sábado, janeiro 31, 2015

Eunício Oliveira é reconduzido à Liderança do PMDB no Senado Federal


Eunício Oliveira é escolhido, novamente, Líder do PMDB no Senado Federal. O parlamentar cearense foi reencaminhado,por unanimidade ao cargo, que já ocupa desde 2013, recebendo votos de todos os 19 representantes do partido no plenário.

Na mesma reunião, realizada na tarde desta sexta-feira (30), a bancada do PMDB definiu a indicação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) para à Presidência do Senado.

Renan disputará sua reeleição ao cargo com o senador Luiz Henrique (PMDB-SC). O parlamentar catarinense lançou sua candidatura com o consentimento de alguns peemedebistas dissidentes e recebeu o apoio dos líderes do PDT, DEM, PSDB, PP, PSOL, PSB e PPS.

A escolha da nova Mesa Diretora do Senado Federal acontece no próximo domingo (01). Nesse clima de cisão entre os próprios peemedebistas, caberá a Eunício ser a figura conciliadora do partido, que vive em crise com a base de apoio da presidente Dilma Rousseff (PT) no Congresso Nacional.

Na nova legislatura, a bancada do PMDB no Senado Federal contará com 18 das 81 cadeiras do Parlamento, possuindo o maior número de candidatos eleitos em 2014. Em segundo lugar na lista está o PT, com 12 candidatos eleitos. O PSDB ocupará a terceira maior bancada, com 10 senadores.

'Eu não vou abrir mão de lutar para que a refinaria venha para o Ceará', diz Camilo

"Esse projeto da refinaria é um sonho de décadas dos cearenses. Eu não vou abrir mão de lutar para que o empreendimento venha para o Ceará. Como a siderúrgica, que ninguém acreditava e hoje é uma realidade”, afirmou o governador Camilo Santana, antes de participar nesta manhã (30) da posse da nova diretoria da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece). O governador conversou ainda na quarta-feira (28) com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para solicitar uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff.

“Eu quero ainda conversar pessoalmente com a presidenta Dilma, assim como quero conversar com a presidenta da Petrobras para buscarmos alternativas. Até porque, na própria resolução do balanço da Petrobras, é colocado que a empresa irá buscar alternativas para honrar os compromissos assumidos por ela com estados e municípios˜, disse Camilo. “A minha maior surpresa foi que este mês saiu uma medida provisória do Governo (Federal) autorizando que a Petrobras iniciasse a terraplanagem, mais de 300 milhões autorizados pelo governo, para que se iniciassem as obras. Então, eu não deixar de continuar defendendo esse importante projeto”, citou.

O governador ressaltou que os prejuízos do Estado são ˜imensuráveis˜. “Não é só o prejuízo de você adquirir um terreno ou uma estrutura, é o prejuízo de todo um planejamento que vinha sendo feito pelo estado, as universidades com cursos já nessa área e o estado que construiu um centro de capacitação do trabalhador cearense voltado na área da petroquímica. Por isso eu reagi com indignação, pela forma que esse processo foi conduzido e a maneira que foi anunciado”, disse Camilo. “Vamos buscar alternativas, seja com outros parceiros, seja dialogando com o Governo. Vamos defender os interesses do povo cearense˜.

Aprece
Camilo prestigiou nesta manhã a posse do presidente da Aprece, Expedito Nascimento, que é prefeito de Piquet Carneiro. “A Aprece é uma entidade que tem papel fundamental em defender os interesses dos municípios e eu quero aprofundar o diálogo com ela. A minha vinda aqui é, exatamente, para demonstrar a importância que a Aprece tem e parabenizar a nova gestão”.

* Com informações da APRECE

Cid Gomes lançará consulta pública

Novo formato prevê a criação de um banco digital de questões que permitiria agendar prova online

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O Ministério da Educação pretende que o novo modelo iniba casos de vazamento, como ocorreu na última edição, no Piauí
FOTO: TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL
Brasília. O ministro da Educação, Cid Gomes, disse ontem que colocará em consulta pública, nas próximas semanas, um novo modelo de realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O novo formato, que prevê a criação de um banco digital de questões, permitiria o agendamento online da prova.
O exame, obrigatório para entrar em universidades federais, é aplicado simultaneamente, em todo o país, e teve 8,7 milhões de inscritos no ano passado. Cid Gomes destacou que a consulta pública será um "pré-requisito para pensar em um Enem online, que é ter um grande banco de questões". No Rio de Janeiro, o ministro visitou o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.
"Se tivermos, para cada uma das áreas, cerca de 8 mil perguntas, se tivermos esse banco de dados, ele pode ficar aberto ao público, é uma grande fonte de estudo". O ministro disse que a proposta é que o aluno tenha acesso ao banco de dados para estudar e aprimorar os conhecimentos. Segundo ele, as questões da prova do Enem seriam sorteadas pelo sistema online.
"Se a pessoa aprender, com base nesse banco de dados, de 8 mil questões, ótimo. Se ela for capaz de decorar, sem entender 8 mil quesitos, é um gênio e merece uma vaga nas melhores instituições de ensino".
Para ele, outra vantagem é que as provas online seriam exclusivas, compostas por questões do banco, e não mais um só modelo como é atualmente. Cid Gomes disse que o novo modelo de prova do Enem inibiria denúncias de vazamento, como ocorreu na última edição, no Piauí.
Sobre o caso, que foi investigado pela Polícia Federal, o ministro esclareceu que o tema da redação foi antecipado para cerca de 30 pessoas de um grupo de rede social privada em telefones celulares, minutos antes da prova. "Ficou muito claro que essa antecipação, de 15 minutos, não permitiu benefício para ninguém", disse. "Há de se convir que 15 minutos (de antecipação de tema) não permitem a uma pessoa ter desempenho melhor (na redação)".
Nota mínima no Fies
Entidades ligadas à educação defendem nota mínima para obter empréstimo pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
A medida foi estipulada no fim de 2014, na gestão do ex-ministro da Educação, Henrique Paim, e causou polêmica principalmente entre instituições de educação privada.
Agora, é preciso tirar 450 na média das provas do Enem e não tirar zero na redação, a mesma média exigida para obter bolsas de estudo em instituições privadas pelo Programa Universidade para Todos (ProUni)

Nova Mesa Diretora terá poucas mudanças

Durante as negociações, a oposição saiu dividida, o PROS ficou com cargos mais importantes e o PT sem nome na Mesa

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PROS terá os cargos mais importantes: José Albuquerque continua presidente, Sérgio Aguiar 1º secretário e Manoel Duca 2º secretário
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Após semanas de negociação, assume amanhã a nova composição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, praticamente idêntica a do biênio que se encerra hoje. Dos sete componentes titulares, apenas dois serão mudados: o deputado Danniel Oliveira (PMDB) ficará com a segunda vice-presidência, ocupada até hoje por Lucílvio Girão (SD), e Joaquim Noronha (PP) assumirá a quarta secretaria, que era de Dedé Teixeira (PT).
O presidente José Albuquerque (PROS), o primeiro vice-presidente Tin Gomes (PHS), o primeiro secretário Sérgio Aguiar (PROS), o segundo secretário Manoel Duca (PROS), o terceiro secretário João Jaime (DEM) e até mesmo o vogal Ely Aguiar (PSDC) permanecerão por mais dois anos nos cargos que ocuparam no último biênio. Os demais vogais estabelecidos serão os novatos Aderlânia Noronha (SD) e Robério Monteiro (PROS).
Dos integrantes da Mesa Diretora que já estão definidos, João Jaime, Aderlânia Noronha, Danniel Oliveira e Ely Aguiar se declaram como opositores ao Governo do Estado, apesar de a oposição ao Governo Camilo Santana não estar coesa.
Por ter eleito a maior bancada de deputados e fazer parte do maior bloco partidário (PROS, PSD, PCdoB e PT, com 18 parlamentares), o PROS permanece com os três assentos mais importantes da Mesa. De acordo com o deputado Sérgio Aguiar, o partido optou pela permanência dos quadros que já ocupavam na Mesa e deve definir os nomes a assumir a liderança do bloco na próxima semana, após a posse.
Dessa forma, o partido do governador Camilo Santana (PT) fica sem qualquer representação na Mesa Diretora, o que pode indicar que o governador irá designar algum petista para assumir o posto de liderança do governo na Casa. Segundo o presidente estadual do PT, De Assis Diniz, "em nenhum momento o partido negociou assento na Mesa". "Nossas demandas foram pelas comissões de Educação e (relacionada à) agricultura", diz.
Divisão
O segundo maior bloco da Casa é o articulado pelo deputado Tin Gomes, que, após a divisão dos membros da oposição, conseguiu agregar 10 parlamentares ao bloco e garantiu dois assentos na Mesa: o dele e o de João Jaime. A saída do PMDB do bloco de oposição, alega João Jaime, inviabilizou a formação do grupo, de modo que cada um dos representantes dos demais partidos tentaram se readequar em outros blocos já formados.
O grupo reúne três deputados que, inicialmente, haviam declarado interesse em compor o grupo dos 13 opositores: João Jaime, Ely Aguiar (PSDC) e Roberto Mesquita (PV), que irá assumir a liderança do bloco. Os demais integrantes são Aderlânia Noronha (SD), Lucílvio Girão (SD), Bethrose (PRP), Bruno Pedrosa (PSC), David Durand (PRB) e Júlio César (PTN).
Enquanto Jaime se reagrupou e garantiu a permanência na terceira secretaria, restaram aos remanescentes do bloco de oposição, Carlos Matos (PSDB), Tomaz Holanda (PPS) e os representantes do PR, Capitão Wagner e Fernanda Pessoa, a se lançarem sozinhos. É o mesmo caso de Renato Roseno (PSOL), que desde o início descartou participar de qualquer bloco partidário por não se identificar com as diretrizes das outras agremiações.
Falta de consenso
Após meses apontando a formação de um grupo de 13 deputados para o bloco de oposição, o PMDB se dividiu dos componentes. Segundo o deputado Audic Mota (PMDB), motivo da separação se deu pelo fato de o grupo não chegar a um consenso sobre a formatação do bloco. "Quando se tem muita gente, é difícil ter unanimidade", apontou.
Segundo o presidente de honra do PR, Roberto Pessoa, os deputados do partido se reuniram na noite de ontem com demais integrantes do bloco de oposição para resolver pendências. O nome do deputado Danniel Oliveira para assumir a segunda vice-presidência da chapa única a ser lançada amanhã só foi confirmado ontem à noite.
Na manhã de ontem, centenas de cadeiras já haviam sido colocadas no plenário da Assembleia Legislativa para acomodar os convidados dos parlamentares que acompanharão a cerimônia de posse a partir das 10h de amanhã. Embora os nomes dos parlamentares já estivessem listados no sistema, a Casa ainda aguardava a chegada das plaquetas para organização dos nomes no painel, organizados por ordem alfabética.
Reforma
Já nos corredores do prédio que abriga os gabinetes parlamentares, servidores finalizavam a reforma das salas e adjacências. Entre as melhorias, pintura nas paredes, troca de lâmpadas e manutenção dos equipamentos de ar condicionado, tudo para que os deputados estaduais da próxima legislatura iniciem os trabalhos com dependências em estado adequado.
Amanhã, as formalidades começam às 8h30, com a realização de uma celebração ecumênica no auditório Deputado João Frederico, no anexo II da Assembleia. Às 10h, tem início a sessão preparatória de posse dos deputados no Plenário 13 de Maio e, em seguida, será realizada a votação da Mesa Diretora e a posse dos suplentes que assumem no lugar de titulares afastados. Na segunda-feira, o governador Camilo Santana irá a Casa entregar mensagem governamental com ações que realizará no ano.

Cúpulas do PT e do PSDB tentam vencer resistência

Os nomes de Arlindo Chinaglia (PT) e de Júlio Delgado (PSB) têm, respectivamente, apoio oficial do PT e do PSDB


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O PSDB forma a terceira maior bancada, com 54 deputados. Apesar da pressão do partido, o PSB não deve ter 100% dos votos tucanos
FOTO: AGÊNCIA CÂMARA
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O catarinense corre por fora com quatro votos no próprio partido e com adesões da oposição. Renan tem o apoio de 15 dos 19 senadores do partido
FOTOS: AG.SENADO
Brasília. As cúpulas do PT e do PSDB enfrentam resistências dentro de suas bancadas no Congresso Nacional quanto à orientação dada por elas para as eleições das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado que ocorrem amanhã. A eleição pela presidência da Câmara ameaça abrir um "racha" na base aliada da presidente Dilma Rousseff (PT).
E em meio a este cenário, os dois principais candidatos usam a mesma tática: prometem abrir mão de espaços aos quais têm direito na Mesa Diretora e nas comissões temáticas para tentar seduzir partidos indecisos.
Tanto o líder do PMDB Eduardo Cunha (RJ), considerado favorito, quanto o atual vice-presidente Arlindo Chinaglia (PT-SP) indicaram que suas legendas vão abdicar de vagas na estrutura de comando da Casa.
Até agora, Cunha conta oficialmente com o apoio do PMDB, PTB, DEM, SD, PSC, PHS e PRB - este, no entanto, está sob forte pressão do Planalto e ameaça rever sua posição. Chinaglia, por sua vez, tem consigo o PT, PSD, PDT, PROS, PCdoB e o PEN. Júlio Delgado, do PSB, tem apoio oficial do PSDB, PPS e PV. Correndo por fora está Chico Alencar, cuja legenda, o PSol, tem cinco deputados.
Não é dado como certo que todos os deputados do PT sigam a orientação partidária de votar no correligionário Chinaglia. Isso porque há a avaliação de que sua vitória enfraqueceria ainda mais a corrente majoritária petista Construindo Um Novo Brasil, que perdeu espaço para correntes minoritárias na nova divisão de poder promovida pela presidente Dilma Rousseff no segundo mandato.
Os interlocutores prometem concessões. "O PT vai abrir mão de parte dos seus espaços. Vai fazer esse esforço, esse sacrifício", disse ontem o líder do governo na Casa, deputado Henrique Fontana (PT-RS).
Sem revoada
A sinalização de parte dos deputados tucanos em abandonar a candidatura à presidência da Câmara de Júlio Delgado (PSB-MG), levou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG) entrar em campo ontem para tentar diminuir a debandada dos correligionários.
O palco para um posicionamento mais firme em prol da candidatura do PSB foi o encontro promovido em Brasília pela bancada da Câmara. Aécio foi enfático e defendeu veementemente a candidatura do PSB. O gesto foi feito numa tentativa de demonstrar gratidão ao apoio concedido pela legenda no segundo turno presidencial.
Até ontem, alguns setores do PSDB, em especial o de São Paulo, sinalizavam o desejo de apoiar a candidatura de Cunha. Nas negociações estavam em jogo a disputa por espaços estratégicos dentro da Casa como a vice-presidência das Casas e principais comissões. "Isso não é o mais relevante. Não acho que é mais importante para o PSDB ter um espaço na Mesa, mas sim manter a coerência política", ressaltou Aécio.
O PSDB tem a terceira maior bancada, com 54 deputados. Apesar da pressão de cúpula do partido, dificilmente o PSB terá 100% dos votos tucanos amanhã. "Acredito que se recuperou substancialmente os votos, mas nunca se terá todos eles", disse o vice-presidente do PSDB, deputado Bruno Araújo (PE).
Os socialistas deixaram o governo Dilma um ano antes da eleição quando lançaram candidato à disputa do Palácio do Planalto. Após a reeleição de Dilma, alguns setores do PSB pressionam para retomar a aliança.
PMDB oficializa nome de Renan

Brasília. O PMDB oficializou ontem o nome do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), como candidato oficial da legenda na eleição de domingo que elegerá a nova Mesa Diretora da Casa. Renan teve 15 votos contra 4 do senador Luiz Henrique (SC), que também lançou sua candidatura. A bancada tem 19 senadores.

Agora, com sua candidatura oficializada, ele afirmou que terá mais liberdade para pedir apoio dos outros partidos. O PT está dividido. Apesar da pressão feita pelo Palácio do Planalto para que os petistas votem em Renan, a bancada da sigla ainda não fechou posição - alguns petistas, nos bastidores, admitem ter simpatia pela candidatura de Luiz Henrique.

O catarinense tem só quatro dos 19 votos do próprio partido - o dele mesmo, de Ricardo Ferraço (ES), de Waldemir Moka (MS) e de Dario Berger (SC). Mas, ontem, anunciou ter o apoio das bancadas de PSDB, DEM, PSB, PDT, PP, PSOL e PPS, que, juntos, têm 35 senadores.

Seus aliados admitem, porém, que o peemedebista não terá os votos de todos os senadores dessas legendas. “Se não pela unanimidade, estamos aqui pela maioria expressiva desses partidos”, disse o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN).

Essa é a segunda vez que o PMDB terá dois candidatos a presidente do Senado. A primeira foi no ano de 1987, quando Humberto Lucena - tio do atual senador Cícero Lucena (PSDB-PB) - disputou o cargo contra Nelson Carneiro. Lucena venceu por 67 votos a 1 voto.

Planalto

Durante o lançamento de sua candidatura, Luiz Henrique disse que manteria a prerrogativa dos petistas, donos da segunda maior bancada, de indicar o primeiro vice-presidente da Casa. Disse também que, se eleito, sua primeira ação seria pedir uma reunião com a presidente Dilma Rousseff para dizer que não será “subserviente” nem “antagônico” ao governo.

Calheiros não quis comentar o apoio dado pelo Planalto a sua candidatura. O líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), também desconversou. “Não conheço a posição do Planalto. Eu conheço a posição do meu partido”, disse o cearense. Apesar disso, ele relatou que a ministra da Agricultura, senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), também esteve na reunião e votou pró-Renan.

Como já tinha tomado a decisão “irrevogável” de entrar na disputa, anunciada dia 27, Luiz Henrique optou por não participar da reunião do PMDB, e encaminhou carta aos colegas comunicando a candidatura avulsa.
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Oito municípios devem ficar sem água no Ceará

Em reunião a portas fechadas com o MP, Governo não apresentou propostas e frustrou promotores

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Entre as cidades, que estarão completamente sem água nos próximos meses, está Jaguaretama. A região mais afetada é o sertão de Crateús
FOTO: BRUNO GOMES
A situação hídrica do Ceará, com a perspectiva de um quarto ano seguido de seca, vem preocupando cada vez mais setores da sociedade. Ontem, numa reunião a portas fechadas do Ministério Público do Estado (MPCE) com representantes da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), ligadas à Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), o Governo revelou que oito municípios deverão ficar completamente sem água nos próximos meses. Contudo, nenhum plano para reverter o quadro foi divulgado.
As cidades são Ipaporanga, Itatira, Apuiarés, Jaguaretama, Urioca, Senador Sá, São Luís do Curu e Parambu. A informação teria sido apresentada pela Cogerh durante o encontro, mas só foi repassada à imprensa pelo MPCE. "A novidade foi essa lista de municípios que em janeiro, fevereiro, março e abril vão, em tese, ficar sem água, pela projeção da análise dos reservatórios de água e pelo consumo", explicou o promotor de Justiça e assessor do Centro de Apoio ao Meio Ambiente (Calmace), Amisterdan de Lima Ximenes.
A reunião, na verdade, seria aberta à imprensa, convidada pelo MPCE a participar. Entretanto, a pedido de representantes do Governo, os jornalistas foram convidados a se retirar. A mesma situação tem acontecido com o Comitê Integrado de Combate à Seca, que antes realizou as últimas duas audiências a portas fechadas.
Apesar do sigilo, o promotor de Justiça do MPCE se disse frustrado com a falta de proposições dos órgãos governamentais. "Nós esperávamos a colocação da situação, mas também a apresentação de propostas. Qual a projeção de novos poços, em que localidades, quais as verbas disponibilizadas?", questionou. Outra falta, segundo Ximenes, foi a falta de um plano de educação ambiental. "Eu pensei que pelo menos isso trariam hoje. Tem que ter a conscientização, principalmente na Região Metropolitana de Fortaleza", ressaltou.
Crateús
A região do Estado mais afetada com a seca é o sertão de Crateús, onde os açudes estão, em média, com 0,9% da capacidade. Em todo o Ceará, o volume atual é de 19,7% do total. Dos 149 açudes administrados pela Cogerh, 128 estão com menos de 30% e apenas um, o Gavião, tem mais de 90% de preenchimento.
Apesar da situação, o presidente da companhia, João Lúcio de Farias, negou, após a reunião, a necessidade de um racionamento. "Nós estamos ainda trabalhando estes cenários, analisando todas as possibilidades, a questão dos usos", disse. "Mas, por enquanto, a RMF tem uma reserva considerável e importante para o Estado", completou.
Com relação a Crateús, Farias afirmou que está em conclusão a construção de uma adutora que irá abastecer a região através do Açude Araras. "Há uma previsão de entregar essa adutora até o dia 10", garantiu.
O gestor da Cogerh informou ainda que uma campanha de conscientização deverá ser anunciada em breve pelo governador Camilo Santana.
Germano Ribeiro
Repórter

Estado elenca 20 ações executadas para a refinaria

Para o Estado, as ações já concretizadas com vistas à refinaria podem dar lugar a outro empreendimento

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Sem interferências da Petrobras, além do cercamento do terreno, o mato foi, tomando conta da área onde seria construída a Premium II
FOTO: LUCAS DE MENEZES
O governo estadual realizou 20 ações em prol da instalação da refinaria da Petrobras no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), segundo aponta levantamento feito pela Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra). A posição do Estado é de ainda "brigar" pela unidade de refino, mas considera que, no caso de esta, de fato, não vir a ser concretizada, todas as obras já empreendidas com vistas à Premium II "podem ser utilizadas por outros empreendimentos, que tenham o mesmo porte".
A Seinfra afirma ainda que estudos e pesquisas a este respeito já estão sendo iniciados. O valor total realmente gasto com essas ações ainda não foi quantificado. Conforme a secretaria, o montante de recursos já pagos está sendo atualizado, projeto por projeto, até para se ter um valor fechado, através do qual o governo possa vir a cobrar por parte da estatal.
A Petrobras já se comprometeu, conforme dito no documento de suas demonstrações contábeis, a adotar as providências necessárias para mitigar o impacto do cancelamento do projeto para os governos estaduais e municipais.
Investimentos
Dos 20 projetos, seis deles estão ligados à expansão do Porto do Pecém, a maior parte relacionada às obras já em execução no terminal portuário, que passa por sua segunda expansão. A construção da ponte de acesso do terminal e da ampliação do quebra-mar estão diretamente ligados à refinaria. Também houve gastos na elaboração da terceira expansão do porto, que ainda seria licitada.
Além destes, há as desapropriações em toda a área da refinaria, que somava quase dois mil hectares, mais precisamente, 1.954 hectares, além de áreas para a instalação de linhas de transmissão, faixa de dutos e oleodutos e para o desvio da CE-085, que, em seu traçado original, passava por dentro da área escolhida pela Petrobras para abrigar a refinaria.
Despesas
Também estão incluídos os dispêndios com o convênio para a construção da Reserva Indígena Taba dos Anacé, cujas obras se encontram em execução. E deverão ser concluídas - pelo menos este é o posicionamento atual,- conforme garantiu o governo do Estado, por meio da Seinfra. Esta e quaisquer outras obras em andamento.
"Acerca dos questionamentos sobre o andamento das obras no Complexo Industrial e Portuário do Pecém - CIPP, que tenham relação com a instalação, pela Petrobras, da Refinaria Premium II, a Secretaria da Infraestrutura do Estado (Seinfra) afirma que todas elas seguem dentro do cronograma normal estipulado para elas, não havendo nenhum indício de paralisação das mesmas".
"A Secretaria, junto com outros órgãos do Governo precisa de uma análise mais profunda sobre o anúncio de que a estatal suspenderia a instalação do empreendimento no Ceará, para que medidas mais concretas sejam tomadas. A Seinfra lembra que outras ações estão em andamento, mas essas dizem respeito à Petrobras, por isso, apenas a estatal pode se pronunciar a respeito das mesmas", acrescentou.
O governador Camilo Santana ontem reiterou que buscará alternativas para dar continuidade ao projeto da refinaria.
Petrobras pode perder grau de investimento
São Paulo. O rebaixamento dos ratings globais da Petrobras pela Moody's, na madrugada desta sexta-feira, mostra a difícil situação enfrentada pela empresa. A nota da companhia havia sido colocada em revisão para possível rebaixamento em 23 de dezembro. Normalmente, isso significa que a agência de classificação de risco tem um prazo de 90 dias para decidir sobre a nota, com uma possibilidade de 50% de rebaixamento.
No entanto, em pouco mais de um mês a Moody's rebaixou a Petrobras e manteve a nota em revisão negativa, o que significa que novos cortes são prováveis no curto prazo. O rating de emissor da Petrobras foi cortado para Baa3, de Baa2, o que significa que, em caso de novo corte, a companhia seria rebaixada para o grau especulativo.
Informes sem credibilidade
A Moody's ainda esclareceu que o rating da Petrobras deve ser rebaixado, se a estatal não avançar no próximo mês na elaboração dos informes financeiros, principalmente, se não houver "outras ações que reduzam as incertezas em torno da capacidade da companhia de cumprir todas as suas obrigações financeiras no tempo adequado".
A agência diz que o balanço não auditado divulgado pela Petrobras no dia 27, não trouxe clareza sobre a magnitude dos ajustes que precisarão ser feitos no valor de ativos fixos.
"A falta de progresso na revelação de ajustes aproximados não é sinal encorajador à entrega no prazo adequado dos informes financeiros anuais auditados", assinala.
Sérgio de Sousa
Repórter
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sexta-feira, janeiro 30, 2015

Hoje tem Feira da Agricultura Familiar

Sexta-feira (30) tem Feira da Agricultura Familiar 

A Prefeitura de Crateús, através da Secretaria de Negócios Rurais e Urbanos, convidam a população do município para prestigiarem a XVIII FEIRA MUNICIPAL DA AGRICULTURA FAMILIAR.

Local: Em frente ao Banco do Brasil de Crateús.
 Horário: das 06h às 12h.
Os nosso agricultores estarão expondo os seguintes produtos: Artesanato, ovos e galinha caipira; carne ovino; frutas e hortaliças; doces; fubá de milho; milho pipoca; goma; tapioca; feijão verde; castanha de caju.
A sua participação é um incentivo ao fortalecimento dos agricultores familiares em suas unidades produtivas.

Eunício critica cancelamento de refinaria e quer responsabilização de gestores

O senador Eunício Oliveira (PMDB) criticou a desistência da Petrobras na instalação da Refinaria Premium II no Ceará. O peemedebista afirmou que o equipamento foi usado “como moeda política nas eleições de 2014″, quando disputou o governo contra Camilo Santana (PT), apadrinhado do ex-governador Cid Gomes (Pros)

O senador ainda pediu a responsabilização de gestores sejam responsabilizados pelo investimento perdido. “Avalio que todos os autores dessas façanhas devem vir à público dar as devidas explicações e sejam responsabilizados”. Entre 2009 e 2014, o Ceará investiu R$ 657 milhões em infraestrutura para receber "uma refinaria que virou pó".

Planalto age para manter Renan


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Ao postergar a oficialização da sua candidatura, o atual presidente do Senado tentava não ficar na "vitrine" para evitar desgastes na reta final
FOTO: REUTERS
Brasília. O Palácio do Planalto entrou em campo ontem, para garantir uma reeleição tranquila ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), contra seu correligionário, senador Luiz Henrique, na disputa deste domingo, 1º de fevereiro, pela presidência da Casa.
Os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e das Relações Institucionais, Pepe Vargas, fizeram contatos com senadores para que apoiem Renan. Em outra frente, a própria cúpula do PMDB se mobilizou. Na tentativa de conter o crescimento de Luiz Henrique, foi acertada a antecipação da reunião do partido que escolherá o nome oficial da bancada. Inicialmente prevista para amanhã, a reunião foi antecipada para a tarde de hoje.
Os aliados do atual presidente consideraram mais prudente oficializar antes o apoio ao nome de Renan para que o adversário não ganhasse força.
Renan, no entanto, trabalhou para que essa decisão fosse adiada ao máximo. Ele chegou a sugerir que a bancada se reunisse somente no domingo, dia da eleição, mas o líder do partido, Eunício Oliveira (CE), consultou os demais senadores e decidiu adiantar o encontro .
Ao postergar a oficialização da sua candidatura, o atual presidente do Senado tentava não ficar na "vitrine" para evitar desgastes na reta final. Pesa contra ele o fato de ter sido um dos citados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa em sua delação premiada. Por ser a maior bancada - com 19 senadores -, o PMDB tem por tradição da Casa indicado o nome do presidente.

Desvios na estatal chegam a R$ 2,1 bilhões, diz MPF

Conforme os dados divulgados, R$ 450 milhões foram recuperados e R$ 200 milhões em bens bloqueado

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As suspeitas de corrupção na Petrobras começaram com a investigação sobre desvios de verbas na construção da Refinaria Abreu e Lima
FOTO: RODRIGO CARVALHO
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Veto veio de filho do ex-diretor Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, réu da Lava-Jato
FOTO: ABR
São Paulo. O Ministério Público Federal (MPF), responsável pela força-tarefa que atua na Operação Lava-Jato, lançou uma página na internet para atualizar informações sobre as investigações. De acordo com balanço mais recente, os investigados na operação desviaram R$ 2,1 bilhões da Petrobras. Conforme os dados, R$ 450 milhões foram recuperados (21,42% do total estimado) e R$ 200 milhões em bens, o correspondente a 9,52%, estão bloqueados por determinação da Justiça.
Segundo o MPF, 12 investigados assinaram acordos de delação premiada. Conforme o levantamento, 150 pessoas e 232 empresas estão sob investigação.
Até a sétima fase da operação, deflagrada em novembro do ano passado, 60 pessoas foram presas, expediram 161 mandados de busca e apreensão e 37 pessoas foram conduzidas coercitvamente a prestarem esclarecimentos à Polícia Federal.
Após a apuração dos crimes, a Justiça Federal em Curitiba abriu 18 ações criminais contra 86 investigados, que respondem pelos crimes de corrupção, tráfico de drogas, lavagem de ativos, formação de organização criminosa e crime contra o sistema financeiro nacional.
As suspeitas de corrupção na Petrobras começaram com a investigação sobre desvios de recursos públicos na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Segundo o Ministério Público, a obra foi orçada em R$ 2,5 bilhões e alcançou gastos de R$ 20 bilhões.
Conforme o Ministério Público Federal, os desvios na construção da refinaria ocorreram em contratos superfaturados com empresas que prestaram serviços à Petrobras de 2009 a 2014. De acordo com a investigação, os desvios tiveram participação de Paulo Roberto Costa, então diretor de Abastecimento, e de Alberto Youssef, dono de empresas de fachada.
Perdas
O rombo causado pela corrupção nas contas da Petrobras poderá ser ainda maior, caso surjam novas empresas e contratos suspeitos, admitiu a presidente da estatal, Graça Foster.
A companhia também poderá ampliar o período sob investigação, limitado entre janeiro de 2004 e abril de 2012, época em que Costa foi diretor de abastecimento. Na avaliação da presidente da empresa, com a evolução das investigações da Lava-Jato, o volume de desvios estimados poderá ser superior aos R$ 4 bilhões que já teriam sido apurados pela companhia.
O valor se refere à aplicação da cobrança indevida de 3% nos contratos, que seriam desviados para propinas a ex-funcionários, partidos e políticos. Ao todo, a companhia identificou 52 contratos com 23 empresas citadas nas investigações - que representam mais de R$ 188 bilhões em patrimônio da companhia.
Máscaras de Cerveró são canceladas
São Paulo. O ator Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, réu em ação penal da Operação Lava-Jato, vetou a máscara de Carnaval com o rosto do pai. Para ele, o problema no olho esquerdo do pai motivaria a fabricação das peças, que seriam vendidas em lojas de artigos carnavalescos.
"A máscara seria muito mais em função da questão física do que pela parte política, porque ele não teve participação em nada nem é uma figura política", disse Bernardo ontem ao jornal "O Estado de S. Paulo".
Um amigo seu, advogado, ligou para Olga Valle, dona da fábrica que produziria a máscara, a Condal, e a convenceu a desistir, sob pena de processo.
"Foi uma ligação amigável. Falaram que não queriam a máscara e que iriam nos processar caso fizéssemos. Deviam levar na brincadeira, porque nada mais é do que isso", contou Olga, que teve a ideia de retratar Cerveró.
Ministro como testemunha
Outro réu da Lava-Jato, o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, preso desde 14 de novembro na sede da Polícia Federal, em Curitiba (PR), chamou o ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT), para ser sua testemunha.
Em resposta à acusação feita pela Procuradoria, juntado aos autos da Lava-Jato ontem, o executivo arrolou também o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, o candidato à Presidência da Câmara, o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT), e os deputados Paulinho da Força (SD), Jutahy Júnior (PSDB), Arnaldo Jardim (PPS) e Jorge Tadeu Mudalen (DEM).
Foi chamado ainda o secretário municipal de saúde de São Paulo, José de Filippi Júnior, ex-tesoureiro da campanha de reeleição do ex-presidente Lula, em 2006, e da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2010, e ex-prefeito de Diadema.

Quadrilha presa burlava emissão de passaportes

Grupo preso cobrava para alterar a data do agendamento e agia dentro da própria Delegacia de Imigração

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Esquema funcionava dentro da Delegacia de Polícia de Imigração e era posto em prática por servidores terceirizados da Polícia Federal e despachantes, que cobravam indevidamente valores extras para agendamento
FOTO: NATINHO RODRIGUES
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Alexsandra Oliveira Medeiros, Andréa Karine Assunção, Renato Casarini Muzy e Wellington Santiago da Silva forneceram detalhes da operação
FOTO: JL ROSA
Após cerca de seis meses de investigação, a Polícia Federal desmontou, ontem, um esquema que burlava procedimentos legais para obter a emissão de passaportes na Delegacia de Polícia de Imigração, da própria PF. Dois terceirizados e quatro despachantes foram presos. De acordo com o órgão, cerca de 40 pessoas teriam se beneficiado com os atos do grupo.
Segundo a PF, os despachantes cobravam valores indevidos e inexistentes dos populares para, junto aos terceirizados da Delegacia, agendar datas para os procedimentos de expedição do passaporte conforme o desejo dos cidadãos. Os trabalhos de investigação foram conduzidos pelo Setor de Inteligência da PF, após denúncias.
Ação
De posse das informações, foi deflagrada na manhã de ontem a 'Operação Password', que cumpriu seis mandados de prisão temporária, 12 de busca e apreensão e realizou oito conduções coercitivas. Já no período da tarde, o resultado dos trabalhos foi apresentado em entrevista coletiva, na sede da Polícia Federal, na Avenida Borges de Melo, em Fortaleza.
No encontro com a imprensa, estiveram presentes o superintendente regional da PF Renato Casarini Muzy; o delegado regional de combate ao crime organizado Wellington Santiago da Silva; a chefe da Delegacia de Polícia de Imigração, Alexsandra Oliveira Medeiros; e a chefe do Núcleo de Inteligência Policial, Andréa Karine Assunção.
A chefe de Inteligência, que comandou as investigações, revelou que os valores cobrados pelo grupo variavam de R$ 50 a R$ 300 por cada agendamento.
"Recebemos a denúncia e passamos a acompanhar a ação de despachantes e terceirizados. Verificamos que alguns servidores terceirizados cobravam entre R$ 50 e R$ 100 enquanto os despachantes exigiam o pagamento de R$ 250 a R$ 300 por passaporte. Além do valor legal do documento, os terceirizados cobravam esse dinheiro para fazerem o trabalho para o qual já eram pagos", informou.
Conforme Andréa, as pessoas que pagaram pelo agendamento sabiam que estavam praticando atos corruptos. "Nas investigações, cerca de 40 pessoas teriam pago pelas ações. Essas pessoas sabiam que aquela taxa era ilegal. Por isso, elas serão intimadas e ouvidas e podem responder por corrupção".
As seis pessoas foram presas nas residências onde moram. Foram apreendidos documentos e materiais de informática para dar continuidade às investigações. Outras oito pessoas foram conduzidas à PF, prestaram depoimento e foram liberadas.
Procedimento
A chefe da Delegacia de Polícia de Imigração Alexsandra Oliveira Medeiros destacou que, caso exista necessidade, qualquer cidadão pode solicitar a antecipação do agendamento para emissão do passaporte. Alexsandra destacou que somente a pessoa que irá viajar pode fazer o procedimento de retirada do documento na PF.
"A própria pessoa, comprovando a necessidade de viajar e tendo o agendamento posterior a data de embarque, pode levar a passagem e será atendido. Temos horários específicos durante o dia para estes casos. Emitimos passaportes de urgência em 48 horas e passaportes de emergência em 24 horas", explicou.
Já o superintendente regional da Polícia Federal destacou que, apesar de haver dois terceirizados entre os suspeitos, não foi comprovada a participação de nenhum agende federal concursado no esquema criminoso desvendado na operação.
"Eram servidores terceirizados que agiam em parceria com despachantes, buscando receber dinheiro e vantagens indevidas da população. É um fato lamentável, que acontecia dentro da nossa casa", afirmou.
Muzy fez questão de se desculpar, em nome da PF, por qualquer transtorno que a ação dos suspeitos tenha causado.
"A Polícia Federal pede desculpas a qualquer cidadão que tenha sido ludibriado. A partir de agora, isso não deve mais ocorrer. Todas as taxas aplicadas na emissão do passaporte são fixadas por Lei e recolhidas via Guia de Recolhimento da União, as GRUs", explicou.
Levi de Freitas
Repórter

quinta-feira, janeiro 29, 2015

Cearense apontado como mensageiro da propina assusta Brasília

O doleiro Alberto Youssef, para distribuir toda a dinheirama roubada da Petrobras, contava com uma rede de corrupção pelo País. Em Brasília, operava sob seu comando o também doleiro Carlos Habib Chater, que tinha a seu serviço 400 contas de laranjas e cuja marca principal era funcionar sua empresa em um posto de gasolina na torre de tevê na própria Esplanada dos Ministérios.

Se Alberto Youssef fez delação premiada e contou tudo, o mesmo não ocorreu com Carlos Charter. Manteve-se calado. Porém, o seu mensageiro da propina, Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como 'Ceará', um dos primeiros indiciados na Operação Lava Jato, que investiga um dos maiores esquemas de corrupção, fraudes em licitações, desvios de verbas e lavagem de dinheiro na Petrobras, resolveu contar tudo que sabe.

Responsável pelo recebimento e entrega do dinheiro utilizado no pagamento de propinas para políticos e gestores públicos, Ceará, o mensageiro da propina, é considerado um dos principais colaboradores do MPF na investigação dos crimes, tendo apresentado à Justiça uma lista com mais de cem nomes de envolvidos. Todos políticos importantes com atuação no Congresso Nacional e em Brasília.

O acordo foi estabelecido depois que o Ministério Público Federal formalizou a denúncia contra Carlos Alexandre, o Ceará, apresentando provas do seu envolvimento com o crime organizado, como a gravação de um diálogo, interceptado pela Polícia Federal (PF), na qual ele afirma que não realiza operações pequenas, abaixo de R$ 50 mil. Em outra ligação, Ceará combina uma transação de R$ 5 milhões. Amigo há 20 anos de Alberto Youssef, era homem de confiança do doleiro Carlos Habib Chater. Segundo confessou a doleira Nelma Kodama à Polícia Federal, Ceará também transportava valores em moeda estrangeira, inclusive valores do tráfico internacional de drogas.

Em setembro do ano passado, após a formalização do acordo de delação premiada, a Justiça do Paraná suspendeu o processo contra Ceará. Ele, no entanto, ficou obrigado a se apresentar regularmente à Justiça. Na época do despacho, Carlos Alexandre, o Ceará, tinha residência em Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Atualmente, seu endereço é mantido sob segredo pelo Ministério Público Federal, pois ele está sob proteção policial.

Youssef diz que pagava propina a mando de agentes políticos

 
A defesa de Alberto Youssef disse  à Justiça Federal que o doleiro não liderou o esquema que desviou recursos da Petrobras. Segundo o advogado Antônio Figueiredo Basto, Youssef não pode ser condenado por corrupção passiva, porque cumpria ordens de agentes políticos para fazer o pagamento de propina. Os desvios são investigados na Operação Lava Jato.

Em depoimentos de delação premiada, Youssef, que está preso, apontou os nomes de políticos que receberam propina. Em fevereiro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve denunciá-los ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os nomes são mantidos em segredo de Justiça.

Em resposta à abertura de uma das ações penais contra Youssef, o advogado do doleiro disse que ele não atuou isoladamente, e não tinha poderes para favorecer ninguém dentro da Petrobras. "Sua função era fazer o dinheiro chegar aos corruptos e irrigar contas de partidos políticos, conforme ele mesmo informou em seu interrogatório. Podemos afirmar, sem qualquer margem de erro, que as propinas somente existiram por vontade dos agentes políticos", alega a defesa.

Antônio Basto também informou que os acordos entre agentes políticos e as empreiteiras não tinham participação de Youssef, que atuava na fase final, na distribuição da propina. Segundo a defesa, o dinheiro desviado da Petrobras foi usado para financiar campanhas políticas "no Legislativo e Executivo".

"Agentes políticos das mais variadas cataduras racionalizaram os delitos para permanecer no poder, pois sabiam que enquanto triunfassem podiam permitir e realizar qualquer ilicitude, na certeza de que a opinião pública os absolveria nas urnas", diz o advogado.

Na petição, a defesa compara o esquema investigado na Lava Jato com a Ação Penal 470, o processo do mensalão.

"Embora esse projeto de poder não seja novo, haja vista já ter sido implementado antes em outros órgãos públicos, conforme restou provado no julgamento da Ação Penal 470/MG, conhecido como 'mensalão'¸ no caso vertente foi superlativo, quer pelo requinte dos malfeitos quer pela audácia e desmedida ganância dos agentes políticos que, incrustados no poder, fizeram movimentar a máquina pública para atender suas exigências, desviando valores vultosos da maior empresa do país, a Petrobras" - argumenta Basto.

* Com informações da Agência Brasil

SEMPRE ANTES DAS ELEIÇÕES Lula e Dilma vieram ao Ceará garantir o projeto

Por duas vezes, em seis anos, tanto Lula, quanto a presidente Dilma garantiram, cada um, a instalação da refinaria
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Em 2010, o presidente Lula veio ao Ceará, onde desabafou: "E, quando a gente pensa que vai inaugurar, ela (a refinaria) nem começou"
FOTO: ALEX COSTA
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Matéria do portal O Imparcial destacava na manchete os prejuízos estimados com a descontinuação dos projetos das refinarias anunciados pela Petrobras
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Matéria do Diário do Nordeste citava as perspectivas para o cenário deste ano, quando a refinaria Premium I estaria no pico da construção
O Ceará via-se em desprestígio diante da perda, após anos de disputa com Pernambuco, da primeira refinaria da Petrobras, após 30 anos sem investimento da empresa, em uma nova unidade de refino. A Refinaria do Nordeste (Rnest) ia para o estado vizinho, mas, diante de um rebuliço político criado, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, em 2008, que os cearenses também seriam contemplados com uma das duas outras usinas que a estatal petrolífera planejava instalar.
Daí, em agosto daquele ano, Lula veio ao Ceará para oficializar o anúncio da Premium II, assinando, juntamente com o governador Cid Gomes e o presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, um protocolo de entendimentos para a instalação do empreendimento do Estado.
Com pompa e circunstância, realizado no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), este foi o primeiro evento simbólico para a refinaria que contou com o chefe maior do Executivo nacional.
Início da novela
Na cerimônia de 2008, o presidente da República afirmou: "A refinaria do Ceará não é um projeto que pode ser, é um projeto que vai ser feito. Essa é uma decisão da diretoria da Petrobras e do Governo do Estado para que isso aconteça".
A plateia ovacionava e o Ceará se enchia de esperança e expectativa. Era a oficialização do início de uma grande novela. No dia seguinte, refletindo o peso do anúncio, a capa do Diário do Nordeste trazia a manchete: "Enfim, refinaria é do Ceará".
Naquela ocasião, foi definido que o início das obras seria em dezembro de 2009. Em dezembro de 2010, contudo, Lula voltou ao Ceará, nos últimos dias de seu segundo mandato, para lançar apenas o início das sondagens de terreno da unidade de refino e descerrar uma placa (também simbólica) do lançamento da pedra fundamental do empreendimento. "E, quando a gente pensa que vai inaugurar, ela (a refinaria) nem começou", desabafou, em seu discurso.
E reafirmou que, apesar dos atrasos, o compromisso com a refinaria seria cumprido: "Política não é feita apenas de realizações, política também é feita de gestos. E eu precisava fazer este gesto de voltar ao Ceará para poder assumir com o governador Cid, com o companheiro Gabrielli, com o povo do Ceará e com o povo do Brasil o compromisso final de que o Ceará, finalmente, terá a tão sonhada refinaria, que tanta gente prometeu e que não conseguiu fazer".
O compromisso passou para sua sucessora, Dilma Rousseff. Em abril de 2013, a presidenta veio ao Ceará para anunciar uma série de medidas para a seca e, entre elas, anunciou a doação do terreno de dois mil hectares no Cipp à Petrobras.
Em um momento tímido, encaixado na programação da chefe de Estado, o governador Cid Gomes e a nova presidente da estatal, Graça Foster, assinaram a escritura do terreno. Sem discursos. Sem entrevistas à imprensa cearense.
Desprestígio
E novembro do mesmo ano, Dilma voltou ao Estado para anunciar investimentos em mobilidade urbana e, na mesma cerimônia, chamou Foster para assinar o compromisso da Petrobras na instalação da reserva indígena Taba dos Anacé, dando fim a um impasse que durava quatro anos. "A decisão de instalar a refinaria Premium II, ela foi tomada. E hoje nós damos um passo", disse.
Ontem, o passo dado foi pra trás. O compromisso firmado pelos dois presidentes foi desfeito em apenas um comunicado, sem maiores esclarecimentos nem por parte da estatal nem, do governo federal. O Ceará continua desprestigiado. (SS)
Construção civil recebe cancelamento com decepção
A indústria da construção civil cearense recebeu com bastante decepção a decisão da Petrobras de encerrar os projetos de investimento para a implantação da refinaria Premium II, no município de Caucaia, situado na Região Metropolitana de Fortaleza, pois o setor teria participação direta na concretização do crescimento infraestrutural nos arredores do empreendimento.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro, avalia que o anúncio da estatal representa um "prejuízo incalculável" para o Ceará, pois "uma refinaria dessas movimentaria o PIB (Produto Interno Bruto) cearense como um todo, traria renda, desenvolvimento".
O representante do Sinduscon-CE afirma que a construção civil teria papel bastante participativo no desenvolvimento econômico que a refinaria proporcionaria para Caucaia e municípios próximos, gerando a necessidade da construção de hospitais, residências, escolas e outras obras. "Nós, cearenses, não merecemos esse tipo de tratamento. Nós temos que lutar para que seja revista essa estratégia da Petrobras", defende Montenegro.
O presidente da Associação das Empresas de Construção Pesadas do Estado do Ceará (Aconpec), Dinalvo Diniz, também lamentou a decisão da estatal de interromper os investimentos para a Premium II.
"Essa não chega a ser uma grande surpresa para nós. Estivemos acompanhando a situação e sempre sentimos que não existia uma política firme de implantar a refinaria. Nós sabíamos que era algo muito distante", avalia. "Nós estivemos recentemente a refinaria de Pernambuco (Abreu e Lima) e vimos o que aquela região passou a ser. Seria algo bastante positivo para o nosso estado", acrescenta.
Maranhão repercute queda das refinarias
Enquanto o site da Petrobras continuava a divulgar a construção da refinaria Premium I no município de Bacabeira, no Maranhão, ontem, a imprensa do estado anunciava a desistência do projeto por parte da empresa.
No portal do jornal O Imparcial, a manchete ressalta o prejuízo de R$ 2,7 bilhões com as refinarias Premium I e II. No entanto, o veículo não cita a desistência dos projetos no Maranhão e Ceará por parte da Petrobras.
No portal G1 Maranhão a principal notícia destaca a desistência da companhia em relação às refinarias. A mesma notícia foi republicada na manchete do site Jornal Pequeno.
A matéria dos dois veículos trazia um gráfico citando os problemas enfrentados pela empresa petrolífera ao longo dos anos, que vão desde queda das ações, denúncias, falta de reajuste na gasolina, até a operação Lava Jato e dificuldades financeiras.
Previsão frustrada para este ano
Entre as promessas nascidas juntamente com a esperança trazida pela possível instalação da refinaria Premium II no Ceará, a geração de empregos estava entre a maior delas. Em 2010, a previsão era de 20 mil postos de trabalho diretos e indiretos no pico da construção, período estimado para este ano.
A previsão foi publicada na edição do dia 29 de dezembro de 2010 do Diário do Nordeste.
Na época, o então secretário de Infraestrutura do Ceará, Adail Fontenele ressaltou a criação de 126 escolas de ensino profissionalizante nos últimos quatro anos no Estado.
A expectativa também girava em torno da criação do Centro de Treinamento Técnico do Ceará (CTTC), a ser instalado no Pecém. O equipamento teria capacidade para treinar 12 mil pessoas anualmente.
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