sexta-feira, janeiro 30, 2015

Desvios na estatal chegam a R$ 2,1 bilhões, diz MPF

Conforme os dados divulgados, R$ 450 milhões foram recuperados e R$ 200 milhões em bens bloqueado

Image-0-Artigo-1788589-1
As suspeitas de corrupção na Petrobras começaram com a investigação sobre desvios de verbas na construção da Refinaria Abreu e Lima
FOTO: RODRIGO CARVALHO
Image-0-Artigo-1788691-1
Veto veio de filho do ex-diretor Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, réu da Lava-Jato
FOTO: ABR
São Paulo. O Ministério Público Federal (MPF), responsável pela força-tarefa que atua na Operação Lava-Jato, lançou uma página na internet para atualizar informações sobre as investigações. De acordo com balanço mais recente, os investigados na operação desviaram R$ 2,1 bilhões da Petrobras. Conforme os dados, R$ 450 milhões foram recuperados (21,42% do total estimado) e R$ 200 milhões em bens, o correspondente a 9,52%, estão bloqueados por determinação da Justiça.
Segundo o MPF, 12 investigados assinaram acordos de delação premiada. Conforme o levantamento, 150 pessoas e 232 empresas estão sob investigação.
Até a sétima fase da operação, deflagrada em novembro do ano passado, 60 pessoas foram presas, expediram 161 mandados de busca e apreensão e 37 pessoas foram conduzidas coercitvamente a prestarem esclarecimentos à Polícia Federal.
Após a apuração dos crimes, a Justiça Federal em Curitiba abriu 18 ações criminais contra 86 investigados, que respondem pelos crimes de corrupção, tráfico de drogas, lavagem de ativos, formação de organização criminosa e crime contra o sistema financeiro nacional.
As suspeitas de corrupção na Petrobras começaram com a investigação sobre desvios de recursos públicos na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Segundo o Ministério Público, a obra foi orçada em R$ 2,5 bilhões e alcançou gastos de R$ 20 bilhões.
Conforme o Ministério Público Federal, os desvios na construção da refinaria ocorreram em contratos superfaturados com empresas que prestaram serviços à Petrobras de 2009 a 2014. De acordo com a investigação, os desvios tiveram participação de Paulo Roberto Costa, então diretor de Abastecimento, e de Alberto Youssef, dono de empresas de fachada.
Perdas
O rombo causado pela corrupção nas contas da Petrobras poderá ser ainda maior, caso surjam novas empresas e contratos suspeitos, admitiu a presidente da estatal, Graça Foster.
A companhia também poderá ampliar o período sob investigação, limitado entre janeiro de 2004 e abril de 2012, época em que Costa foi diretor de abastecimento. Na avaliação da presidente da empresa, com a evolução das investigações da Lava-Jato, o volume de desvios estimados poderá ser superior aos R$ 4 bilhões que já teriam sido apurados pela companhia.
O valor se refere à aplicação da cobrança indevida de 3% nos contratos, que seriam desviados para propinas a ex-funcionários, partidos e políticos. Ao todo, a companhia identificou 52 contratos com 23 empresas citadas nas investigações - que representam mais de R$ 188 bilhões em patrimônio da companhia.
Máscaras de Cerveró são canceladas
São Paulo. O ator Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, réu em ação penal da Operação Lava-Jato, vetou a máscara de Carnaval com o rosto do pai. Para ele, o problema no olho esquerdo do pai motivaria a fabricação das peças, que seriam vendidas em lojas de artigos carnavalescos.
"A máscara seria muito mais em função da questão física do que pela parte política, porque ele não teve participação em nada nem é uma figura política", disse Bernardo ontem ao jornal "O Estado de S. Paulo".
Um amigo seu, advogado, ligou para Olga Valle, dona da fábrica que produziria a máscara, a Condal, e a convenceu a desistir, sob pena de processo.
"Foi uma ligação amigável. Falaram que não queriam a máscara e que iriam nos processar caso fizéssemos. Deviam levar na brincadeira, porque nada mais é do que isso", contou Olga, que teve a ideia de retratar Cerveró.
Ministro como testemunha
Outro réu da Lava-Jato, o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, preso desde 14 de novembro na sede da Polícia Federal, em Curitiba (PR), chamou o ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT), para ser sua testemunha.
Em resposta à acusação feita pela Procuradoria, juntado aos autos da Lava-Jato ontem, o executivo arrolou também o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, o candidato à Presidência da Câmara, o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT), e os deputados Paulinho da Força (SD), Jutahy Júnior (PSDB), Arnaldo Jardim (PPS) e Jorge Tadeu Mudalen (DEM).
Foi chamado ainda o secretário municipal de saúde de São Paulo, José de Filippi Júnior, ex-tesoureiro da campanha de reeleição do ex-presidente Lula, em 2006, e da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2010, e ex-prefeito de Diadema.

0 comentários:

Postar um comentário