domingo, março 31, 2013

Brasil!


Campos e tucanos fazem aproximação estratégica

Julia Duailibi, Estadão
O projeto presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), passou a ser do interesse de outros três protagonistas políticos, todos eles tucanos. O senador Aécio Neves (MG), o governador Geraldo Alckmin (SP) e o ex-governador José Serra (SP) se beneficiam das articulações do pernambucano para disputar a Presidência da República em 2014.
O PSDB vê como positiva a candidatura de Campos, que conta com o entusiasmo até do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, hoje o principal articulador político da campanha de Aécio à Presidência. A direção do partido avalia que a entrada do governador de Pernambuco na disputa pode ser determinante para forçar o 2.º turno entre Aécio e a candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT).
Segundo pesquisa Ibope, divulgada pelo Estado no fim de semana passado, quando Campos não está na disputa, Dilma se fortalece e tende a receber a maior parte dos votos que antes estavam com o governador.



Boneco com foto de Feliciano é malhado em Brasília

Estadão
Mais um protesto pela permanência do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos ocorreu na tarde de ontem, em Brasília. A manifestação foi promovida pela Federação de Umbanda e Candomblé, diante do Congresso Nacional, onde um boneco com a foto do pastor Feliciano (foto abaixo) foi malhado como se fosse Judas.
Com o corpo recheado de "cédulas" de R$ 10, R$ 20 e R$ 50, o boneco teve um triste fim: depois de apanhar, foi jogado em uma montanha de lixo não reciclado, no gramado do Congresso.

Foto: Aílton de Freitas / O Globo

Marcelo Remígio, O Globo
A falta de acordo entre PT e PMDB para a sucessão do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), em 2014, levou peemedebistas a traçar um plano “B” em socorro à candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão, caso o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) não desista da ideia de disputar o Palácio Guanabara, e a Executiva Nacional petista abrace de vez a ideia.
Cresce no partido a corrente em defesa do lançamento de Cabral ao Senado para reforçar a chapa de Pezão. Apesar do esforço do partido em tornar o vice-governador mais popular, ele ainda enfrenta, apesar de uma melhora identificada por pesquisa recente, o desconhecimento de sua trajetória por boa parte dos eleitores. A presença de Cabral ajudaria a quebrar essa barreira.

 Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ) e Lindbergh Farias (PT-RJ)


Governadores controlam máquina de 105 mil cargos sem concurso público

Daniel Bramatti José Roberto de Toledo, Estadão
A primeira pesquisa completa sobre a estrutura burocrática dos Estados, realizada pelo IBGE, revela que os 27 governadores empregavam em 2012, em conjunto, um contingente cerca de 105 mil funcionários que não fizeram concurso para entrar na administração pública. Se todas essas pessoas se reunissem, nenhum dos estádios da Copa de 2014 - nem mesmo o Maracanã - teria capacidade para acomodá-las.
Apenas na chamada administração direta, da qual estão excluídas as vagas comissionadas das empresas estatais, o número de funcionários subordinados aos gabinetes dos governadores ou às secretarias de Estado sem concurso público chega a 74.740, o suficiente para ocupar 98% do maior estádio do Brasil.


POLÍTICA

Comissão da Verdade: ‘Não sabemos o impacto que o relatório terá'

Mariana Timóteo da Costa, O Globo
Única psicanalista à frente da Comissão da Verdade, Maria Rita Kehl (foto abaixo) diz que ‘nem dá para contar’ os relatos que vem ouvindo de vítimas da ditadura militar (1964-1985).
Neste primeiro ano, a Comissão ouviu mais de 40 pessoas. Como única psicanalista do grupo, a senhora poderia falar um pouco do sentimento delas?
Cada um cuida de uma área, a minha é de camponeses e índios, e ouvi bastante gente que foi torturada. Dos criminosos ouvi menos. Por enquanto ouvimos só quem se ofereceu para falar. É diferente dos torturadores, que a gente convoca e tem poder de lei para convocar. Não podemos impedir torturadores de mentir, eles mentem mesmo. Mas são obrigados a vir, senão é crime de desobediência. Os torturados são o contrário, querem vir.

Foto: Michel Filho / O Globo

Cartórios privados omitem faturamento bilionário


O dentista gaúcho Luciano Curioni enfrenta ação de reintegração de posse de 4 mil hectares que comprou em Bom Jesus, no cerrado piauiense, em 2010
Foto: Agência O Globo
O dentista gaúcho Luciano Curioni enfrenta ação de reintegração de posse de 4 mil hectares que comprou em Bom Jesus, no cerrado piauiense, em 2010 Agência O Globo
RIO — Só faltou aperto de mão no ato de transferência de uma área de 350 hectares em Baixa Grande do Ribeiro, cerrado piauiense, que passou do governo estadual para o lavrador Deusdete dos Santos Lopes, em junho de 2010. Por uma razão justificável, Deusdete não apareceu para assinar o termo. Embora tenha até assinado procuração, cinco meses depois, dando poderes a um representante para vender a mesma terra, ele não era lavrador e nem vivo estava. Acusado de assaltar bancos, havia morrido em maio daquele ano, aos 24 anos, em troca de tiros com a polícia.
O 2º Ofício de Ribeiro Gonçalves é um dos 13.355 cartórios privados brasileiros. E a procuração do lavrador não é um caso isolado. Protegidos por uma espécie de fortaleza corporativa, que produz toneladas de papéis carimbados mas pouco diz de si, esses cartórios prestam um serviço caro, burocratizado, lento e permeável a fraudes. Não divulgam faturamento, não mostram a movimentação diária de seus livros, alegando privacidade. Só no estado do Rio, faturaram no ano passado R$ 884 milhões. Em São Paulo, R$ 4 bilhões, o correspondente a toda a renda dos cartórios privados em 2006. São também desiguais, cabendo no mesmo estado um cartório que arrecada R$ 2 milhões mensais e outro de lucro zero.A fraude, descoberta recentemente, expõe a fragilidade de uma rede de serviços da qual todos precisam, mas poucos conhecem: os cartórios extrajudiciais ou privados do país. Para validar a procuração, o cartório do 2º Ofício da comarca de Ribeiro Gonçalves (567 quilômetros de Teresina) deu fé “à identidade e à capacidade jurídica” do falecido. A única serventia do documento com a falsa assinatura de Deusdete e selo oficial foi alimentar a indústria da grilagem que infesta as terras produtivas do Brasil.
Os cartórios extrajudiciais não fazem parte do Judiciário, mas são fiscalizados por ele. Existem para oferecer a segurança jurídica, colando selos em informações que se presume verdadeiras. Cabe ao tabelião atestar, por exemplo, que o dono é o dono. E isso é bem cobrado. Os titulares dos cartórios de Registro Civil, tabelionatos de Protestos, ofícios de Notas e de Registro Imobiliário recebem a maior fatia dos emolumentos (custas) que os cidadãos pagam pelo serviço prestado.
Tabelas generosas com tabeliães
As tabelas de custas e emolumentos dos cartórios extrajudiciais, definidas pelos Tribunais de Justiça e aprovadas pelas Assembleias Legislativas, têm sido generosas com os tabeliães. Em São Paulo, por exemplo, subiram 30% em três anos. No Rio, com 490 serviços extrajudiciais, foram dois reajustes em três meses, o primeiro em janeiro e o segundo no dia 21 de março, chegando a uma diferença de até 30% em certidões de execução fiscal. O registro de um imóvel avaliado em R$ 400 mil, que há duas semanas ficava em torno R$ 1,2 mil, ultrapassa agora a casa dos R$ 2 mil.
Esses patamares começam a criar uma legião de excluídos dos serviços cartoriais. O comerciário Luís Carlos Bento de Oliveira Nunes, de 46 anos, não consegue limpar o nome na praça, razão pela qual está impedido de usar cheques e cartões de crédito, embora tenha resgatado dois cheques sem cobertura, emitidos em 2003, ambos no valor de R$ 48,60. Ele alega não ter dinheiro para levantar o protesto em dois tabelionatos do Rio, 2º e 4º Ofícios de Protesto de Títulos, que lhe cobraram, cada um, custas de R$ 210,56.
— Isso é um absurdo. Os cartórios estão cobrando quatro vezes mais do que o valor dos cheques que assinei. Como não tenho como pagar, vou continuar com o nome sujo.
Na composição do valor do emolumento, os cartórios informaram a Luís Carlos que a taxa básica para levantar o protesto é de R$ 15,44. Porém, três leis e outras cobranças adicionais elevaram o valor para R$ 210,56. O resultado financeiro dessas cobranças é um mistério. Em Minas, por exemplo, uma portaria de 2005 veda o repasse de informações sobre esses valores a terceiros. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e os tribunais estaduais alegam que estão impedidos legalmente de fornecer os dados.
Geralmente, os tribunais recolhem percentuais sobre a arrecadação para subsidiar fiscalização de serviços notariais e de registros ou compor fundos de compensação para cartórios deficitários. Quando o percentual de repasse é fixo, é possível fazer uma conta e chegar ao total arrecado. No Ceará, os extrajudiciais faturaram no ano passado R$ 444 milhões. No Pará, R$ 154 milhões. Rio Grande do Sul e Goiás só informaram o total repassado pelos cartórios aos fundos: R$ 37 milhões e R$ 74 milhões, respectivamente.
Outro foco de resistência é o cartório biônico. Desde 2006, o CNJ exige que os cartórios sejam geridos por oficiais concursados, de acordo com a regra prevista na Constituição de 1988. Porém, o país tem 2.209 cartórios chefiados por interventores ou interinos (16,5% do total), dos quais 260 mantêm os seus titulares por força de liminar. Está tramitando uma proposta de emenda constitucional (PEC) que busca legitimar a situação dos provisórios, a maioria deles de parentes que herdaram irregularmente esta titularidade e se beneficiarão desse trem da alegria.
Os cartórios mais cobiçados são os de notas (8.147 oficios no país), de protestos de títulos (3.427) e de registro de imóveis (3.396). São também os mais afetados pelos escândalos. Nas cidades, as fraudes mais frequentes são falsificações de assinaturas para DUTs e para efetivar transações imobiliárias. Nas fronteiras agrícolas, o registro ilegal de terras. Na cidade paraense de Altamira, por exemplo, um cartório reconheceu a regularidade de um território que correspondia à metade do Brasil, mais as Guianas e parte da Venezuela: a Fazenda Curuá, talvez uma das maiores propriedades rurais do mundo que só deixou de existir legalmente depois que a Justiça Federal de Belém mandou cancelar o registro imobiliário. (Colaborou Éfrem Ribeiro)

Indústria da seca agrava pior estiagem em 50 anos



Em Floresta, boi aproveita água do que restou em leito de rio
Foto: Hans von Manteuffel
Floresta (PE) — Ao sair de casa, na última terça-feira, para visitar uma filha no centro da cidade sertaneja de Floresta, a 439 quilômetros de Recife, Manoel Afonso dos Santos, de 82 anos, delegou uma triste tarefa à mulher, Maria Fátima Alves Laurentino, de 46: deixar com fome o cavalo Canário por um dia, para que não faltasse ração aos bois Sereno e Mineiro e ao bezerro Boa Vista. Morando em uma casa de taipa, sem direito a água nem colheita, ele adotou esses rodízio para administrar os seis hectares do sítio Riacho do Ouro, onde, ao longo dos últimos doze meses, viu sumir o patrimônio de uma vida, na pior seca em meio século. Assistiu à morte de 31 bichos e vendeu cinco outros, “a preço de banana” para garantir o sustento dos que sobreviveram.

Em Serra Talhada, também no sertão, a 418 quilômetros de Recife, José Lopes da Costa, de 78 anos, vive a mesma dor: já perdeu 20 cabeças de gado. Há um mês, vendeu uma “junta de boi de trabalho” por R$ 5 mil para garantir alimentação dos que sobraram. Era bicho “danado de bom”, que Zeca do Jazigo, como o agricultor é mais conhecido, não pretendia comercializar por dinheiro algum. Em São Caetano, no agreste, José Albertino da Silva, de 75 anos, já não tem “mais nenhum bichinho”. Nem tentou plantar melancia, milho, feijão e mandioca porque “a terra não molhou” no seu sítio, chamado ironicamente Poço D´Água.
Além de verem os rebanhos minguarem Afonso, José e Albertino são a prova de que a indústria da seca não acabou: eles vêm gastando os últimos trocados na compra de água, já que a frota oficial não atende à demanda das populações da caatinga.
— Água virou ouro, e tem muita gente enricando com ele — reclamaram Maria Angelina Cordeiro, de 71 anos, e sua filha, Josefa Márcia, de 29.
Elas moram no Sítio Mocós, em Tacaimbó, também no agreste, uma zona de transição entre a Zona da Mata e o sertão. Beneficiária de aposentadoria rural, Maria pôde comprar água. Este ano já gastou R$ 600 só com pagamento de carros-pipa. Contou que a venda da água, transformada em artigo de luxo, virou um negócio tão rentável, que há pessoas vendendo até automóveis para comprar caminhões-tanque:
— Teve um aqui perto que vendeu um açude por R$ 3 mil — disse ela, referindo-se a Albino Jota Barros, que não foi localizado em casa pelo GLOBO.
Carro-pipa chega a custar R$ 180
O comprador do açude, segundo a agricultora, secou a represa e vendeu a água a um preço muito alto para os lavradores já descapitalizados com a estiagem. O problema, porém, é mais abrangente: O GLOBO não esteve em uma só casa onde os moradores não compraram água na atual seca. Os preços não são baixos: variam de R$ 120 a R$ 180 cada carro-pipa. Na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tacaimbó, a 169 quilômetros de Recife, a maioria dos lavradores levantou as mãos, quando pergunta se já tinha gasto dinheiro com água este ano.
— Não comprei, mas não por falta de necessidade, mas por falta de dinheiro. Minha cisterna está seca — reclamou José Herculino de Macedo, de 66 anos.
Quem comprou reconhece a exploração. Angelina contou que parentes seus, que moram na cidade com água encanada, têm conta mensal de R$ 36 com uma família do mesmo tamanho da sua. Ela não entende por que tem que pagar um preço tão exorbitante pelo que é um direito. Em Pernambuco, há 1.476 carros-pipa em operação: 638 do Exército e 838 do governo estadual. Isso sem falar nos mobilizados pelas prefeituras. Mas, segundo a população da caatinga, a oferta está longe de atender à demanda. Assim quem quase mais nada têm a oferecer é explorado. Gente como Adriano João da Silva, de 23 anos, residente em São Caetano, vizinho a seu Albertino, que está vendendo o rebanho para comprar água e comida para a família e os caprinos:
— O governo diz que vem todo mês uma carrada, mas não chega. A gente compra a R$ 130 no caminhão, e nem boa a água é, é salobra a danada. Até os bichos acham ruim — disse Adriano.
Para economizar, ele gasta três horas diárias no jumento para arranjar água barrenta nos açudes que ainda têm “um espelhinho” na caatinga. Precisa de 250 litros por dia para matar a sede das 40 cabras que restam.
Dez milhões afetados pela seca
Segundo a presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Tacaimbó, Antônia dos Santos Nascimento, há 300 reclamações de que falta ajuda dos caminhões oficiais. Apesar disso, o Ministério da Integração Nacional informou que a Operação Carro-Pipa é a maior já executada no país, coordenada pelo Exército. São 4.649 unidades, atendendo a 763 municípios, levando água a 3 milhões de pessoas. Só essa operação já custou R$ 510,1 milhões ao governo. Cerca de dez milhões de nordestinos foram afetados pela seca.
No cenário devastado, furto de cisternas piora a situação
Ao percorrer 1.200 quilômetros, foi possível ter a dimensão dos danos causados pela seca. Os açudes, barreiros e rios, como o Pajeú e o Riacho do Navio, estão secos. O verde da caatinga transformou-se num amontoado de galhos cinzentos, como às margens da BR-232, que liga Recife ao agreste. Ao lado da pista, as carcaças de bois mortos são facilmente encontradas.
Só no quilômetro 176 da BR, na altura do município de Belo Jardim, havia 16 carcaças, algumas recentes, cena que se repetiu 16 quilômetros adiante, no município de Sanharó.
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), prometeu que, até 2014, todas as casas da caatinga terão uma cisterna, de concreto ou de polietileno, como as distribuídas pelo governo federal, que diz ter entregue 250 mil unidades no semiárido. Muitas, não foram instaladas e já houve casos de furto, como em Floresta, disse Josélio Amaro Lisboa, coordenador do Comitê Gestor Municipal. Ele denunciou o sumiço de duas à polícia.
Os ladrões de cisternas (cada uma armazena 16 mil litros) não foram identificados. Elas foram furtadas às margens da rodovia PE-360. Iriam ser instaladas em duas escolas municipais, no vilarejo de Jericó. Ao contrário das cisternas de concreto, instaladas pela Articulação do Semiárido (ASA), as do governo não têm número de série, o que torna difícil seu rastreamento. Têm só o carimbo do “Água para todos”, o slogan “País rico é país sem pobreza” e a marca de fábrica.
Os efeitos da seca deverão ser tema da reunião que a presidente Dilma Rousseff terá com os governadores em Fortaleza esta semana. Até o momento, são 1904 municípios nordestinos em estado de emergência. O Ministério da Integração Nacional informou que já investiu R$ 5 bilhões (desde 2012) para reduzir os efeitos da estiagem sobre a população do semiárido, por meio de benefícios como o Bolsa Safra, o Seguro Garantia Safra, a venda de milho subsidiada e crédito a juros baixos. O ministério negou que a indústria da seca persista, já que os beneficiários das medidas emergenciais constam do Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal identificados como de baixa renda.
Fonte: O Globo

Governo decide manter desconto de IPI para carros até o fim do ano


Imposto permanecerá entre 2% e 8%. Renúncia fiscal é estimada em R$ 2,2 bi

Montadora Ford, em São Bernando do Campo
Montadora Ford, em São Bernando do Campo (Paulo Whitaker/Reuters)
O governo federal confirmou, por meio de nota divulgada neste sábado à noite, que vai prorrogar o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, que venceria na segunda-feira. Com a decisão, o tributo será mantido entre 2% e 8% até 31 de dezembro.
“Com essa medida, o governo não só estimula o setor automotivo, um dos principais motores da economia, como toda a cadeia automobilística, como as indústrias de autopeças, de estofamento e acessórios”, diz o comunicado do Ministério da Fazenda. O governo calcula que abrirá mão de uma receita de 2,2 bilhões de reais até o fim do ano.
O desconto de IPI tem sido prorrogado sucessivamente pela Fazenda. Na última vez, em dezembro de 2012, o governo decidiu-se pelo aumento gradual do tributo até seu valor original, que seria alcançado ainda em 2013. Mas o fraco desempenho das vendas no primeiro trimestre do ano e o receio do impacto que o aumento de IPI teria sobre a inflação fizeram o governo rever o cronograma. Esse foi o assunto da reunião entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) na quinta-feira.
Até 1000 cilindradas – Entre maio e dezembro de 2012, o governo reduziu o IPI dos veículos de até 1.000 cilindradas de 7% para zero. Em 1º de janeiro de 2013, a alíquota dessa categoria subiu para 2% e deveria subir para 3,5% a partir de segunda-feira, voltando aos 7% originais em 1º de julho, segundo cronograma de dezembro de 2012. Agora, o IPI será mantido em 2%.
De 1000 a 2000 cilindradas – Para os veículos flex de 1.000 a 2.000 cilindradas, a alíquota do IPI caiu de 11% para 5,5% até 31 de dezembro e subiu para 7% em 1º de janeiro. Deveria ir a 9% na segunda-feira, mas continuará em 7%. Para veículos a gasolina na mesma faixa de cilindradas, o IPI original saiu de 13% para 6,5% entre maio e dezembro do ano passado, foi para 8% em 1º de janeiro e a previsão era chegar a 10% a partir de abril. Ficará em 8% até 31 de dezembro.
Veículos comerciais leves e caminhões – Já para os veículos utilitários, a alíquota original de 8% foi reduzida para 1% até dezembro, subiu para 2% em janeiro e deveria subir 3% agora. Continuará em 2%. Para caminhões, o tributo foi zerado no ano passado, por tempo indeterminado, e continua zerado.

sábado, março 30, 2013

PT deve priorizar reeleição de Dilma, diz Lula


O partido pode abrir mão de candidaturas a governador para apoiar chapas do PMDB

Por: Redação Web
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o PT deve ter a reeleição de Dilma Rousseff como prioridade em 2014 e, por isso, o partido pode abrir mão de candidaturas a governador para apoiar chapas do PMDB - principal aliado dos petistas no Governo Federal.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Lula afirmou que o partido deverá fazer concessões a outras siglas para garantir uma aliança forte para Dilma. “Nós temos que ter sempre como prioridade o projeto nacional. Ou seja: a primeira coisa é a eleição da Dilma. Não podemos truncar nossa aliança com o PMDB”, disse Lula.
A estratégia pode ter reflexos no Ceará, onde o presidente estadual peemedebista, o senador Eunício Oliveira, é possível candidato ao Governo do Estado. A eventual candidatura ameaça a base do governador Cid Gomes (PSB), que tem PT e PMDB como principais aliados. Os acordos dependem dos rumos de Eduardo Campos (PSB), que estuda entrar na disputa presidencial. Se Campos abrir mão do projeto, o PT pode ter de apoiar candidatos do PSB em alguns estados. O Ceará pode ser um deles.
Lula deu sinais, todavia, de que o PT deve manter candidaturas em estados onde o PMDB também tem projetos eleitorais, como Rio de Janeiro e São Paulo. No Ceará, por outro lado, não há perspectiva de candidato próprio do PT.

Juros, energia e comida serão tripé do projeto eleitoral de Dilma


Vera Rosa, Estadão

A campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição, no ano que vem, será ancorada por um tripé de apelo popular, “traduzido” pelo Palácio do Planalto como “energia/comida/juros”. A um ano e meio da disputa, o marketing eleitoral dita a agenda da presidente e vai embalar o programa do PT, a ser exibido em rede nacional de TV no dia 9 de maio.
Cortes de impostos, queda dos juros e redução da conta de luz terão destaque no cardápio petista para o segundo mandato de Dilma, se tudo correr como o script previsto pelo Planalto. A estratégia é mostrar que a desoneração dos produtos da cesta básica, a tesourada nos juros, hoje em 7,25% ao ano, e a diminuição do preço da energia elétrica fazem parte de um pacote para promover a distribuição de renda e transformar o Brasil em um país de classe média.

MP do Rio é acusado de avisar deputado Eduardo Cunha sobre inquérito que apurava sua ligação com quadrilha de sonegadores


Reportagem de VEJA desta semana revela que relatório com denúncia será entregue ao procurador-geral da República. Filho do ministro de Minas e Energia, senador Edison Lobão Filho, também está envolvido no caso

Leslie Leitão e Thiago Prado
Fernando Rabelo/FolhaPress
AMIGÃO - O deputado federal Eduardo Cunha: até nove conversas por dia com Magro - sempre sobre os negócios
AMIGÃO - O deputado federal Eduardo Cunha: até nove conversas por dia com Magro - sempre sobre os negócios
Está para chegar às mãos do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, um documento de 35 páginas que traz à luz uma história estarrecedora. Trata-se de um relatório secreto da Polícia Civil do Rio de Janeiro escrito dias depois da súbita interrupção das investigações que apuravam o tráfico de influência do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do filho do ministro de Minas e Energia, senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA), em prol de um esquema milionário de sonegação fiscal. Ele era operado, segundo a polícia, pelo empresário Ricardo Magro, dono da refinaria de Manguinhos, na Zona Norte carioca. O relatório, ao qual VEJA teve acesso, mostra que, por oito meses, a polícia seguiu, filmou e grampeou essas e outras dez pessoas na órbita de Magro. Os investigadores flagraram conversas comprometedoras e até encontros em viagens e shows, que não deixam dúvida sobre o estreito elo entre os dois políticos e o empresário. O material subsidiou um inquérito contra o grupo que está agora sob análise do Supremo Tribunal Federal. Tal investigação seguiu de vento em popa até 2009, quando de repente paralisou. Não havia mais como avançar. De uma hora para outra, os suspeitos não se falaram mais ao telefone. A polícia já sabe o motivo: o grupo foi alertado sobre o grampo pelo então procurador-geral do Ministério Público (MP) do Rio, Cláudio 

Aplicativo para iPhone e iPad traz foto em alta resolução do Santo Sudário


Lançamento de software ocorre às vésperas da transmissão de imagens do manto sagrado na televisão italiana neste Sábado de Aleluia

Captura de tela do aplicativo Shroud 2.0
Captura de tela do aplicativo Shroud 2.0 (Divulgação)
A companhia italiana Haltadefinizione lançou nesta semana a primeira imagem digitalizada em alta resolução do Santo Sudário. O aplicativo Shroud 2.0 permite aos usuários do sistema operacional iOS (iPhone e iPad) ter acesso a detalhes do manto que, de acordo com a tradição católica, envolveu o corpo de Cristo depois da cruxificação. O software estreou nesta semana na App Store, a loja digital da Apple, adaptado para 25 idiomas - inclusive português - e pode ser baixado gratuitamente.
Além da imagem em alta definição do Santo Sudário, o aplicativo traz informações sobre a história do manto de linho de 4,5 metros de altura e 1,5 metro de largura. Em entrevista à emissora americana de televisão CNN, Giulio Fanti, professor de engenharia mecânica da Universidade de Pádua, uma das instituições mais renomadas da Itália, diz que o aplicativo será muita utilidade. "Vai colaborar com as pesquisas científicas que tentam comprovar sua autenticidade", disse. 
Televisão - A estreia do aplicativo ocorre às vésperas da exibição do Santo Sudário em rede nacional, na Itália, agendada para o Sábado de Aleluia. Trata-se da última ação autorizada pelo Papa Bento XVI, que renunciou ao cargo no mês passado. Segundo a Rádio do Vaticano, o manto só foi exibido uma vez na televisão, em 1973, em resposta a uma solicitação do então Papa Paulo VI.

Ambientalistas alertam contra cultivo do nim

Planta se mostrou incompatível com a flora e a fauna da caatinga existente no semiárido do País

Crateús. O Pacto Ambiental da Região dos Inhamuns (Parisc) se mobiliza contra a proliferação do plantio do nim (Azadirachta indica A. Juss) em municípios dessa região. A preocupação é no sentido de evitar a proliferação, em vista dos danos ambientais já verificados naquela região.
O cultivo da espécie e sua proliferação estão provocando prejuízos a outras espécies vegetais e até animais, uma vez que possui também propriedades repelentes

Na última semana, o Pacto enviou documento ao Ministério do Meio Ambiente, ao Governo do Estado e para pesquisadores da espécie que atuam em universidades brasileiras. O objetivo foi informar acerca do elevado aumento no plantio da espécie exótica, vinda da Índia, alegando que prejudica o bioma caatinga. Afirma que a ação agrava ainda mais o processo de desertificação no Estado. Solicita que o órgão determine pesquisa urgente sobre os efeitos da espécie no País, especialmente no semiárido brasileiro.

Iniciativa

"Tomamos a iniciativa de enviar esse documento para a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e esperamos atitudes concretas por parte do Ministério em relação a esse fato. Isso vem agravando ainda mais a situação do processo de desertificação no Estado do Ceará", explica Jorge de Moura, secretário executivo do Pacto.

No documento, o Pacto relata a preocupação com a introdução de espécies oriundas de outros países no bioma caatinga, alertando que não há controle no Estado, e que as espécies nativas da caatinga estão perdendo espaço para as árvores exóticas.

Diz ainda que ações como essa trarão grandes prejuízos ao meio ambiente e ao bioma em um futuro próximo, com base em cinco justificativas: "a espécie nim se alimenta dos microrganismos da terra, é repelente natural de proporções desastrosas para a fauna e a flora, tem poder extraordinário de reprodução que já está sem controle, é árvore invasora, é abortivo natural que já ocasiona danos na região", defende o documento.

Experiências

O Pacto cita no documento exemplos de agricultores da região que tiveram experiências negativas com a espécie. Narra que o proprietário da Fazenda Veneza, no município de Tauá, plantou há quatro anos duas mudas de nim em seu pomar próximo a um cacimbão.

"Todas as árvores fruteiras do seu sítio morreram e até parece que atearam fogo, a água está contaminada. Se algum canteiro de verduras ou mesmo árvores forem regadas com essa água, a mortandade é de imediato".

Outro caso relatado é o do agricultor Luiz de Miranda, no município de Parambu, que plantou apenas duas mudas da planta e rapidamente ela se proliferou pela sua propriedade invadindo um córrego e todo o espaço do entorno.

Para o Pacto, a espécie tem potencial benéfico, desde que controlada. "Manipulada de forma correta tem inúmeros benefícios. Deveria ser restrita aos laboratórios e universidades para trabalharem seus produtos. O que não concordamos é a forma como essa árvore está sendo incorporada no bioma caatinga, de forma incontrolada", destaca Jorge Moura.

Ele lembra que, em 2011, o Parisc realizou uma audiência pública com a presença dos 12 municípios que compõem o Pacto, ocasião em que tratou sobre a questão. Mostrou aos 12 municípios integrantes que a plantação da árvore nim como arborização das cidades é um crime ambiental de graves proporções.

Plantio

Salienta que, após a audiência, alguns municípios da região seguiram as orientações e iniciaram processos e campanhas de arborização e plantios com espécies nativas.

Para o botânico e engenheiro agrônomo Antônio Sérgio Farias, a preocupação do Pacto Ambiental é muito válida. Explica que, nos últimos dois anos, é que os efeitos da espécie estão sendo percebidos no Ceará.

"O plantio do nim é relativamente novo no Ceará, em torno de 10 anos, e quem plantou agora é que sente os efeitos". Salienta o botânico que as pesquisas ainda são poucas para se saber exatamente os efeitos prejudiciais ao bioma. Porém, enfatiza o seu poder invasor e prejudicial ao ecossistema.

"Não é adequado para arborização e jamais para o reflorestamento, que tem que ser feito com plantas nativas".

Eveline Lanzillotti, bióloga que realizou pesquisas acerca da invasão de plantas exóticas quando atuava como professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece) na região dos Inhamuns, também chancela o documento do Pacto.

"O nim assim como outras espécies (algaroba, sempreverde, entre outras) estão em quantidade excessiva na caatinga e invadem o bioma, competem com as nossas espécies e ganham. Propagam-se rápido e tem fácil poder de adaptação. Já podemos afirmar que o bioma caatinga está descaracterizado, especialmente no que se refere à flora", alerta da pesquisadora da Uece.

Segundo avalia, o documento do Pacto tem grande relevância. "Se não tomarmos providências, em curtíssimo prazo, as espécies do bioma caatinga desaparecerão", alerta a pesquisadora.

Com a sinalização dos pesquisadores da área, os ambientalistas esperam maior critério no cultivo da planta na região.

Debate
2011 foi o ano que o Parisc realizou uma audiência pública alertando sobre os efeitos do plantio da espécie para o bioma caatinga no semiárido brasileiro

Mais informações
Pacto Ambiental da Região dos Inhamuns (Parisc)
Jorge Moura
Município de Tauá
(85) 8520.9939/(88) 9427.6837.

SILVANIA CLAUDINO
REPÓRTER
 

sexta-feira, março 29, 2013

No meio de Crateús, uma coluna


Quem ama o feio, bonito lhe parece.                                
                                                                           Lourival Veras


Num certo dia dos idos de mil novecentos e sessenta e muitos, imagino que numa tarde modorrenta, dessas de calor escorrendo pelo espinhaço, nada com que ocupar o quengo, ajuntaram-se um punhado de homens de bem para pensar. E concluíram: a solução é construir, ali com frente ao paço municipal, uma coluna da hora! 

Dou por vista a alegria que foi! Devem ter dado vivas, tapinhas nas costas, discursos esfuziantes. E meteram mãos à obra. 

Veja bem, o tempo era outro. Não tinha esse negócio de ficar elaborando projetos, especulando viabilidade, fazendo estudo disso e daquilo, correndo a Brasília. Negativo! Aqueles eram homens remanescentes de castas medievais, traziam no sangue e na carne o destemor de batalhas terríveis travadas contra dragões que faziam de tudo para abocanhar o amado sol do dia seguinte. Nada era tão difícil que não merecesse ser tentado. Assim, quando muito, dizia-se: fulano, tu cuida disso; sicrano, daquilo. E pronto. 

Ligeiro desenharam a bicha: uma coluna lisa e reta, céu acima, encimada por um relógio presente em suas quatro faces; no pé, um palanque permanente às manifestações cívicas e políticas. Além de tudo, e principalmente, cada lateral estaria coberta, de cima até embaixo, por placas luminosas de lojas, mercados e armazéns. Uma lindeza! 

Tijolo por tijolo num desenho lógico, um dia acordamos pelo soar das horas tomando a cidade. A cada hora os seus badalos. Uma admiração. Teve quem dissesse que aquilo era o progresso enfim alcançando Crateús. Estávamos irremediavelmente condenados ao futuro – fosse o que diabo fosse que significasse isso. 

Lembro-me de eu menino, interrompido em minhas obrigações de comprar alguma coisa com urgência, parado em frente à televisão pública, encravada na parede da coluna, "perdido no espaço" juntamente com o Dr. Smith e a família Robinson, ou envolvido em tiroteios ferozes ao lado de Bat Masterson. Ê tempo! 

Mas desde então já se vão quase 50 anos e o velho relógio suíço há muito silenciou. Na verdade, pararam-no. Não era pra menos, começou a tocar três da tarde ainda antes das dez; meio-dia passou a confundir com oito da noite. Ainda lhe acudiram os préstimos do Sr. José Maria, mas não teve jeito. Quedou biruta de vez. 

E passaram a inventar modificações na velha torre. Um dia arrancaram-lhe fora todas as placas de luz – uma feiura! A televisão? Vixe, nem lembro mais quando tamparam seu lugar. Tiraram tijolo por tijolo a pracinha que a circundava, rebolaram fora os banquinhos de cimento, esqueceram seu palanque – ninguém mais ali se apresenta. 

E muitos, olhando-a, exclamam, assombrados: horror! Para sua pele descascada, manchada, esburacada: horror! Para seus ponteiros tristes e pedintes: horror! Para seu pé titubeante, fincado entre aqui e um passado do qual ninguém mais recorda: absurdo! A coitada às vezes lembra um itinerante que se esqueceu de sumir no horizonte. 

Vejam ela lá, fincada no meio de Crateús, atrapalhando o trânsito e o público. Tirando o sossego de quem, diferentemente daqueles homens que a construíram, tem preguiça mental de imaginar o antigo incorporado ao futuro. E dizem: que feia! que deselegante! quanta falta de graça! um desperdício de espaço! 

Pra mim, não! Essa Coluna da Hora é minha Ouro Preto, minha pirâmide de Gizé, minha Acrópole. É um bastião de minhas memórias. Fosse eu um pouco arremediado, um pouquinho de dinheiro eu tivesse, comprava pra ela um colar de pérolas, um anel de ouro somente para enfeitá-la. 

Mais tarde, acho que vou aperrear alguém para que lhe dê umas boas demãos de tinta. 

Tênis ecológico tipo exportação

Agricultura orgânica feita em Tauá produz algodão que serve como matéria-prima para calçado esportivo

Cultivo de algodão orgânico em Tauá, sem o uso de agrotóxicos. O produto é utilizado na fabricação do tênis que está sendo lançado por empresa francesa. O nome do calçado faz homenagem à ONG Esplar, do Ceará
Tauá Moda e sustentabilidade ambiental. Esses são os frutos de uma parceria que já dura nove anos e culmina com o lançamento do tênis denominado "Esplar", pela empresa francesa Veja Fair Trade, homenageando o Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar), Organização Não-Governamental (ONG) cearense que desenvolve atividades na área de agroecologia. A homenagem é o reconhecimento pelos nove anos de parceria.

Desde 2004, a Veja Fair Trade compra algodão agroecológico do Ceará. O calçado é fabricado a partir de algodão produzido pela agricultura ecológica, promovida neste município e em outros dois Estados nordestinos, Paraíba e Pernambuco, bem como com a borracha natural da Amazônia e couro do Rio Grande do Sul. O produto pode ser comprado via internet, no site da empresa francesa.

De uma parceria firmada entre o Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar) e a Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá (Adec) surge o projeto Consórcios Agroecológicos com o algodoeiro, em 1994. O projeto é desenvolvido no semiárido com agricultores familiares na produção de algodão ecológico.

O produto é cultivado em sistemas consorciados com culturas alimentares como milho, feijão, gergelim e guandu, além de espécies arbóreas, como leucena. O projeto foi iniciado em 2003, em parceria com os respectivos Sindicatos de Trabalhadores Rurais da região, com apoio dos técnicos do Esplar.

Para o presidente da Adec, Manoel Siqueira (Lino), que conhece e usa o tênis - assim como outros membros da entidade - diz que ver um produto de qualidade vendido na Europa oriundo do seu trabalho no sertão cearense é motivo de orgulho.

"É compensador e ficamos orgulhosos porque mostra a nossa vitória diante dessa luta diária na terra. É como um reconhecimento de nosso trabalho", conta o agricultor familiar, que junto com mais 107 sócios compõem atualmente a Adec, cujos braços se estendem pelos municípios de Parambu, Arneiroz, Independência e Catarina.

Anteriormente, atuava também em municípios do Sertão Central, como Senador Pompeu, Quixadá, Massapê e Choró.

Mulheres
A Adec foi fundada em 1986, por iniciativa de grupos de mulheres artesãs de Tauá. Em 1993 redirecionou suas atividades para a agricultura familiar, responsável pelo plantio consorciado do algodão agroecológico. Desenvolve todo o cultivo sem a aplicação de nenhum agrotóxico.

"De uns anos para cá, decidimos concentrar nossos esforços aqui mesmo na região, nos municípios mais próximos. A distância dificultava nosso trabalho", destaca o produtor.

A Adec produz, atualmente, a décima safra em parceria com a empresa francesa e também para a Justa Trama, cooperativa gaúcha que utiliza a pluma de algodão na fabricação de roupas. Lino conta que a parceria é rentável para as famílias agrícolas que trabalham de forma consorciada no município e que a melhor safra foi no ano de 2008, quando vendeu 18 toneladas do produto para a empresa francesa e seis toneladas para a Justa Trama. Já no ano passado, comercializou apenas duas toneladas, uma para cada empresa, "pois a produção caiu muito devido à estiagem", lamenta.

Produção em risco
Conforme o agricultor, as expectativas para este ano não são boas. Se a quadra invernosa não se concretizar, a previsão é que não haja produção. Conta que a Adec já decidiu atuar na recuperação do solo, enquanto aguarda um bom inverno para colher uma boa produção.

"Nosso intuito é trabalhar também a questão social, econômica e ambiental. Não visamos somente o econômico e, por isso, em um período de estiagem como este, destinamos os nossos esforços para cuidar do solo", afirma Lino.

O cultivo do algodão pelo sistema consorciado com outras culturas é uma estratégia adotada pelos produtores para minimizar riscos de perdas da safra devido ao clima do semi árido.

Mais informações
Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá (Adec), Av. Odilon Aguiar, S/N

Tauá - (88) 9654.1056

SILVANIA CLAUDINO
REPÓRTER

quinta-feira, março 28, 2013

Bolsa Estiagem e Seguro Safra serão pagos até julho

Ações emergenciais serão ratificadas com a vinda da presidente da República ao Ceará, no próximo dia 2

Fortaleza. O ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Pepe Vargas, antecipou medidas que se incluem no pacote das ações adotadas pelo Governo Federal no Combate à Seca. Dentre essas estão prorrogação do Seguro Safra até o mês de julho e ainda do Bolsa Estiagem por mais quatro meses.

As mandalas são algumas das atividades produtivas que estarão sendo incentivadas, a fim de fixar o homem no meio rural e conviver com a seca FOTO: CID BARBOSA
As medidas serão ratificadas pela presidente Dilma Rousseff, durante sua vinda ao Ceará. Ela estará no próximo dia 2, no Centro de Eventos, quando participará da reunião do Conselho Deliberativo da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

O secretário de Desenvolvimento Agrário (SDA), Nelson Martins, informou que as duas ações atendem pleitos, especialmente dos prefeitos cearenses, que também pediram pressa nas ações de combate à seca na reunião ocorrida na terça-feira passada, na sede da Cogerh, localizada no Cambeba.

"Na verdade, a vinda da presidente Dilma do Ceará será recheada de anúncios voltados para minorar o sofrimento do sertanejo", disse Martins. Assim, são aguardados recursos para construção de mais adutoras, liberação de milho para alimentação do rebanho (inclusive com transporte por navio para chegar até o Ceará), investimento em forragem animal e atendimento de água para as populações mais desassistidas no semiárido.

Segundo Martins, o pacote de medidas tem sido aguardado com muita expectativa, até porque, conforme contou, tem sido recorrentes os telefonemas de Brasília, para ouvir do Executivo cearense sobre os principais pleitos destinados ao enfrentamento da seca, que chega ao segundo ano consecutivo.

Crédito

Martins disse que algumas dessas iniciativas estão sendo antecipadas, devido à necessidade de atender aos pedidos das áreas mais afetadas pela estiagem. O titular da SDA, que esteve em Brasília na terça-feira passada, também teve a confirmação do Ministério do Desenvolvimento Social da liberação de R$ 48 milhões para atender aqueles que estão cadastradas no Bolsa Família. Com isso, serão beneficiados, no Ceará, cerca de 20 mil famílias, que receberão cada uma R$ 2.400,00 para instalação de projetos produtivos, como mandalas, produção avícola, caprina e ovina, dentre outras.

Ainda na tarde de ontem houve uma reunião na sede da Ematerce, órgão que ficará responsável para orientar os produtores rurais sobre as áreas viáveis para investimentos da verba.

A reunião foi voltada para definir prazos de inscrição, documentação necessária, bem como informações necessária para se obter acesso aos recursos destinados aos projetos produtivos.

Também no Distrito Federal, Martins foi informado de que até maio deste ano, o Ministério da Agricultura e Combate à fome deverá anunciar a elevação ou não do Ceará e outros Estados do Nordeste do status para rebanho livre da febre aftosa com vacinação. O resultado sairá após análise dos exames de sorologia que se dará no próximo mês. O anúncio interessa, sobretudo, aos Estados do Ceará, Piauí, Alagoas, Maranhão e Pará, que foram os concluíram à tempo os trabalhos.

"Estamos todos no aguardo desse anúncio, que é o reconhecimento nacional, para que o Ceará possa atingir o tão almejado status de livre da febre aftosa com vacinação", afirmou o secretário de Desenvolvimento Agrário, que manifestou, ainda, está otimista com o resultado a ser anunciado pelo MDA.

Contudo, destaca que a grande expectativa é com relação ao que poderá significar em medidas eficazes no enfrentamento da seca. Martins disse que há uma preocupação em diferentes âmbitos da máquina administrativa, federal, estadual e municipal, no sentido de que sejam assegurados água e alimentos não apenas para as pessoas, como também para os animais.

Dinheiro

Contudo, entende que houve um avanço considerável com a prorrogação do Seguro Safra, uma vez a última parceria deveria ser paga até abril próximo. No Ceará, são atendidos 240 mil pessoas, que recebem parcela de R$ 132,00. Já o Bolsa Estiagem atende 205 mil pessoas, que recebem parcelas de R$ 80,00.

O Bolsa Estiagem, ou auxílio emergencial financeiro, é coordenado pelo Ministério da Integração Nacional. O programa atende moradores de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, além do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e tem o objetivo de ajudar os trabalhadores rurais a repor a produção de alimentos prejudicada pela falta de chuva.

Enquanto isso, a vinda da presidente Dilma também é aguardada pelos prefeitos cearenses como uma forma de se obter nesse momento maior autonomia para administrar recursos destinados a enfrentar os efeitos causados pela seca.

Na reunião ocorrida na terça-feira passada na sede da Cogerh, cerca de 40 prefeitos se posicionaram por uma iniciativa do Ceará para que haja verbas disponíveis, a fim de que os gestores possam melhor atuar na aquisição carros-pipas, manutenção e instalação de novos de poços profundos. Além disso, são esperados recursos para se iniciar os trabalhos de desassoreamento de açudes, num período em que muitos se encontram secos.

MARCUS PEIXOTOREPÓRTER
Necessidades"As medidas são fundamentais para suprir as necessidades de água e alimento para as pessoas e aos animais"Nelson Martins
Titular da SDA

Mais informações:SDA
Av. Bezerra de Menezes - Nº 1820, São Gerardo - Fortaleza
Telefone: 3101.8002
http://www.sda.ce.gov.br/

Açudes acumulam 44% do volume total

Iguatu. As chuvas que banham o Ceará, desde o último dia 19, são localizadas e a maioria de baixa pluviometria, insuficiente para a recarga dos reservatórios públicos e privados, médios e de grande porte. O leito dos principais rios que cortam o Estado ainda permanece seco. O volume médio dos 139 açudes monitorados pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) é de 44%. Para os próximos quatro dias, a tendência é de redução de chuvas, de acordo com a Funceme.

O leito dos principais rios que banham o Estado permanece seco ou com pequeno volume de água. Canal do Rio Granjeiro, no Crato, ainda não apresenta recarga hídrica expressiva FOTO: YAÇANÃ NEPONUCENA
No momento, não há nenhum açude sangrando no Ceará e apenas dois estão com capacidade acima de 90%. São eles: Curral Velho, em Morada Nova, e Gavião, em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza. Outros 74 reservatórios estão com volume abaixo de 30%. As duas represas do Estado estão com volume considerado satisfatório. O Castanhão, em Alto Santo, com 51%, e o Orós, em cidade homônima, com 65%.

Para se ter uma ideia da gravidade do quadro, o Açude do Coronel, em Antonina do Norte, que é de pequeno porte, com capacidade para 1,7 milhão de metros cúbicos, está com um volume acumulado de apenas 10%. Esse reservatório sempre é um dos primeiros a sangrar ainda no início da quadra invernosa, mas neste ano não recebeu nenhuma recarga de água.

O Ceará está diante de uma das piores secas dos últimos 50 anos. A baixa pluviometria acumulada até o momento está preocupando o Governo do Estado. Recentemente, o governador Cid Gomes anunciou a liberação em caráter emergência de R$ 22 milhões para implantação de adutoras emergências em pelo menos 11 cidades que já enfrentam risco de desabastecimento.

Nesses municípios serão instaladas adutoras emergenciais de modelo utilizado pelo Exército dos Estados Unidos da América do Norte, de fácil encaixe, que permite uso de curvas, sem necessidade de estudo topografia. É possível implantar até 12 quilômetros por dia de tubulações.

A região que mais preocupa são os sertões de Crateús, que têm nove açudes que acumulam volume médio de 14%. A Bacia do Curu, com 11 reservatórios, está com 17% de volume médio.Desde novembro passado que a sede urbana de Milhã, no Sertão Central, com 13 mil moradores, é abastecida por meio de carros-pipa. O açude que abastecia a cidade está seco há quatro meses. O município espera por recursos do Estado. "A nossa situação é difícil", afirmou o prefeito Otacílio Macedo.

O prefeito de Crateús, Carlos Felipe, informou que o Açude Carnaubal, que abastece a cidade, está com 7% de capacidade. Outros municípios no Ceará enfrentam risco de desabastecimento: Nova Russas, Itaporanga, Quiterianópolis e Tauá, na região do Inhamuns. É uma das áreas mais castigadas pela estiagem no Ceará. "As chuvas são reduzidas e insuficientes para a recarga dos reservatórios", observou Felipe.

O presidente da Cogerh, Rennys Frota, disse que das grandes cidades, a situação mais preocupante ocorre em Crateús e Tauá. "Vamos construir adutoras emergenciais para que não aconteça falta de água total".

De acordo com a meteorologista da Funceme, Dayse Moraes, desde ontem que há uma tendência de afastamento do Vórtice Ciclônico de Altos Níveis, formação meteorológica que provocou chuvas no Estado nos últimos dias. "O sistema meteorológico afastou-se para o Sul, em direção da Bahia. Dessa forma, a ocorrência de novas chuvas no Ceará fica diminuta".

A região Norte do Estado pode ser favorecida hoje por influência do sistema que está sobre os Estados do Maranhão e Piauí, registrando pancadas de chuvas isoladas. Ontem, a Funceme registrou chuva em 71 municípios. A maioria das precipitações foi na Zona Norte.

O presidente da Cogerh, Rennys Frota, informou que o governador do Estado autorizou a instalação de adutoras de emergência nas cidades de Crateús, Tauá, Milhã, Antonina do Norte, Pecém, Paracuru, Beberibe e Moraújo/Coreaú. "Estamos monitorando a situação desde o ano passado e o governo não vai medir esforços para atender essas cidades. A verba vai para implantar e recuperar adutoras".

HONÓRIO BARBOSAREPÓRTER
CHUVAS NO CEARÁ
Município/mm
Ipueiras ..............................................50
Guaraciaba do Norte ..............................38
Viçosa do Ceará ....................................34
Croatá .................................................30
Ararendá ..............................................29
Nova Russas .........................................27
Bela Cruz ..............................................27
Hidrolândia ...........................................25
Granja ..................................................37
Senador Sá ...........................................29
Fonte: Funceme