quarta-feira, julho 24, 2013

Do Facebook


A moral administrativa da cidade de Crateús – com exceção de poucos gestores de pastas – chegou ao fundo do poço. Parafraseando o compositor Cazuza, estamos numa piscina cheia de ratos, que tomaram de contada administração pública, dos processos licitatórios e da contabilidade do município, onde corre frouxa a corrupção há mais de quatro anos.
O prefeito Carlos Felipe, derrotado na eleição de 2004 por José Almir, suplantou seu adversário, Nenen Coelho, em 2008, com uma maioria de votos nunca antes vista aqui e alhures. A derrota do hoje deputado Nenen Coelho a prefeito de Crateús não foi uma derrota do candidato; foi, antes, resultante de uma circunstância política vivida pelo ex-prefeito José Almir.
Carlos Felipe não foi eleito; foi consagrado nas urnas e tornou-se a esperança do seu povo. Bem antes de assumir a Prefeitura, já ele viajara a Brasília em busca de parlamentares do seu partido para conseguir obras para Crateús. Conseguiu tornar adimplente o município então dilapidado. O tempo ia passando e as obras vinham chegando e tudo eram maravilhas numa cidade esperançosa por mudanças. Foram quatro anos de lua de mel, de grandes realizações e projetos que culminaram na sua reeleição.
Nesse espaço de tempo, o prefeito soube angariar obras e benefícios, mas não aprendeu nada sobre política nem sobre como transmitir à sua equipe austeridade nos gastos da Prefeitura, e nem a necessária honestidade. Delegou a terceiros a tarefa de governar a cidade e deixou a vaidade tomar conta de si. Ao subir-lhe o poder à cabeça, permitiu-se ao luxo e ao status das Hiluxe, encantado com os cifrões, implantou no município, logicamente com parcerias, projeto similar ao do médico Ademar de Barros, em São Paulo: o do “rouba, mas faz”.
Pois é; mais fácil do que exercer a Medicina e dela sobreviver, valeu a pena ser prefeito de uma cidade de médio porte como Crateús. Prefeito, ainda que sem autoridade, sem preparo para planejar seu mandato e se impor sobre questões políticas, não teve competência sequer para montar o secretariado. Daí as consequências trazerem-lhe desastrosos resultados após a abertura da Caixa Preta da contabilidade pública.
Dela emergiram os esquemas com empresas e proliferaram as assessorias para a rapinagem dos recursos públicos. Da noite para o dia surgiram empresas novinhas se habilitando à Comissão de Licitações e ganhando concorrências. Outras, nem precisaram enfrentar concorrentes, eram chamadas a participar do banquete através do artifício das Cartas/Convite. O “empresariado” que já havia descoberto a sua religiosidade uniu-se a ele e, com ele, passou a tirar o terço em família. Daí então nasceu e se estabeleceu um processo de corrupção jamais visto antes em Crateús. O povo, esperançoso, crente, confiante e inocente, respirava o progresso e festejava as inaugurações.
Ora! A Praça da Juventude, as creches, o campus da UFC e outras obras eram o futuro da cidade na palma da mão; eram para o prefeito uma consagração ainda maior que a das urnas. Tudo isto, apesar da sua concretude, não passava de uma máscara nos olhos da população, impedindo-a de enxergar a corrupção que reinava silenciosa.
Foi criada a Controladoria Municipal, para dar ao povo a ideia de que na “Vida Nova” se praticava a moralidade administrativa. Qual nada! Foi apenas a abertura de uma secretaria para acomodar pessoas amigas e aumentar os gastos. Uma Controladoria “de araque” que nunca examinou um empenho, nunca investigou a idoneidade de uma empresa nem o seu histórico, e nem mesmo a situação perante o fisco, etc. Esta Controladoria jamais produziu um relatório ou realizou uma investigação. Só produziu despesa.
Gastos foram dispendidos com pessoal, em assessorias, capacitações e cursos, para aperfeiçoar a máquina da Comissão de Licitações, possivelmente com a possibilidade de torná-la um organismo que não se prestasse às suas finalidades. Essa casa mais aparenta uma mesa de pife-pafe, onde as cartas são marcadas e o baralho é guiado. Nessa casa não se procura saber sobre a vida, a idoneidade e a intenção de empresas concorrentes; importa que a papelada exigida preencha a habilitação. Não se leva em conta os princípios da moralidade. E assim, tudo funciona conforme o peso político, a importância e a confiabilidade do ‘empresário’ junto à cúpula municipal.
Os esquemas começaram muito cedo. Ainda no raiar da Administração Vida Nova, das festas, dos discursos em palanques, dos aplausos, do foguetório, da distribuição de camisetas, dos forrós, das inaugurações e, em suma, da pompa municipal. As coisas saíram conforme planejadas. Gente surgiu do nada para uma situação de riqueza, tanto eram as facilidades. Esquemas foram montados entre empresas e a administração pública, de tal modo desenfreado, até atingir as raias da promiscuidade, com a Secretaria de Ação Social recuperando estradas vicinais e alugando máquinas. O Gabinete do prefeito, comandado por um 3º sargento aposentado como inapto ao serviço militar, tornou-se o QG da corrupção e da improbidade. Carrões de Luxo eram alugados a peso de ouro. Uma das empresas locava veículos e máquinas pesadas para a Secretaria de Infraestrutura ao mesmo tempo em que cobrava do Gabinete do prefeito por filmagens de jogos de futsal e de futebol. A quem interessavam essas filmagens?
Não temos escolas de qualidade porque o dinheiro do FUNDEB é vergonhosamente desviado para pagar por falsa prestação de serviços. Não temos saúde de melhor qualidade, também por motivos assemelhados. A Secretaria de Educação vive a muito tempo de fazer eventos e festas, realizar encontros pedagógicos infrutíferos, distribuir camisetas, bonés, banners, brindes, servir café da manhã, coquetel, lanches e almoços. Tudo sem resultados. E os alunos, oh! E a saúde, oh! Falta fazer uma desratização e uma assepsia na coisa pública em Crateús.

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