quinta-feira, janeiro 14, 2016

PGR investiga compra de quadros por Collor para lavagem de dinheiro

Reviravolta: de inimigo visceral do PT nos anos 90, Fernando Collor converteu-se em um de seus mais fieis aliados
O senador e ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL)(Cristiano Mariz/VEJA)
A Procuradoria-Geral da República (PGR) suspeita que o senador Fernando Collor (PTB-AL) comprou obras de arte milionárias para lavagem de dinheiro. Segundo a edição desta quinta-feira do jornal Folha de S. Paulo, investigadores encontraram notas fiscais que comprovam vendas de ao menos 1,5 milhão de reais em quadros ao ex-presidente da República (1990-1992).
Os comprovantes foram obtidos durante uma operação de busca e apreensão, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em endereços de um restaurador que teria intermediado a venda de quadros para Collor. O pedido da ação foi feito pelo procurador-geral Rodrigo Janot em dezembro, depois que uma denúncia anônima apontou um leiloeiro e galerias de arte com os quais Collor compraria obras com dinheiro em espécie. O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, deferiu a solicitação e a ação foi realizada em 15 de dezembro.
De acordo com os investigadores, o restaurador Roberto Kazuto Mitsuuchi representava Collor nos leilões de obras de arte e mantinha "contato direto" com o senador para dar os lances. Outro indício que liga o congressista a Mitsuuchi é uma notícia de que o restaurador foi chamado por Collor para restaurar uma igreja no interior de Alagoas. "Diligências prévias indicam o possível envolvimento do nominado [Roberto Mitsuuchi] em crime de lavagem de dinheiro supostamente praticado pelo senador Fernando Collor por meio de aquisição de antiguidades e obras de arte", escreveu o ministro Teori na decisão que autorizou as buscas, conforme mostrou a Folha.
Na operação de busca e apreensão realizada em julho do ano passado na Casa da Dinda, onde reside o senador, foram encontradas obras de arte, entre elas um quadro do pintor modernista Di Cavalcanti. A descrição, para a PGR, é compatível com informações fornecidas na denúncia anônima, segundo a qual um quadro do pintor teria sido adquirido por 2 milhões de reais.
O ministro Teori Zavascki também autorizou a quebra de sigilo de um e-mail usado por Collor referente ao período de janeiro de 2010 a abril de 2014. Para os investigadores, há elementos que indicam que o endereço eletrônico era utilizado pelo congressista para tratar questões relativas a desvios em uma estatal.
Fernando Collor já foi denunciado pela PGR ao Supremo pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito do petrolão.

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