sexta-feira, setembro 21, 2012

Produtores custeiam frete para ter milho subsidiado

A regularização da entrega do milho para ração animal pode acontecer a partir desta mobilização no campo

Crateús O milho do Programa de Vendas em Balcão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) está chegando com agilidade neste Município. O armazém já recebeu, somente nesta semana, três carretas e aguarda mais 12, que já estão a caminho. A solução veio dos próprios produtores, que estão animados com a nova realidade. Os quase dois mil produtores deste Município encontraram juntos uma alternativa viável para que o milho chegue aos seus rebanhos.

No armazém da Conab, em Crateús, o milho já está chegando com regularidade foto: Silvania Claudino

Unidos, pagam o valor de R$ 1,20 por saca à transportadora, complementando o valor pago pelo Governo Federal. Assim, o milho está chegando ao sertão por R$ 19,32 a saca de 60kg. A iniciativa é pioneira no Estado.

Desanimados com a constante falta do produto e informados pelo órgão de que as dificuldades se referiam ao transporte para os Estados do Nordeste, os produtores começaram a se reunir, mobilizados pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR), debatendo soluções e alternativas. O desespero já batia à porta, com muitos deles tendo que se desfazer de animais para alimentar o restante do rebanho. Saber que o produto estava estocado no Centro-Oeste e chegava de forma insuficiente aqui desalentava ainda mais os criadores.

Não tinham condições de arcar com a despesa de alimentar os animais, comprando milho a R$ 45 a saca, ou até mais, comercializado no mercado.

Um deles viu na televisão sobre a mesma situação enfrentada por produtores de Pernambuco, que tomaram a iniciativa de solicitar aos governantes o pagamento da compensação do frete das transportadoras vencedoras das licitações da Conab. Decidiram "copiar" parte da ideia, já que não recorreram ao Governo do Estado. Eles mesmos estão arcando com o complemento do frete por quilo transportado.

"Sabíamos que os caminhoneiros não tinham interesse de vir para cá porque voltavam vazios. Preferiam circular por lá mesmo, então mantemos contato com a transportadora e acertamos a diferença. Articulamos os produtores. Fazemos o depósito adiantado com a colaboração de todos e logo o milho chega. A iniciativa compensa, pois, por um pequeno valor, resolvemos a situação", ressalta o produtor e secretário de políticas agrárias do STTR, Manoel Sobrinho.

Modelo

Joelson Morais reside no assentamento Lagoa e, até então, estava sustentando seu rebanho de caprinos, suínos e bovinos comprando milho no mercado. Já havia, inclusive, vendido o rebanho suíno para alimentar os demais. "Soube da atitude dos produtores por meio do Sindicato e aderi logo. Eu e toda a comunidade estamos animados", conta Morais.

De acordo com o coordenador do escritório da Conab em Crateús, Josemar Martins, que atende seis mil produtores na região, a articulação dos pecuaristas foi providencial. Ele acredita que se espalhará para outras regiões, como modelo. "Estou aliviado porque o fluxo de distribuição está acontecendo de forma regular, atendendo às necessidades dos criadores", afirma.

Na região Centro-Sul, os produtores rurais ainda não estão articulados para complementar o valor do frete pago pelo Governo Federal às empresas que ganharam a licitação realizada pela Conab para o transporte do milho de Mato Grosso e Goiás para o Ceará.

"Não houve uma mobilização nesse sentido, mas o que está ocorrendo em Crateús é uma ideia boa que queremos seguir", disse o presidente da Unidade de Pecuária de Iguatu (Upeci), Mairton Palácio. "Vamos obter informações e entrar em contato com a transportadora credenciada". Ele explicou que os criadores vivem um verdadeiro "momento de desespero" por causa da seca e escassez de milho e de pastagem. "Mesmo que o milho chegasse um pouco mais caro, dois, três reais, compensa para os produtores, porque o valor de mercado é bem superior".

O Programa de Vendas em Balcão da Conab, na modalidade especial, prevê a comercialização de três mil a 14 mil quilos de milho por produtor. O preço é variável. Até três mil quilos, a saca de 60 quilos custa R$ 18,12; entre mil quilos e sete mil quilos, é R$ 21,00; e entre sete mil quilos e 14 mil quilos, o preço é R$ 24,60. É um valor bem abaixo do mercado, cuja saca de 60 quilos custa cerca de R$ 45,00.

Uma média de 80 mil produtores no Ceará serão beneficiados com o milho. A distribuição teve início no dia 5 de junho. Desde então, vem ocorrendo de forma irregular, por problemas no transporte. Primeiro devido à greve dos caminhoneiros, depois problemas referentes ao valor baixo do frete, falta de caminhões nas empresas e o fato de os veículos voltarem vazios da região Nordeste.

Até o fechamento desta edição, a Conab não se manifestou sobre a iniciativa dos produtores no pagamento de parte do frete.

Mais informações:

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Crateús
(STTR) - (88) 3691.0208
Escritório da Conab
(88) 3691.0095


SILVANIA CLAUDINOREPÓRTER

1 comentários:

  1. ENQUAMTO ISSO PADRE BETO O INTOCAVEL DE CRATEUS MANDA CAVAR BURACO DENTRO DA IGEJA NOSSA SENHORA DE FATIMA NOS VENANCIOS, PARA SERVIR DE TUMULO PARA FAMILIA RICA DE CRATEUS, AGORA OS FIEIS VÃO SENTAR EM CIMA DE CATATUMBA, SÓ FALTAVA ESSA.

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