sexta-feira, maio 15, 2015

HGF não recebe do SUS e tem menos do Estado

Segundo o diretor do hospital, a Prefeitura de Fortaleza está retendo os recursos de alguns procedimentos

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Deputados da Comissão de Saúde receberam, ontem, o diretor geral do HGF, Romero de Matos Esmeraldo, que denunciou a queda de repasses para o equipamento criticou o alto custo das cooperativas
FOTO: JOSÉ LEOMAR
O diretor do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Romero de Matos Esmeraldo, em audiência, ontem, na comissão de Seguridade e Saúde da Assembleia Legislativa, afirmou que parte dos problemas do equipamento ocorre porque recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) não são devidamente repassados pela Prefeitura Municipal de Fortaleza e devido aos cortes do orçamento estadual determinados pelo governador Camilo Santana.
A comissão de Saúde pretende ouvir outros gestores da área, para, ao final dos encontros, apresentar relatório sobre a situação de cada um dos equipamentos no Estado. Romero Esmeraldo convidou os deputados para, assim como fizeram em relação ao Hospital Albert Sabin, visitarem o HGF para acompanhar a realidade do hospital.
Segundo Romero Esmeraldo, até o ano passado, o Governo do Estado repassava R$ 21 milhões e, ainda assim, a unidade passava por dificuldades. "Sempre tínhamos que descobrir um santo para cobrir outro", disse, afirmando que a divisão administrativa está trabalhando com orçamento mensal de R$ 11 milhões, mas só a folha de pagamento consome mais de R$ 8 milhões.
Prótese
Os R$ 3 milhões restantes são usados para todo o insumo do hospital. A Prefeitura de Fortaleza é responsável pela gerência dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), apesar de a administração do HGF ser responsabilidade do Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual da Saúde.
De acordo com Romero Esmeraldo, há retenção de verbas, por parte da gestão de Fortaleza, quanto a operações de prótese, alegando que a Prefeitura não tem repassado corretamente os recursos de contratos com o Ministério da Saúde. "Ela é obrigada a repassar alguns contratos e não tem feito isso corretamente. O último pagamento foi em julho e agosto", denunciou.
Segundo o diretor, o Ministério da Saúde paga até R$ 100 mil por cada procedimento de implante coclear e, por mês, o HGF tem capacidade para quatro cirurgias do tipo, podendo receber mensalmente R$ 400 mil. "Foi feita, inclusive, uma auditoria do Ministério da Saúde para saber por que paramos os implantes coclear e justificamos que não há repasses e não há dinheiro para custear. A Prefeitura não presta contas e o Ministério diz que não interessa quem está recebendo, interessa que está repassando", justifica.
Cooperativas
Romero Esmeraldo disse também que até 70% dos serviços realizados pelo hospital são feitos por cooperativas, o que acaba por encarecer os custos em até 80% em relação aos gastos com os servidores públicos. Ele defendeu a realização de concursos para que o custeio possa ser reduzido. Ele esclareceu que, na gestão anterior, o HGF contratou 32 leitos de retaguarda no Hospital Fernandes Távora, mas disse que não há recursos para o custeio de tais leitos.
O deputado Carlomano Marques (PMDB), presidente da comissão de Saúde, destacou que houve transparência e sinceridade do gestor e disse estar impressionado com o corte de R$ 6 milhões nos repasses para o equipamento. "É impossível tirar R$ 6 milhões por mês e não fechar", afirmou. Ele chegou a cobrar um encontro com o governador do Estado para cobrar a manutenção dos repasses para o equipamento de Saúde.
Encontro com governador
No fim da sessão ordinária de ontem, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Zezinho Albuquerque (PROS), anunciou que, no fim da tarde de ontem, Camilo Santana iria se reunir com os membros da comissão de Saúde. Alguns deputados comemoram o convite do chefe do Poder Executivo, apontando que há meses queriam uma audiência com o gestor.
Carlomano Marques ainda informou que a iniciativa de convidar o diretor do Hospital Geral de Fortaleza faz parte de uma série de eventos realizados pelo colegiado com o objetivo de identificar os gargalos existentes na área do atendimento médico e de cirurgias. O deputado salientou que pretende traçar um diagnóstico do setor, por meio da comissão de Saúde. O resultado, acrescenta, será apresentado ao Governo do Estado e à Prefeitura de Fortaleza posteriormente.

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