quinta-feira, novembro 12, 2015

A aliados, Cunha não esconde irritação com PSDB: 'Desleal'

Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, durante sessão deliberativa - 27/10/2015
Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha(Valter Campanato/Agência Brasil)
Em conversas com aliados nesta quarta-feira, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não escondeu a irritação com o PSDB: cansado de esperar pela abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o partido formalizou o pedido de afastamento do peemedebista do comando da Casa. Cunha classificou o rompimento como "desleal" e avaliou que o PSDB agiu por conveniência. Em público, porém, o discurso foi outro, bem mais ameno. O deputado minimizou a ação dos tucanos, afirmou que continuará tratando o partido com "deferência" e que não vê problemas na decisão. Cunha disse também que é uma pessoa "de bem com a vida".
"Cada um tem o direito de fazer o que quiser, é da democracia. Não vou falar nada, não vou estabelecer crítica", disse Cunha em coletiva. "Cada um tem o direito de se posicionar como quiser. Respeito a posição do PSDB, não concordo com ela e pronto", continuou.
Embora o ato desta quarta-feira tenha sido a terceira manifestação do PSDB contra a permanência de Cunha na presidência, a ação foi vista como uma quebra de acordo por parte de aliados do peemedebista. Eles informaram que Cunha havia acenado para a oposição que se manifestaria sobre o pedido de impeachment até esta quinta-feira. O presidente da Casa se reuniu com parlamentares de oposição na noite de segunda-feira, quando ouviu críticas sobre a defesa apresentada e foi avisado de os tucanos votariam contra ele no Conselho de Ética. Foi aí que estabeleceu um novo prazo para se manifestar sobre o processo contra Dilma. Um dia antes, no entanto, os tucanos anunciaram a ruptura.
A decisão foi motivada pela descrença de que Cunha iria, enfim, anunciar uma decisão sobre o processo contra Dilma, paralisado há meses na Casa. Na avaliação dos tucanos, Cunha continuaria trabalhando contra o tempo: deixaria para se manifestar sobre o impeachment apenas depois da votação da admissibilidade do seu processo no Conselho de Ética. Enquanto isso, negociaria com o governo uma forma de se livrar da cassação poupando qualquer ação contra Dilma Rousseff. Em meio a esse cenário, o líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), já vinha sendo pressionado pela bancada a endurecer o discurso contra Cunha. A frágil defesa apresentada pelo peemedebista para fugir de um processo de cassação foi o estopim para a reação.
Para aliados de Cunha, o rompimento do PSDB pode enfraquecer as articulações de Cunha com o Planalto. O peemedebista tinha até agora a oposição e o governo nas mãos - não mais. "Se não tem mais diálogo com o PSDB, o Planalto também não tem mais o que temer, e assim, não precisa manter conversa com Cunha", resume um membro da sigla.
Outra avaliação é a de que Cunha, sendo alvo da pressão de um grande partido, perde força e musculatura em plenário. Para tentar reerguer o presidente, partidos que dão sustentação a Cunha emitiram nota de apoio a ele na tarde desta quarta-feira.

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