quinta-feira, novembro 13, 2014

Mais de 10 ministros põem cargo à disposição


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Mercadante queria que todos os ministros entregassem seus cargos juntos, num gesto para deixar Dilma à vontade para remontar sua equipe
FOTO: AGÊNCIA BRASIL
Brasília. Até a tarde de ontem, mais de dez ministros já haviam entregado cartas colocando o cargo à disposição da presidente Dilma Rousseff (PT) para que ela possa fazer a reforma política sem constrangimentos, segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
Ele informou ontem que "mais de 10, 15 ministros", inclusive ele mesmo, já apresentaram uma carta colocando o cargo à disposição da presidente. Na avaliação de Mercadante, o gesto é meramente "diplomático" e de "agradecimento por ter participado" do atual governo. "É uma formalidade, foi uma sugestão minha, da Miriam Belchior, faz quem quiser", disse o ministro, em coletiva de imprensa concedida no Palácio do Planalto.
A ideia original era que os ministros fizessem isso apenas na próxima terça-feira (18). Na última terça, no entanto, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, enviou sua carta de demissão à Presidência e tornou-a pública nas redes sociais.
No texto, ela faz crítica velada à condição da economia. A reportagem apurou, que a ministra já havia apresentado seu pedido na semana passada, mas o chefe da Casa Civil pediu para segurar a exoneração.
Ele queria que todos os ministros entregassem seus cargos juntos, num gesto para deixar Dilma à vontade para remontar sua equipe. Com a saída abrupta de Marta, a Casa Civil acionou os demais integrantes do primeiro escalão na última terça, pedindo que antecipassem o movimento. Mauro Borges (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Thomas Traummann (Secretaria de Comunicação) e Clélio Campolina (Ciência e Tecnologia) estão entre os que já cumpriram o pedido.
Para assessores palacianos, a atitude de Marta - de entregar uma dura carta de demissão enquanto a presidente estava fora do País - foi vista como uma sinalização de que ela pode se desligar do PT para se filiar ao PMDB, caso a sigla não lhe permita disputar prévia com o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, na definição do candidato petista que disputará as eleições municipais de 2016.
Mais cedo, o presidente da República em exercício, Michel Temer, disse que não sabe "ainda" se a senadora licenciada por São Paulo pode se filiar ao PMDB.
Tucanos
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse ontem, em tom de ironia, que concordava com vários ministros do governo Dilma, especialmente com a da Cultura, que entregou o cargo fazendo críticas à política econômica do governo. "Concordo com a Marta, com o Gilberto Carvalho (da Secretaria-Geral da Presidência). Estou concordando em tudo com os ministros da Dilma", brincou.
Em sua carta de demissão, Marta disse esperar que, em seu segundo mandato, Dilma escolhesse uma equipe econômica que resgatasse "a confiança e credibilidade" do governo e que estivesse comprometida com o crescimento do País.
Já Carvalho, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, disse nesta semana que a presidente dialogou pouco com a sociedade e se afastou dos "principais atores na economia e na política" desde 2010.

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