quarta-feira, maio 06, 2015

Costa diz que 'Lava-Jato' detectou '10% do rombo'

Aos parlamentares, o ex-diretor da estatal afirmou que o esquema de corrupção se deve a "maus políticos"
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Alegando arrependimento, o delator do esquema de corrupção na estatal citou um total de 28 políticos do PT, PSDB, PP e PMDB
FOTO: AGÊNCIA BRASIL
Brasília. No quarto depoimento em comissões parlamentares para explicar o esquema de corrupção na Petrobras, o ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, disse, ontem, que os malfeitos identificados pela Operação Lava-Jato representam "apenas 10% do rombo" total da empresa.
Segundo ele, a política de defasagem de preços de derivados de petróleo foi o principal fator de prejuízo da empresa. "O governo manteve os preços congelados e arrebentou com a empresa", afirmou no depoimento de mais de quatro horas, ao longo do qual conversou diversas vezes com alguns de seus cinco advogados. "O maior problema é a gestão que fazem na companhia, a gestão política. Lava-Jato é 10% do rombo da Petrobras".
O ex-diretor que fez delação premiada e cumpre prisão domiciliar disse aos deputados que o esquema de corrupção da Petrobras se deve a "maus políticos" e que doações oficiais de campanhas também são fruto de propina. "Isso aconteceu por atitude de maus políticos. A gênese foi aqui em Brasília. A origem não foi na Petrobras. A origem veio aqui em Brasília", afirmou.
"Não existe doação de empresas que depois essas empresas não queiram recuperar o que foi doado. Se ele doa R$ 5 milhões, ele vai querer recuperar na frente R$ 20 milhões", disse o ex-diretor. Costa é acusado de intermediar negócios entre a Petrobras e empreiteiras, recolhendo propinas e distribuindo o dinheiro a siglas partidárias.
Políticos
Alegando arrependimento, Paulo Roberto Costa citou um total de 28 políticos do PT, PSDB, PSB, PP e PMDB. Mencionou os já falecidos ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE), ex-senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) e ex-deputado José Janene (PP-PR). Ele também confirmou a participação do deputado federal cearense Aníbal Gomes (PMDB) no esquema de desvios.
Renan e Dilma
Costa afirmou conhecer e ter mantido contatos com nomes como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O ex-diretor reafirmou ter recebido do ex-ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, pedido de contribuição de R$ 2 milhões para a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010.
Sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, Costa evitou imputar culpa diretamente à presidente Dilma Rousseff, que na época presidia o colegiado. "A responsabilidade não é só da presidente do Conselho, é de todos os conselheiros", respondeu.
Ligação com PT
Em depoimento à Justiça Federal, Nestor Cerveró afirmou, ontem, que a ligação dele com o PT, e não com o PMDB, influenciou a indicação para a diretoria da área Internacional da Petrobras, no início do Governo Lula. A versão contraria Costa, o qual afirmou que o PMDB era o beneficiário da propina paga por empreiteiras em troca de contratos com a diretoria Internacional.
Também ontem a Justiça Federal no Paraná autorizou a devolução à Petrobras do valor R$ 157 milhões correspondente a parte da propina recebida pelo ex-gerente de Engenharia da estatal Pedro Barusco, que assinou acordo de delação premiada.

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