quarta-feira, agosto 31, 2011

PF cumpre 13 mandados de prisão e 23 de busca e apreensão na Ibiapaba

A Controladoria-Geral da União (CGU) investiga o desvio de mais de R$ 30 milhões em licitações.
Por: Márcio Dornelles
A Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministério Público Estadual (MPE) e a Polícia Federal desarticularam, nesta quarta-feira (31), um esquema de desvio de verbas públicas na Serra da Ibiapaba. Sete servidores do CGU, seis promotores de Justiça e 77 policiais federais foram acionadas para o cumprimento de 13 mandados de prisão e 23 de busca e apreensão.
O alvo da Operação Província II foi o município de Ibiapina, a 300 quilômetros de Fortaleza. De acordo com as investigações, diversos processos licitatórios realizados pela Prefeitura, entre os anos de 2009 e 2011, foram fraudados mediante o conluio de empresários e servidores municipais.
A Controladoria-Geral da União afirma que "empresas fantasmas eram convidadas para participar dos certames de modo a simular competição". Ainda segundo o órgão, a quadrilha visava licitações para locação de veículos, inclusive para o transporte escolar, obras e realização de eventos. O montante dos contratos fiscalizados supera R$ 30 milhões.
Além de cumprir mandados de prisão, busca e apreensão em orgãos públicos, residências e empresas, a Justiça também determinou o bloqueio de bens das pessoas e empresas envolvidas, além da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos investigados.
Mais
A Operação Província I foi desencadeada em março deste ano com o objetivo de desarticular uma quadrilha especializada no desvio de verbas públicas em vários municípios do Ceará e de órgãos da estrutura administrativa do governo estadual, com a participação de servidores públicos e membros de comissões de licitação.
*Com informações da CGU.

Emenda que acaba com voto secreto dorme há cinco anos na Câmara


Isabel Braga  e Gerson Camarotti, O Globo
Emenda constitucional que acaba com o voto secreto no Congresso Nacional, inclusive para cassação de mandatos, está engavetada desde 2006 na Câmara. De autoria do ex-deputado Luiz Antonio Fleury Filho, foi apresentada em 2001. Em 2006, chegou a ser aprovada na Câmara em primeiro turno por 383 votos a favor, nenhum contra e duas abstenções. Esfriado o escândalo do mensalão, a emenda não foi votada em segundo turno, para que pudesse ser enviada ao Senado.
Dos 15 deputados processados por quebra de decoro parlamentar no mensalão, três não foram condenados no Conselho de Ética, no qual a votação é aberta. Mas, dos 12 que tiveram recomendação de cassação aprovada no conselho em voto aberto, só três foram cassados no plenário, onde o voto é secreto.
Em 2006, o segundo turno da PEC do fim do voto secreto foi pautado por quatro vezes, mas não foi votado. Em 2007, foi 106 vezes para a pauta. Em 2009, a votação em segundo turno foi pautada 26 vezes, sendo que a última vez em 13 maio.
A emenda encontra resistências fortes entre os parlamentares. Muitos alegam que não é possível tornar aberto o voto em caso de vetos presidenciais, porque isso permitiria pressão do Executivo sobre os deputados.
O relator do caso Jaqueline Roriz, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), disse [ontem] que vai cobrar do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), a inclusão da PEC na pauta:
- Fizemos um gesto pela metade - afirmou Sampaio. 

Dilma inaugura central de telemarketing sob protesto em Recife

A presidente Dilma Rousseff (Roberto Stuckert Filho/Presidência)
GRACILIANO ROCHA
ENVIADO A RECIFE


Em seu último compromisso oficial na viagem a Pernambuco, a presidente Dilma Rousseff participou nesta terça-feira (30) da inauguração de uma central de atendimento telefônico que deve gerar 14 mil empregos.
Do lado de fora do prédio onde a presidente discursou, cerca de 200 operadores de telemarketing realizaram um protesto contra as condições de trabalho na empresa.
A manifestação foi organizada pelo Sindicato dos Operadores de Telemarketing e não foi vista pela presidente, que entrou e saiu do prédio da Contax, uma das líderes do segmento de telemarketing e relacionamento com o cliente. A petista evitou falar com jornalistas.
Dilma chegou ao prédio, visitou a área de teleatendimento, descerrou uma placa comemorativa e depois proferiu um discurso de quatro minutos em que defendeu o fortalecimento das empresas de serviços no Brasil e exaltou o fato de mulheres representarem 70% da mão-de-obra do setor.
"Essa força de vencer está expressa nas oportunidades que as pessoas no Brasil agarram com duas mãos as oportunidades que têm", declarou.
A Contax investiu cerca de R$ 100 milhões para instalar na capital pernambucana a central de 42 mil metros quadrados --a maior unidade do gênero da América Latina.
Metade do valor foi financiada pelos estatais BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Banco do Nordeste do Brasil.
Fundada em 2000, a empresa faturou no ano passado R$ 2,4 bilhões e atende a telefônica Oi e grupos bancários como Itaú e Bradesco.
MORTES E VAIAS
O protesto não se dirigiu diretamente a Dilma, mas sindicalistas cobraram dela que fiscalize o setor. O presidente do sindicato, Tiago Santos, responsabilizou a empresa por duas mortes de funcionárias.
Eduarda Camila da Silva morreu a caminho do hospital depois de passar mal durante o turno de trabalho, mas a causa da morte, no mês passado, ainda não foi determinada. Aline Silva morreu, em 2010, em um acidente com uma das vans que transportam os funcionários.
O sindicalista, que é filiado ao PCR (Partido Comunista Revolucionário), também reclamou que funcionários recebem menos de um salário mínimo (R$ 545) após descontos.


OUTRO LADO
Por meio de assessoria, a Contax afirmou que as acusações do sindicato são descabidas. A empresa afirmou que não contrata transporte precário para levar os trabalhadores para casa.
A empresa diz que deu assistência à família de Aline Silva.
Sobre o caso de Eduarda Camila Silva, a Contax afirmou que socorreu a funcionária, que foi encontrada desmaiada no banheiro, e a levou ao hospital. Segundo a empresa, a família dela recusou assistência após a morte.
A companhia disse que paga salário mínimo para o empregado que tem carga diária de seis horas de trabalho e não mantém funcionários sem carteira assinada.

Deputados votam em causa própria e salvam Jaqueline

Filmada recebendo dinheiro do Mensalão do DEM em Brasília, a parlamentar escapou da cassação por larga vantagem. Parlamentares temiam que punição abrisse precedentes
Gabriel Castro
A deputada Jaqueline Roriz chora no plenário, durante a sessão que votava a cassação de seu mandato
A deputada Jaqueline Roriz chora no plenário, durante a sessão que votava a cassação de seu mandato (Valter Campanato/ABr)
A Câmara dos Deputados perdeu nesta terça-feira mais uma chance de melhorar a desgastada imagem do Congresso: os deputados livraram Jaqueline Roriz (PMN-DF) da cassação. Prevaleceu o instinto de sobrevivência na hora de julgar a colega que foi filmada recebendo dinheiro do Mensalão do DEM, em 2006. Foram 265  votos contra, 166 votos a favor e 20 abstenções. Outros 62 parlamentares não compareceram.

O resultado foi anunciado às 20h13. Os deputados consolidaram, assim, a tese de que fatos anteriores ao mandato não podem ser usados para punir um parlamentar. Dessa forma, a vergonhosa absolvição de Jaqueline consolida uma jurisprudência e abre as portas para novos episódios de impunidade. A deputada foi flagrada recebendo maços de dinheiro do operador do Mensalão do DEM, Durval Barbosa, em 2006.
Jaqueline Roriz não permaneceu em plenário para assistir ao desfecho da votação. O anúncio do resultado foi acompanhado por vaias de manifestantes que acompanhavam a sessão das galerias da Câmara. 

Argumentos - Carlos Sampaio (PSDB-SP), relator do caso, iniciou a leitura de seu parecer às 17h30. "Se viéssemos a saber no dia de hoje que determinado parlamentar praticou pedofilia, que ele matou, que ele estuprou, o que essa Casa iria dizer à sociedade brasileira?", indagou o tucano, que sugeriu a cassação. O relatório dele havia sido aprovado por 11 votos a 3 no Conselho de Ética da Câmara.
Sampaio se exaltou ao lembrar que Jaqueline Roriz defendera a cassação de Eurides Brito (PMDB), deputada distrital filmada recebendo dinheiro nas mesmas condições: "Quanta desfaçatez, chamar de cara de pau, de mau caráter, dizer que a cidade sangra por alguém que cometeu a mesma conduta valendo-se apenas do privilégio de que as imagens não teriam sido divulgadas à época”, criticou o relator.

Cinismo - Em seu discurso, a deputada pouco falou a respeito das acusações: fez um pronunciamento sentimentalista: "Esse julgamento histórico, haverá de prevalecer o respeito à pessoa humana e o respeito às leis deste país", disse ela. A parlamentar criticou os interesses dos que a acusam e querem "se apresentar como paladinos da moralidade".
A filha do ex-governador Joaquim Roriz não negou ter recebido dinheiro de origem ilícita. Prendeu-se apenas a um detalhe técnico: "Em 2006, eu era uma cidadã comum, não era deputada nem funcionária pública. Portanto, não estava submetida ao Código de Ética da Câmara”, afirmou.

Jaqueline estava em dúvida se deveria discursar: decidiu subir à tribuna pela primeira vez em seu mandato para não cometer um gesto que desagradasse os colegas. Ao fim do discurso, ela foi vaiada por manifestantes que ocupam as galerias da Casa. O advogado Eduardo Alckmin falou antes de Jaqueline. Ele sustentou a tese de que a punição não poderia ser aplicada porque, quando recebeu o dinheiro sujo, a deputada ainda não ocupava cargo público.

Relatório de CPI aponta fraudes generalizadas em Beberibe

Vereadores do município denunciam irregularidades na gestão do prefeito Odivar Facó.
Por: Márcio Dornelles
Ações de combate à corrupção desencadeadas em Ibaretama, Nova Russas, Senador Pompeu e outros municípios cearenses alertaram os órgãos fiscalizadores para a necessidade de apertar a marcação aos gestores e intensificar o acompanhamento dos serviços prestados. Em Beberibe, a 79 quilômetros de Fortaleza, o clima político está tenso. Os vereadores instalaram uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) – a segunda – para apurar denúncias de irregularidades na gestão do prefeito Odivar Facó.
A Câmara o acusa de uma série de irregularidades, como superfaturamento na compra de computadores para professores, conluio em licitação entre empresas concorrentes, compra de passagens aéreas para familiares com dinheiro público e execução de obras com empresas de propriedade de parentes.
O caso mais recente alvo de investigação é a compra de 207 laptops que, segundo relatório da CPI, foi superfaturada e superou em R$ 97.091,00 o valor do mercado. Orçados em R$ 1.445,00, os equipamentos custaram entre R$ 1.060,00 e R$ 1.219,00. O documento, de 39 páginas, munido de notas fiscais e do processo licitatório, destaca que os computadores entregues pelo prefeito aos professores não apresentam a configuração contratada. O sistema operacional Windows 7 se transformou em Linux (gratuito) e a tela de LED foi substituída por outra de LCD.
A entrega dos notebooks também gerou estranheza ao poder Legislativo do município. O almoxarifado da prefeitura de Beberibe atestou recebimento em 30 de dezembro de 2010, mas as notas emitidas pela empresa contratada, a Etina Comercial de Informática Ltda., são de 7 de janeiro e 22 de fevereiro de 2011, datas posteriores à do protocolo assinado.
Outra denúncia levantada pela oposição é da farra de passagens aéreas. Em abril de 2010, o prefeito Odivar Facó viajou para Brasília acompanhado do seu tio, o ex-prefeito Orlando Facó, em uma audiência com o Secretário Nacional de Monitoramento e Controle do Ministério da Pesca, Eloy de Sousa Araújo. Sem desempenhar qualquer função oficial dentro da administração municipal, Orlando Facó teve as passagens pagas pela Prefeitura. O tio do prefeito teria viajado para “assessoramento técnico”. A CPI da Câmara Municipal também constatou que, entre agosto de 2007 e abril de 2010, havia mais seis pagamentos de passagens aéreas em favor do ex-prefeito.
O envolvimento de empresas de parentes na execução de obras no município também é citado na primeira Comissão Parlamentar de Inquérito, instalada em 2010. A S2 Construções, presente em muitas obras do município, pertence ao genro de Orlando Facó, tio do atual prefeito, e funciona, segundo documentos, em um salão de beleza. Outra empresa que participa ativamente de trabalhos em Beberibe, ainda de acordo com vereadores, é a Facó Máquinas e Engenharia Ltda. (Famel), empresa de propriedade de Oduvaldo Facó e Orlando Facó, tios de Odivar Facó.
Segundo relatório, máquinas da empresa já executaram serviços em Morro Branco, Uruaú, no Sítio Lucas e na Barra da Sucatinga. Uma consulta no Departamento de Trânsito do Ceará (Detran) confirmou que pertencem à Famel. O presidente da Câmara Municipal, vereador Eduardo Ribeiro, pede uma intervenção. "Tá existindo todo tipo de irregularidades, e a gente tá recorrendo à Procap, ao Ministério Público local, ao Ministério Público Federal, à CGU, que já foi lá e constatou várias irregularidades. E nós queremos que seja fiscalizado, seja tomada providência em Beberibe."
A Procuradoria dos Crimes Contra a Administração Pública (Procap), do Ministério Público Estadual (MPE), já recebeu as denúncias. Oassessor da Procap, promotor Luiz Alcântara, confirma o recebimento do documento e garante que as investigações estão em andamento. “Esses processos estão em tramitação pela Procuradoria de Justiça Especializada, a Procap, e os atos de investigação já estão em pleno andamento”, disse. O promotor Luiz Alcântara afirma que todos os fatos serão averiguados para a identificação dos responsáveis, através de uma investigação isenta e que permita defesa aos acusados.
Diante das denúncias, o prefeito Odivar Facó, conversou com o Ceará Agora última quarta-feira (24), mas preferiu não falar detalhadamente sobre as acusações por se tratar, segundo ele, de um caso complexo e de cunho político. O gestor negou as denúncias e disse que o processo já corre na Justiça. As eleições começaram mais cedo em Beberibe.
 

Prefeituras devem acabar com lixões até 2014, orienta presidente do Conpam


As orientações dadas pelo presidente Paulo Henrique Lustosa fazem parte da Agenda Ambiental na Administração Pública.
Por: Débora Morais
As prefeituras devem fechar seus lixões até 2014 e investirem na instalação de aterros sanitários para a entrada de resíduos sólidos que não possuem utilidade pública. Antes disso, em 2012, o Plano Municipal de Resíduos Sólidos precisa ser aprovado. As orientações dadas pelo Conselho de Polícias e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), nesta terça-feira (30), fazem parte da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P).
Na reunião, o presidente Paulo Henrique Lustosa ressaltou que “cada prefeitura tem que procurar escolher a solução que beneficie o maior número de pessoas em seu município” e que a A3P não pode ser vista de uma forma isolada, já que conta com a política de resíduos sólidos. Agora, segundo ele, o lixo virou negócio.
O secretário do Meio Ambiente de Barreira, Iran Pereira, defende critérios de seleção do Selo Verde, um item relacionado à implantação da A3P pelo município. Já o secretário de Maranguape, Sílvio Nunes, citou como exemplo o seu município ter implantado o Ecoelce na região de Penedo.

STJ mantém prisão de prefeito afastado de Nova Russas

Por: Luciano Augusto
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou habeas corpus ao prefeito afastado de Novas Russas, Marcos Alberto Martins Torres, preso cautelamente acusado de destinar cheques públicos para contas particulares próprias, de familiares e de sua empresa.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE), Marcos Alberto Torres ameaça a instrução criminal, tendo causado o desaparecimento de provas e a contaminação da prova testemunhal, pelo constrangimento praticado com seu poder político e econômico.
A ordem de prisão também afirma ligação do réu com “quadrilha altamente especializada em fraudar licitações e surrupiar recursos públicos, com atuação em diversos municípios”.
Para o desembargador convocado Vasco Della Giustina, do STJ, as conexões apontadas sinalizam que, em liberdade, o réu poderia praticar novos delitos.
A ordem pública também ficaria em risco caso concedido o habeas corpus: “A liberdade do réu ameaça a governabilidade municipal, devido à influência deste sobre diversos funcionários da prefeitura, os quais se recusam a normalizar as atividades públicas, por medo de represálias, circunstância que obriga o novo prefeito a conviver com a falta de acesso a serviços de telefonia, internet e ao sistema de contabilidade”, afirmou o relator.
Ele ainda destacou que o afastamento do réu do cargo de prefeito não elimina os perigos à ordem pública e à instrução criminal. Segundo o relator, há registros de atos do réu, que usa de seu poder político e econômico para atentar contra ambas, mesmo afastado do cargo eletivo.
 
*Com informações do Supremo Tribunal de Justiça.

Charge

terça-feira, agosto 30, 2011

Brasil !


Parentes de Lu Alckmin ‘frequentam’ novo escândalo

  Folha
A parentela de Lu Alckmin (foto), primeira-dama de São Paulo, proporciona ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) constrangimentos em penca.

Ainda outro dia noticiou-se que um irmão da mulher de Alckmin foi denunciado sob acusação de superfaturar merenda vendida a prefeitura de Pindaminhangaba (SP).
Agora, os repórteres Evandro Spinelli e Giba Bergamim Jr. informam que uma empresa de familiares da primeira dama é suspeita de fraudar a prefeitura de São Paulo.
A empresa é a Wall Street Empreendimentos e Participações Ltda.Os sócios são Maria Paula Abreu Cesar Ribeiro, Adhemar Cesar Ribeiro Filho e Othon Cesar Ribeiro.
Maria Paula é mulher de Adhemar Cesar Ribeiro, irmão de Lu Alckmin e coletor de fundos eleitorais na campanha presidencial de Alckmin, em 2006.
A Wall Stret é acusada de falsificar documentos para pagar menos do que deveria por autorização da prefeitura para levantar um prédio.
Estima-se que o prejuízo aos cofres municipais foi de R$ 4 milhões. Coisa de 2000, quando respondia pela prefeitura o pós-malufista Celso Pitta.
A prefeitura chegou a reportar os indícios de fraude à Polícia Civil. Na época, Alckmin era vice-governador.
Em 2001, já sob a gestão da então prefeita Marta Suplicy (PT),a prefeitura mandou o caso ao arquivo.
A encrenca foi reaberta na semana passada, graças a uma denúncia anônima encaminhada à Corregedoria do município, agora sob Gilberto Kassab.
Apura-se um esquema de fraude que envolve várias empresas, não apenas a Wall Street. No total, avalia-se que o rombo foi de R$ 41 milhões.
Aos pouquinhos, a árvore genealógica de Lu vai servindo ao marido Gê os seus frutos tóxicos.
O governador não comentou o novo constrangimento. Procurados, os donos da Wall Street tampoco se animaram a devolver as ligações.

99% querem a corrupção no rol dos crimes hediondos

Guto Cassiano
Em enquete realizada por meio da internet, o DataSenado pergunta:
“Você é a favor ou contra o projeto que inclui os atos de corrupção na Lei dos Crimes Hediondos, que aplica punições mais severas aos condenados?”
Iniciada na semana passada, a sondagem já havia recolhido a manifestação de 71.775 pessoas até as 5h55 da madrugada desta terça (30).
O resultado parcial é acachapante: 99,01% a favor do projeto. Contra, escassos 0,9%.
De autoria do senador e ex-procurador da República Pedro Taques (PDT-MT), a proposta corre na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
Sugere a alteração do inciso 8o do artigo 1o da lei que tipifica os crimes hediondos. Adiciona à lista três delitos:
Concussão (exigir vantagem indevida em razão do cargo), corrupção ativa e corrupção passiva.
Hoje, a pena mínima para esses crimes é de dois anos de cadeia. Aprovando-se o projeto, a punição mais branda passa a ser quatro anos de cana.
A enquete permanecerá no site do Senado até esta quarta (31).  O resultado obtido até agora revela a inutilidade do levantamento.
Perguntar ao cidadão se é a favor de elevar a pena para os corruptos é o mesmo que inquirir se o sujeito é contra o câncer ou a favor do chope gelado.
Resta saber: a eventual aprovação da proposta vai inibir a prática dos crimes? Improvável.
Quem rouba sob o risco de arrostar prisão de dois anos continuará afanando se a pena subir para quatro anos.
Diz-se que a oportunidade faz o ladrão. No Brasil, soma-se à oportunidade a impunidade. Se a lei velha não é aplicada, por que a nova seria levada a sério?

Livre de Palocci, Mantega se achega a Dilma e cresce
  Sérgio Lima/Folha
A queda de Antonio Palocci, em junho, fez de Guido Mantega um novo ministro. Aproximou a Fazenda do Banco Central, achegou-se ao Planalto e mudou de status.

Um personagem situado em posição que lhe permite observar os movimentos da maçaneta do gabinete presidencial definiu o “novo” Mantega ao repórter:
“A crise econômica fez dele o ministro mais importante do governo. Frequenta mais a sala da presidenta. Há dias em que fala com ela pelo telefone até três vezes.”
Antes, Mantega enfrentava o contraponto de Palocci. Nos subterrâneos, acusava o ex-chefe da Casa Civil de puxar-lhe o tapete.
Na fase de composição do governo, Dilma gostaria de ter acomodado na Fazenda o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Manteve Mantega a pedido de Lula.
Antes de cair, Palocci participava, a convite de Dilma, de todas as audiência concedidas a Mantega. Livre da sombra, o “novo” Mantega agora já conversa a sós com a chefe.
Em matéria econômica, Mantega não é a única voz ouvida por Dilma. A exemplo do que fazia Lula, ela passou a cultivar o hábito de ouvir diferentes economistas.
Consulta-se amiúde com o próprio Coutinho. Recolhe opiniões de gente de fora do governo. Por exemplo: à direita, Delfim Netto; à esquerda, Luiz Gonzaga Belluzzo.
Para elevar o próprio status, Mantega revelou-se um personagem que Lula chamaria de “metamorfose ambulante.”
Na gestão passada, comandou a política de cofres abertos de que tanto se queixava Henrique Meirelles, o comandante do BC na Era Lula.
Sob Dilma, Mantega converteu-se em ferrenho defensor da política fiscal austera. Ironicamente, adere a teses que eram esgrimidas por Palocci.
Antes de cair em ruína política, embrulhado em prosperidade patrimonial, Palocci soprava nos ouvidos de Dilma a tese da austeridade.
Em fase camaleônica, Mantega ajusta-se às diretrizes de Dilma que, diferentemente de Lula, age para acertar o passo das duas pernas da política econômica.
Na inflexão determinada pela presidente, a perna fiscal (gastos públicos) subordina-se, por assim dizer, à perna monetária (juros).
Quer dizer: Dilma deseja oferecer ao Banco Central as condições para a queda dos juros no médio e longo prazos. Retira dos lábios de Tombini o discurso à Meirelles.
Quanto a Mantega, cuida de dançar no ritmo da nova música. Afinando-se com o BC, evita pisar nos calos de Dilma. Por isso ganhou desenvoltura no salão.

'Lula não é de esquerda, é um conservador e grande conciliador', diz jornalista autor de livro sobre ex-presidente


Jornalista José Nêumanne Pinto.Foto: Marcos Alves/ Agência O Globo.
Silvia Amorim (silvia.amorim@sp.oglobo.com.br)
SÃO PAULO - Observador privilegiado da ascensão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde os tempos de líder sindical no ABC paulista, o jornalista e escritor José Nêumanne Pinto defende em seu livro lançado na semana passada, "O que sei de Lula", a desmistificação do petista como um revolucionário e representante da esquerda brasileira. Ele considera Lula o maior político que o país já teve, mas diz que, na essência, ele é um "conservadoraço". Nêumanne acompanhou, como repórter, de perto a rotina de Lula no tempo das greves no ABC e chegaram a ser amigos. Mas, com a eleição de Lula, a relação acabou.
- Eu sempre me rebelei com a imagem que foi sendo feita ao longo do tempo e pensei: eu tenho o privilégio de conhecer bem o assunto, a origem, a saga dele e o fato de ele nunca ter sido revolucionário de esquerda. Escrevi esse livro ao sabor da memória - conta.
O GLOBO: Qual a maior revelação que o livro traz?
JOSÉ NÊUMANNE PINTO: É que o Lula não é de esquerda, é um conservador e grande conciliador.
O GLOBO: Além de dizer que Lula nunca foi de esquerda, o senhor questiona o mito em que ele se transformou. O que o fez chegar a essa conclusão?
NÊUMANNE: Isso não é uma opinião. Eu mostro isso com episódios. Entre 1978 e 1979 eu fui procurado pelo Claudio Lembo, presidente da Arena na época, porque ele tinha uma missão. O general Golbery do Couto e Silva queria fazer a volta dos exilados e queria apoio do Lula. A reunião foi em um sítio do sindicato e lá eu ouvi o Lula dizer: Dr Claudio, fala para o general que eu não entro nessa porque eu quero que esses caras se danem. Os caras estão lá tomando vinho e vêm para cá mandar em nós? O Lula falava que a igreja tinha 2 mil anos de dívidas com a classe trabalhadora e que não resolveria em dois anos. Com os estudantes dizia que poderia fazer um pacto: eles não encheriam o saco do sindicato e o sindicato não encheria o deles. Isso tudo eu vi, ninguém me contou. Ele é um conservadoraço. Nunca foi revolucionário.
O GLOBO:Mas e a história dele com o PT?
NÊUMANNE: Eu costumo usar a seguinte imagem para ilustrar a história da esquerda na vida dele. Pense numa cebola. O núcleo da cebola é o homem. O resto é casca ideológica e política construída ao longo do tempo. O meu objetivo era descascar essa cebola e chegar ao homem, porque eu acho que o segredo do sucesso do Lula é a condição humana dele, a origem, o ambiente familiar, a carreira no sindicato e, sobretudo, dois talentos, que não têm nada a ver com ideologia. O primeiro é o talento que ele tem de se comunicar. O segundo é que Lula é o maior de todos os conciliadores da história do Brasil. O Lula conseguiu um milagre. Quando eu conheci o Lula se falava muito que a esquerda brasileira só se reunia na cadeia, porque eram todos inimigos. E o Lula foi o primeiro cara que uniu a esquerda mesmo sem ser de esquerda.
O GLOBO: Qual dessas caraterísticas é, na sua opinião, a responsável por torná-lo, como o sr. diz, o maior político do Brasil?
NÊUMANNE: Ele é o maior político brasileiro e eu não considero isso necessariamente um elogio. Você sabe o que é o político brasileiro? É o cara que faz qualquer coisa para ficar no poder e isso é o Lula. A primeira vez que eu usei essa expressão o Serra (ex-governador José Serra) me chamou e disse que Getúlio Vargas era o maior político que o país havia tido. Eu falei: Serra, o Getúlio meteu uma bala no peito por causa de uma corrupçãozinha por causa de um segurança do pai dele. O Lula administrou uma quadrilha chamada mensalão e a oposição não tem um cara para enfrentá-lo na eleição. Nunca houve um conciliador como Lula.
O GLOBO: Isso foi aprendido ou é inato?
NÊUMANNE: É inato e foi desenvolvido. Quando eu conheci o Lula ele não tinha noção desses talentos. Nas primeiras entrevistas que eu fiz com ele na época do sindicato ele era terrível, despreparado. Eu fui vendo, aos poucos, ele se transformar num cara genial, no meu melhor entrevistado. O talento de conciliador ele descobriu no bar da Tia Rosa, em frente ao sindicato em São Bernardo do Campo, onde fazia as negociações quando sindicalista. O PT que Lula fundou é a soma dos sindicalistas autênticos, a Igreja progressista e a esquerda armada.
O GLOBO: Todos esses setores tinham como plano usá-lo para chegar ao poder, mas foi ele quem acabou usando todos eles?
NÊUMANNE: Eu defendo isso no livro. Primeiro o Golbery pensou que ia dominar o Lula. A igreja tentou usá-lo, mas na primeira oportunidade ele jogou a esquerda para escanteio ao escolher o José Alencar para vice, representante de um partido evangélico.
O GLOBO: E o ex-ministro José Dirceu?
NÊUMANNE: O Lula usou o Zé Dirceu. O PT era esfacelado e o Lula não tinha domínio sobre o PT. O Zé Dirceu é quem tinha e deu o domínio a Lula. Primeira chance que ele teve, despachou o Zé Dirceu. Eu sempre achei que o projeto do Lula era o Palocci (ex-ministro da Fazenda na gestão Lula).
O GLOBO: O senhor diz que Lula não mudou tanto nesses quase 40 anos, contrariando o que diz o próprio. Em que ele continua o mesmo?
NÊUMANNE: Apesar de ele dizer que é uma metamorfose ambulante, ele não mudou. Ele usa os mesmos métodos. No palanque nos tempos do sindicalismo a primeira coisa que eu aprendi foi o método dele. Ele botava dois companheiros para defender teses diferentes. Um a favor de manter a greve e o outro contra. Ele olhava a reação do povo e decidia. Esse é o cara que colocou Dirceu versus Palocci. Ele governa na cizânia. Ele tem a sabedoria ancestral de dividir para reinar. Um repórter da revista Playboy perguntou a ele quais eram as duas maiores personalidades do século 20? Ele disse Gandhi e Hitler. Um pacifista e um assassino. Isso é ele.
O GLOBO: Você acredita que ele voltará a disputar a Presidência?
NÊUMANNE: Cada dia mais eu me convenço de que esse é o plano dele.
O GLOBO: Há algo que você sabe sobre Lula e não está no livro?
NÊUMANNE: Tem coisas que não dá para contar. Tem coisas que eu não posso provar e, se escrevo, ou vou para a cadeia ou tomo um tiro.