. Dos quatro deputados federais, três assinam esse manifesto. Dos 6 estaduais, 5 concordam com esse manifesto. Dos 180 vereadores que nós temos no Estado, 153 assinam e apoiam esse manifesto. Por isso, é de um jogo político dizer que há racha no PT ou dizer que o partido está dividido", listou Ilário.
O deputado José Guimarães também rechaçou as especulações acerca de uma possível crise na legenda. "Não pensem que o PT vai para essas eleições rachado ou brigado. Tem discussão e debate, mas no PT, a democracia é um elemento fundante. Portanto, não tem crise", alegou o parlamentar.
Na agenda divulgada pelo Diretório Estadual, a definição de como o PT participará do processo eleitoral será concretizada no próximo dia 29 de março, quando será realizado o "Encontro de Definição de Tática Eleitoral". De acordo com os petistas, o ex-presidente Lula só virá à Capital cearense após a realização desse evento, já em abril.

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