segunda-feira, outubro 30, 2017

Grupo alvo de operação fraudou o Enem 2016 e planejava burlar a prova deste ano, diz delegado

A Polícia Civil de Goiás informou que o grupo alvo de uma operação nesta segunda-feira (30) suspeito de burlar concursos em todo o país fraudou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016 e planejava fazer o mesmo neste ano. A prova será aplicada no próximo domingo (5) e em 12 de novembro.
"Comprovamos que o Enem 2016 foi fraudado. Em todos os concursos eles tentam atuar de uma forma ou de outra. Em alguns casos tem êxito, em outros não. Antecipamos a operação para esta semana visto que estavam planejando, via ponto eletrônico, fraudar o Enem 2017", afirmou o delegado Rômulo Figueiredo à TV Anhanguera.
Em nota, a assessoria de imprensa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem, informou que o órgão "não foi notificado e está buscando acesso ao inquérito para poder se manifestar".
A Operação Porta Fechadas, da Polícia Civil de Goiás, é realizada em conjunto com a Operação Panoptes, da PC do Distrito Federal. Juntas, as ações cumprem 15 mandados em Brasília e 18 em Goiânia contra suspeitos de liderar a chamada "Máfia dos Concursos".
"Resolvemos deflagrar juntos porque o objeto é o mesmo, fraude em concurso. Houve troca de informações, principalmente de Goiás para o DF, e há alvos em comum. Então a Polícia Civil de Goiás prendeu alguns alvos e a do DF, outros que atuaram em concursos diferentes", explicou Figueiredo .
Entre os editais fraudados está, segundo o delegado, o concurso para delegado substituto da Polícia Civil de Goiás. Por isso, em maio deste ano, a Justiça suspendeu, liminarmente, o certame.
Carro de operações especiais da Polícia Civil do DF em frente ao Cespe (Foto: Bianca Marinho/G1)Carro de operações especiais da Polícia Civil do DF em frente ao Cespe (Foto: Bianca Marinho/G1)Carro de operações especiais da Polícia Civil do DF em frente ao Cespe (Foto: Bianca Marinho/G1)

Ex- funcionário do Cespe

Entre os alvos está um ex-funcionário do então Centro de Promoção e Seleção de Eventos (Cespe) – atual Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe). Ele é apontado como um dos lideres do grupo especializado em fraudar provas.
Conforme a polícia, ele foi demitido em março deste ano assim que foi intimado a depor em Goiânia, e o esquema começou a ser desvendado. O ex-funcionário era quem cuidava da digitalização das provas e das folhas de respostas e, por esse motivo, conseguia preencher tudo antes e aprovar quem tivesse pago a propina.
"Este servidor subtraía o cartão resposta dos candidatos, que entregavam os mesmos em branco e, após a subtração, os preenchia indevidamente e os devolvia para a correção. Assim, os candidatos eram aprovados sem fazer qualquer prova", disse o delegado.
G1 entrou em contato, por e-mail e telefone, com a assessoria de imprensa do Cebraspe, às 8h10, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Valor da vaga

Depois de aprovado, o candidato chegava a pagar mais de R$ 100 mil ao grupo, dependendo da remuneração prevista no edital. O delegado afirma que há beneficiários do esquema em todo o país.
"A média cobrada era em torno de 20 vezes o salário para o cargo. Temos registro que em 2016 remeteram 35 milhões de euros para a Europa [o que corresponde a cerca de R$ 130 milhões] ", detalhou Figueiredo.
Segundo a polícia, o grupo contava com aliciadores. Em alguns casos, eles ficavam na porta de cursinhos fazendo amizade com concurseiros e os encaminhava para os principais articuladores da fraude.
Os envolvidos vão responder por formação de organização criminosa, fraude a certame licitatório, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, em alguns casos.
Mais informações sobre como o esquema funcionava devem ser divulgadas em uma coletiva de imprensa marcada para esta manhã.
Policiais Civis de Goiás e DF fazem operação contra fraudes em concursos e Enem (Foto: Sílvio Túlio/G1)Policiais Civis de Goiás e DF fazem operação contra fraudes em concursos e Enem (Foto: Sílvio Túlio/G1)Policiais Civis de Goiás e DF fazem operação contra fraudes em concursos e Enem (Foto: Sílvio Túlio/G1)

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